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Embrapa e ARS renovam parceria histórica de cooperação científica

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A Embrapa e o Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) firmaram acordo de cooperação que representa a continuidade da histórica parceria. Desde a implementação do primeiro Labex nos EUA, em 1998, a Empresa já desenvolveu vários projetos em diferentes áreas com o ARS, uma das mais importantes e estratégicas instituições de pesquisa norte-americanas. O acordo prevê cooperação técnica, financeira e material para execução das ações do Labex EUA e a possibilidade de projetos cooperativos com outras agências federais e universidades.

A partir de agora, as duas instituições serão parceiras em pesquisas nas áreas de recursos naturais, mudanças climáticas, incluindo microbiologia do solo, efeitos da aplicação de nitrogênio, carbono e pegada hídrica, monitoramento, gestão e uso de recursos naturais e uso da terra de maneira sustentável.

Também estão previstos projetos em áreas emergentes como biotecnologia, big data, inteligência artificial e agricultura digital, de precisão e automação, microbioma e biologia sintética. Além disso, o tema da biodiversidade e proteção ambiental, por meio de soluções inovadoras e sustentáveis, está no acordo entre Embrapa e ARS, particularmente para aprimoramento da multifuncionalidade da agricultura e a produção sustentável de alimentos, fibras e energia. O intercâmbio de pesquisadores na execução conjunta de pesquisas de interesse mútuo faz parte das cláusulas do novo acordo.

Com cerca de 2 mil cientistas, o ARS atua em quase 700 projetos de pesquisa em 15 programas nacionais. Dispõe de 90 unidades em todo o território americano, além de laboratórios sediados no exterior. “A Embrapa e o ARS têm missões e objetivos estratégicos similares, o que facilita o fortalecimento dessa cooperação”, comenta o coordenador do Labex EUA, Alexandre Varella.

Segundo ele, são várias as oportunidades em pesquisas colaborativas que são transversais aos programas e portfólios das duas instituições e têm potencial de impacto, como:

o fortalecimento da segurança alimentar e do fornecimento de alimentos, por meio da prevenção ou diminuição de pragas novas ou emergentes, patógenos e espécies invasoras que ameaçam a agricultura, destacando o uso das ferramentas de biotecnologia aplicada e o intercâmbio de recursos genéticos;
o retardamento do surgimento de microrganismos resistentes ou a prevenção da propagação de infecções resistentes na agropecuária;
o gerenciamento de riscos, desafios e oportunidades de mudanças climáticas, a redução das emissões de gases de efeito estufa e aumento do sequestro de carbono e outras.

Sobre a cooperação, Varella destacou a importância da troca de conhecimentos também na gestão corporativa, especialmente em P&D, transferência de tecnologias e negócios. “Com a renovação do acordo, pretendemos aprimorar as formas de colaborar com o ARS-USDA, prevendo mecanismos de cooperação a distância, intercâmbio de cientistas de ambas as partes também em curto prazo e captação conjunta de recursos em agências internacionais".
Estratégia de impacto

Para o diretor de P&D da Embrapa, Guy de Capdeville, a parceria com o ARS é estratégica. “Em sequência à assinatura do novo acordo com o ARS, iremos organizar um workshop conjunto para discutir um formato diferente de atuação das duas instituições”, antecipou. “Queremos desenhar um novo modelo de integração das pesquisas com intercâmbio de pesquisadores e concepção de projetos voltados aos desafios atuais e futuros para a agricultura de ambos países”, completou.

A intenção é coordenar o programa Cientista Visitante para aproveitar as oportunidades oferecidas pelo ARS. “É o momento de ter um novo relacionamento com os parceiros americanos, aproveitando a rede de instituições privadas que se relacionam com o ARS para formarem parcerias voltadas à inovação com a Embrapa”, explicou o diretor.

A secretária de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire), Rita Milagres, comentou a formalização do acordo. “Todo o esforço dedicado pela Gerência de Relações Estratégicas Internacionais (Grei) da Sire para renovação da cooperação faz parte da manutenção das atividades plenas do Labex, uma das mais consolidadas estratégias de atuação internacional da Embrapa”, disse. “Os Laboratórios Virtuais no Exterior fortalecem as relações entre a Embrapa e instituições de referência e a articulação de projetos e cooperações estratégicas, além de serem a representação local da Empresa em fóruns, universidades, institutos de pesquisa e eventos relacionados ao desenvolvimento e à inovação da agricultura”, avalia.

Para a gerente da Grei, Eliana Covolan, a articulação que resultou no acordo entre Embrapa e ARS é uma vitória. “Isso reforça a importância do Labex neste momento de incerteza por causa da pandemia”, comentou. “O programa articulou novos arranjos, projetos e cooperações que dão continuidade à proposta de colocar a Embrapa na fronteira do conhecimento”, disse. Ela ressaltou o trabalho que envolveu a alta gestão da Empresa e técnicos da Grei e da Secretaria de Inovação e Negócios (SIN), por meio da Coordenadoria de Suporte Jurídico (CSJ).
Pioneirismo internacional

O ex-presidente da Embrapa e primeiro coordenador do Labex EUA, Sílvio Crestana, foi um dos responsáveis pelo pioneirismo da Empresa na implantação do programa, em 1998, em Maryland, e pelo início da parceria com o ARS. “Havia a necessidade de um novo modelo de cooperação internacional, que projetasse a ciência brasileira e fizesse prospecção tecnológica no nível mais alto, colocando o Brasil em destaque”, lembrou o pesquisador da Embrapa Instrumentação.

No primeiro período do Labex, foram desenvolvidas pesquisas estratégicas nas áreas de propriedade intelectual e biotecnologia, agricultura de precisão, manejo de recursos do solo e água, sanidade animal e interação inseto-plantas.

Crestana contou que, por se tratar de uma iniciativa inédita da Embrapa e do Brasil no contexto internacional da cooperação, foi necessária muita negociação. “Houve um processo de convencimento e articulação com o ARS e o governo brasileiro para dar início ao projeto Labex, que acabou sendo executado na ‘casa’ do ARS”.

Além da intenção, o pesquisador explicou que, devido a diferentes legislações, anos fiscais, normas e outras diferenças de natureza administrativa entre as instituições, foi preciso um grande esforço de gestão e criatividade até a operacionalização do Labex. “O conceito de virtual ainda estava nascendo”, comentou Crestana. “O laboratório baseado não na construção de prédios, mas no compartilhamento da rede de pesquisa em áreas estratégicas entre as duas instituições era algo novo difícil de ser imaginado e implantado”.

Embora Brasil e Estados Unidos fossem concorrentes no agronegócio, o Labex teve início e alcançou sucesso. “Graças à junção da rede Embrapa, líder em tecnologia tropical, com o ARS, líder em tecnologia de clima temperado, foi constituída a maior rede de pesquisa agrícola mundial, com mais de 4 mil pesquisadores”, disse o ex-presidente.

Na sua opinião, os treinamentos e consultorias em universidades consolidaram a cooperação com o ARS. “Houve um interesse mútuo em benefício comum, um ganha-ganha e um novo marco em inovação tecnológica e institucional entre Brasil e Estados Unidos”, concluiu. Em toda a sua trajetória em território norte-americano, o Labex teve 8 coordenadores e 28 pesquisadores brasileiros expatriados.


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