E-commerce na pandemia: quem gasta mais?
Especialista FGV fala sobre o comportamento do consumidor nas compras online durante e pós-pandemia
No meio da derradeira e triste crise global causada pela Covid-19, o e-commerce é um dos poucos setores impulsionados em meio à instabilidade. De acordo com o Compre&Confie, o e-commerce brasileiro faturou R$ 9,4 bilhões em abril, aumento de 81% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda segundo o levantamento, a alta reflete principalmente o aumento no número de pedidos realizados durante o mês. Ao todo, foram 24,5 milhões de compras online, aumento de 98% em relação a abril de 2019.
Para o professor da IBE Conveniada FGV, Joeval Martins, especialista em Canais de Vendas, Parcerias, Alianças e Competitividade, antes da pandemia era possível desenhar com mais propriedade o perfil de quem gastava mais nas compras virtuais, se eram compras realizadas pelo público feminino ou masculino, mas hoje, com a crescente demanda, ainda não é possível especificar com clareza esse quesito. “Por conta do isolamento social, as pessoas estão comprando por necessidade, sendo um pouco mais intricado fazer essa divisão”, explica.
Ainda de acordo os dados da pesquisa, as categorias que tiveram o maior crescimento em volume de compras foram: Alimentos e Bebidas (aumento de 294,8% em relação a abril de 2019), Instrumentos Musicais (+252,4%), Brinquedos (+241,6%), Eletrônicos (+169,5%) e Cama, Mesa e Banho (+165,9%).
“Podemos aliar a crescente demanda das compras virtuais, com a sensação de segurança de não ter contato com outras pessoas, evitando aglomerações, além das variadas formas de pagamento, oportunidades de entregas gratuitas, e de não precisar escolher itens nas prateleiras que ainda não passaram pelos rituais de higienização recomendados para evitar a propagação do vírus”, comenta o especialista.
Para Joeval, no pós-pandemia, o comportamento das compras online deve permanecer, mas não em altos índices - como visto no período atual. Segundo ele, consumidores que tiveram alguma experiência negativa em compras virtuais, como atraso na entrega ou recebimento de produto diferente do que foi escolhido, não devem permanecer nessas plataformas. “Em algumas cidades, nas fases em que o comércio reabriu, já foi possível perceber um grande atiramento das pessoas para o consumo em lojas físicas e shoppings. Acredito que para bens de consumo, vestimentas e calçados, as lojas 'presenciais' ainda terão um papel muito importante”.
Compradores que antes resistiam em comprar online, agora estão vendo a necessidade crescer. E o que torna essa decisão favorável é ter a garantia de que serão bem atendidos. “Os consumidores estão cada vez mais seletivos. Com o home office, eles têm mais tempo de pesquisar, mais recursos para buscar informações e recomendações sobre o produto ou serviço, avaliando o investimento que será feito. A compra é feita de uma forma mais inteligente, baseada em mais análises e recomendações”, ressalta Joeval Martins.
Para o novo normal, o professor destaca que o público fará uma compra mais consciente e com fundamento. “O consumidor estará em busca de satisfazer desejos imediatos, não supérfluos. As compras por impulso devem ficar de lado. As lojas precisam ficar atentas”, finaliza o especialista.
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