Brasil,

Precisando de Crédito?

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Eduardo Ramos
  • SEGS.com.br - Categoria: Agro
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*Por Manoel Pereira de Queiroz

Por mais incrível que possa parecer, ainda recebo ligações de clientes perguntando qual é a taxa que cobramos por um determinado empréstimo. Tal pergunta denota certo desconhecimento de como os bancos aprovam e operam crédito para os seus clientes. Conhecer minimamente esse assunto é importante, pois ajuda as empresas direcionarem suas demandas financeiras de forma mais assertiva.

À exceção de algumas linhas de repasse cujo “spread” do banco é definido pela instituição provedora do “funding” (como por exemplo algumas linhas do BNDES), o preço cobrado em uma operação financeira se dá em função da qualidade de crédito do tomador, da estrutura da operação em questão e da concorrência entre as instituições financeiras. Por isso, é praticamente impossível responder à pergunta sobre a taxa sem fazer uma profunda análise desse cliente. Resumindo, salvo algumas exceções, o preço de uma operação é muito mais em decorrência da qualidade de crédito do próprio cliente do que da linha a ser contratada.

Os bancos em geral possuem uma área de crédito, onde profissionais especializados analisam: a credibilidade do cliente, a capacidade da empresa de honrar com as obrigações assumidas, o capital da companhia, sua capacidade de reagir a condições externas adversas, o conglomerado à qual pertence e a estrutura de garantias da operação proposta. Com base em uma análise quantitativa e qualitativa desses itens, esses profissionais conferem uma nota interna para cada cliente e operação, conhecida como “rating”. Bancos operam sempre de olho no retorno sobre o risco que consideram que estão correndo. Maiores riscos (piores ratings) requerem retorno maior, portanto “spreads” maiores e, consequentemente, taxas de juros mais elevadas. Menores riscos (melhores ratings) exigem retorno menor e, assim, taxas de juros menores.

Outra confusão bastante comum, é um potencial tomador procurar oferecer uma garantia de bate pronto, como se uma boa garantia por si só fosse o único aspecto a ser considerado na concessão do crédito. Como vimos acima, a garantia é apenas um dos itens levados em conta na análise. Vale notar que, quando a qualidade do crédito é muito boa, ou seja, os outros cinco itens são muito bem avaliados, consegue-se em alguns casos tomar recursos sem garantia nenhuma.

Tudo isso é muito importante, mas como diz um antigo ditado “à mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta”. Fazer uma apresentação bem estruturada, abordando com total transparência todos os itens importantes para a análise de crédito e usando todos os recursos disponíveis (gráficos, tabelas, fotos, etc), contribui muito para que as instituições financeiras entendam a empresa de forma adequada e, consequentemente, para o aumento da confiança. Não à toa, hoje em dia já é comum companhias, mesmo sendo de capital fechado, prestarem contas rotineiramente a bancos e investidores, através de videoconferências e apresentações regulares, independentemente de terem ou não a obrigação legal de fazê-lo.

Por fim, vale a pena observar que tudo que mencionamos neste artigo, vale, guardadas as proporções, não só para empresas corporativas, mas também empresas familiares, cooperativas e negócios conduzidos na pessoa física, como é comum na nossa agricultura. A boa gestão dos passivos financeiros passa obrigatoriamente pela boa qualidade de crédito, que deve ser feita de forma ativa pelo credor. Quanto melhor a qualidade e a comunicação com o mercado, menores as taxas, maiores os prazos e menores as garantias.

*Manoel Pereira de Queiroz é Superintendente de Agronegócio do Banco Alfa e membro do Conselho Superior do Agronegócio da FIESP


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