Mensagem... A chama do aconchego
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A chama do aconchego
O que faria um pinguim nadar oito mil quilômetros, todos os anos, das águas geladas da Patagônia até uma praia de correntes mornas na costa do Rio de Janeiro?
Esta é a indagação que se fazem, nos últimos anos, os pescadores de uma aldeia que veem o retorno do pinguim, ao qual até deram nome: Dindim.
Há mais de cinco anos, ele foi recolhido pelo pescador João de Souza. Estava exausto, faminto e coberto de óleo. João o alimentou com sardinhas e palavras doces.
Deu-lhe banho e o deixou livre. Mas, Dindim acabou ficando por ali mesmo, durante onze meses.
Quando ninguém imaginava que fosse embora, ele partiu.
A grande surpresa foi vê-lo de retorno aos braços do pescador, ano após ano. Para aquele animal, João significa carinho, proteção, segurança, alimento.
A felicidade é de ambos. Um oferece tudo de novo e manifesta a sua alegria. O outro, se felicita em receber.
* * *
Isso nos confere a lição do quanto gestos simples, no dia a dia, tornam os seres humanos mais generosos. E como todos necessitamos de um colo, de um aconchego.
Nestes dias de pandemia, diremos que não podemos abraçar, que não podemos oferecer o ombro a quem padece, que nem podemos fazer visitas a quem está hospitalizado.
Quem poderia imaginar que chegaríamos a esse patamar? Doentes isolados em hospitais, longe do carinho familiar.
A pandemia trouxe mudanças. E precisamos reinventar maneiras de estar com o outro, mesmo que seja à distância. Que o outro saiba que pensamos nele e que lhe enviamos as vibrações mais sinceras do nosso sentimento.
O coração cá fora se despedaça por não poder abraçar quem está internado. Por sua vez, o enfermo, se consciente, com certeza, se indaga se sobreviverá, se tornará a ver os seus amores.
Mais do que nunca, necessitamos aconchegar, acarinhar. Vivemos em tempo de muitas perdas. E as mais profundas são de ordem emocional.
Quantos nos sentimos destroçados por dentro, longe dos familiares, dos amigos, dos colegas...
É tempo de aconchego. Aprendamos a nos importar mais com o outro e a demonstrar isso.
Usemos o telefone, as mensagens de WhatsApp, o Instagram, o Facebook, as salas de bate-papo. Digamos para aqueles que nos importam o quanto eles são importantes.
Se alguém não entra em contato conosco, há algum tempo, tomemos a iniciativa. Utilizemos os meios possíveis para lhe perguntar como vai, como está vivendo esses dias. Alonguemos a conversa.
Deixemos que sinta o quanto ele significa em nossa economia de vida.
Se no grupo de Whats, alguém simplesmente nem espera a madrugada para dizer Olá, não pensemos que ele é inconveniente.
Pensemos que é alguém que está procurando colo.
E o nosso colo será a palavra amiga, respondendo, transmitindo o nosso Olá, atencioso.
É momento de compaixão, de paciência, de atendimento, de estender braços virtuais e preces de ternura.
Pensemos nisso. Não deixemos esfriar o amor, a solidariedade, a atenção.
Logo mais, haveremos de tornar a nos encontrar. Que não sejamos, então, simplesmente estranhos porque, durante meses, estivemos presentes uns nas vidas dos outros.
Distantes, mas presentes.
Redação do Momento Espírita, com base em fato extraído do
artigo Saiba acolher, de Liane Alves, da revista Vida Simples,
de março 2017, ed. Abril.
Em 18.8.2021.
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