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Amar a quem não amamos

Será possível amar a quem não amamos? Embora não seja simples, a resposta a esta pergunta é afirmativa.

Desde que queiramos, amar é algo que se aprende, que se desenvolve.

Esse sentimento é de tal forma poderoso, que é capaz de superar erros, pagar e apagar dívidas emocionais, vencer limitações e modificar destinos.

Todo amor se constrói por exercícios. Alguns são mais fáceis.

Quando o casal se descobre grávido, principia a alimentar afeto e carinho pelo ser em gestação.

Das compras do enxoval às conversas próximas ao ventre materno vão tecendo esse sentimento, ponto a ponto.

Quando vem à luz, aquela criança já é amada pelos pais e continuarão a aprender a amá-la, do jeito que ela se mostrar.

Quando iniciamos um relacionamento, pode haver encantamento, paixão, desejo de ficar junto, alegrias compartilhadas.

Porém, o amor irá se elaborando na medida em que um entrar no universo do outro, se interessar pelo outro, se envolver.

Amar é assim. É um processo de construção do sentimento, a partir de um querer.

Desses amores muitos de nós vivenciamos.

Entretanto, Jesus nos convida a ir além. Ele nos exorta a amar aos nossos inimigos.

A pergunta que, de imediato, nos surge é: Como conseguir isso para quem nos é totalmente antagônico?

Como amar aqueles com os quais não temos afinidade, nem desejamos conviver?

A construção desse amor é bem mais desafiadora.

É proposta que exige desfazer um sentimento para construir outro.

Por que essa pessoa se tornou nossa inimiga? Por que temos dificuldade em nos relacionarmos com ela?

Analisando, descobriremos que, algumas vezes, tudo nasceu da dificuldade em perdoar uma traição ou um comportamento infeliz.

De outras vezes, são os valores, o modo diferente de agir que geram a dificuldade da convivência.

De outras tantas, o antagonismo nasce de uma discussão, quando uma das partes exagerou no palavreado e nas críticas.

Amar aos inimigos é, portanto, inicialmente, identificar a fonte da inimizade, a origem da antipatia, da contenda.

A partir disso, podemos investir na alteração desse sentimento.

Podemos olhar a situação de outra maneira, conferir novo significado para a atitude do outro.

Se desejarmos, aos poucos, o antigo sentimento de quase aversão, ou simples antipatia, poderá se alterar.

Não será algo repentino, como quem tira uma pedra do coração e ele se alivia.

Será algo semelhante a alguém que vai lixando uma pedra, pouco a pouco.

O tamanho irá diminuindo, seu peso irá aliviando, e lentamente, o sentimento se modificará.

Assim alcançaremos o Amar aos inimigos.

É tarefa difícil, que exige constância e vontade firme.

Mas, teremos como resultado alívio e ventura ao percebermos que, algum tempo depois, pedras e entulhos que atravancavam nosso coração, terão se diluído.

Não alcançaremos, com certeza, o amor intenso que devotamos aos nossos amores mais amados. Será um sentimento diverso.

Algo que nos conduza a conviver, sem maiores dificuldades, com aquele que ora nos desagrada.

Pensemos nisso. Exercitemo-nos.

Redação do Momento Espírita
Em 3.5.2023.


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