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Quando repartimos com nosso irmão

Quase sempre, quando nos dispomos ao voluntariado, comparecemos com o coração cheio de alegria e disposição de servir.

As nossas são as melhores intenções. Imaginamos que estamos fazendo o melhor. No entanto, ante o que catalogamos ser ingratidão dos atendidos, nos dizemos decepcionados.

Por vezes, até abandonamos o bom trabalho.

Contou-nos um amigo que aprendeu com seus pais algumas atitudes muito salutares.

Por exemplo, aos sábados e domingos, andar pelas ruas da capital com um prazer enorme de levar aos moradores de rua, carrinheiros ou aos que vivem nas favelas da periferia, toda a comida da geladeira.

Era uma limpeza original de tudo que fora feito e não fora consumido de imediato. Por que guardar para outro dia quando havia bocas para alimentar, pessoas que precisavam de uma refeição?

Numa dessas saídas célebres, nas cercanias da rodoferroviária da cidade, estacionou o carro.

Em vários potes, ele levava arroz, carne, salada. E até sorvete.

O primeiro a se aproximar foi um senhor de meia idade. Apanhou o que lhe era ofertado, abriu e conferiu os conteúdos.

Tornou a fechá-los e antes de retornar para o local onde estava assentado, perguntou: O que você trouxe para beber?

Nosso amigo disse que ficou sem palavras. Ele costumava distribuir com tanta alegria o alimento de sua mesa, que jamais se dera conta de que faltava algo.

Sim, embora muitos digam não ser saudável se beber às refeições, nós bebemos: água, suco ou refrigerante.

E se nós assim agimos, que não dizer de quem mora nas ruas. Eles precisam de alimento, também de líquido.

Chá, café nos dias frios. Água fresca ou suco nos dias quentes.

É possível que alguns de nós, ao recebermos essa indagação, tivéssemos qualificado a atitude daquele homem como ingratidão.

Estava recebendo uma refeição com sobremesa e, em vez de agradecer, exige mais!?

Por isso, nos desencantamos. As pessoas querem sempre mais. Porém, o que nos falta se chama empatia.

Se fôssemos nós naquela situação, carentes de tudo, não teríamos coragem de pedir o que nos falta?

Importante nos imaginarmos no lugar do outro, sem teto, sem abrigo, sem alimento, sem algo que lhe sacie a sede.

O amigo, de um coração enorme, diz que aprendeu a lição e passou a associar líquido adequado, em suas romarias de final de semana.

Oxalá aprendamos nós igualmente, a olhar aquele a quem desejamos servir como nosso irmão.

Se damos o pão e ele nos pergunta se não levamos queijo, ou presunto ou mortadela, será de qualificar atitude ingrata?

Ou de aprendermos que quem nada tem, igualmente tem suas vontades? Vontade de geleia, de doces, de algo mais além de pão com manteiga.

Se servimos sopa, será de estranhar que pergunte se não temos um pedacinho de carne?

Nosso cardápio é variado. Por que imaginamos que nossos irmãos não apreciem variedades também?

Vistamo-nos de empatia, coloquemo-nos no lugar do outro e sirvamos, doemos o nosso melhor.

Do que tenhamos em alimento, líquido, agasalho.

Também do nosso sorriso, manifestando nossa alegria em ter para dar.

E que Deus nos abençoe, doadores e beneficiados.

Redação do Momento Espírita, com
base em relato de Laércio Furlan.
Em 3.8.2022.


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