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Eles, os outros

No ano de 1945, o escritor francês Jean-Paul Sartre apresentou ao mundo uma peça de teatro intitulada: Entre quatro paredes.

Nela, duas mulheres e um homem se encontram no inferno, condenados a permanecer para sempre juntos, ali, entre quatro paredes, numa convivência sem fim.

Tornou-se célebre a frase dita por uma das personagens: O inferno são os outros!

Ao trazer a curiosa expressão, a peça nos oferece a reflexão de que o outro, em verdade, é fundamental para o conhecimento de nós mesmos.

Parafraseando o autor, se o inferno são os outros, o caminho de um futuro céu, de um futuro mundo melhor, também será alcançado através da presença e participação do outro.

Sim, são os outros, nossos irmãos de caminho, que se transformam diariamente em nosso caminho para o alto.

Vejamos, em primeiro lugar, entendendo a questão proposta por Sartre, que é na convivência contínua que nos descobrimos.

Por que trazemos a impressão de que conviver não é fácil?

Naturalmente porque nós não somos fáceis. Lembremos: nós somos o outro do nosso próximo.

O convívio necessário, proposto pelas leis divinas, faz com que compreendamos uns aos outros e, ao mesmo tempo, nós mesmos.

Haverá momentos em que o outro será espelho. Uma imagem daquilo que não temos coragem ou condições de enxergar em nós.

Haverá outras instâncias em que o outro será instrumento de desenvolvimento de nossas virtudes.

Por exemplo: como cultivar paciência e tolerância sem ter quem tolerar? Como conquistar a importante virtude da indulgência sem ter que aprender a olhar o outro com mais amorosidade?

O desenvolvimento da maioria das nossas virtudes passa, necessariamente, pelo convívio, passa pela presença do próximo em nossas vidas.

Agora, pensemos num aspecto que, por vezes, escapa ainda de nossa visão tão negativa das coisas: é através dos outros que, em muitas situações, a bondade do Criador consegue nos encontrar.

Nesse caso, o outro se torna instrumento da Bondade Divina que nos alcança.

Quantas vezes fomos salvos por um amigo, por um familiar, ou mesmo por um completo desconhecido, que possuía em mãos a resposta para o que precisávamos?

Quantas vezes, quando caídos, fomos erguidos pela bondade de alguém?

Quantas vezes fomos detidos, à beira do abismo da desesperança, pelo outro, que chegou no momento preciso?

Dessa forma, eles, os outros, são nossa estrada para a felicidade.

A Lei Divina, na Voz do Grande Mestre, é muito clara ao nos propor: Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Dentro do plano de evolução de cada um de nós existem três grandes personagens: nós, Deus e o próximo.

Por isso, os que nos dedicamos ao próximo somos, naturalmente, mais felizes, nos sentimos mais completos.

Em contrapartida, aqueles que apenas esperamos do outro, esperamos ser servidos e atendidos em nossas necessidades, ainda nos encontramos perdidos nas malhas da carência e da decepção.

Reflitamos por fim: como anda nossa relação com os outros?

Redação do Momento Espírita
Em 18.4.2023.


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