Caboclos ca Amazônia: Arquitetura, Design e Música
“A Amazônia é internacionalmente conhecida por suas riquezas naturais. O que poucos conhecem são as riquezas construídas pelas mulheres e pelos homens que a habitam. Esta exposição desvenda o universo da arquitetura e do design elaborados na Amazônia, mostrando que as criações locais atendem com muita inteligência as funções a que se destinam e são totalmente adaptadas ao território em que se inserem. Ao contrário de agredir a natureza, convivem harmonicamente com ela”
Adelia Borges, jornalista que assina o texto de abertura da exposição.
O Paço Imperial inaugura, no dia 17 de abril (quarta-feira), a exposição “Caboclos da Amazônia: arquitetura, design e música”, apresentada pelo Ministério da Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e Instituto Cultural Vale via Lei Federal de Incentivo à Cultura. Com mais de 300 peças autênticas e diversificadas, organizadas em quatro categorias distintas - Arquitetura e Interiores, Objetos, Letras e Música – a exposição representa a essência do rico universo das expressões artísticas do Estado do Pará.
Documentada a partir das impressões paisagísticas da Amazônia e das incursões realizadas nas comunidades da ilha de Marajó, incluindo Afuá, e na ilha do Combu, em Belém, a mostra reflete o olhar atento do curador Carlos Alcantarino sobre os elementos do cotidiano. Esses elementos incluem a elevação das habitações para proteção contra as cheias das marés, a vibrante paleta de cores das casas, a música regional e as elaboradas inscrições nas embarcações, minuciosamente confeccionadas pelos talentosos artistas conhecidos como “abridores de letra”.
Os registros capturam conceitos originais que desafiam as normas estéticas convencionais, revelando a rica atmosfera cultural vivenciada pelos caboclos que habitam a floresta. “Ficava imaginando projetos de renomados arquitetos, e cada vez mais essa arquitetura invisível e pura do caboclo me parecia a melhor alternativa para acompanhar a floresta, protagonista da cena. Iniciei uma pesquisa, viajei pelo Marajó fotografando vilas de pescadores e centros urbanos, entrei nessas casas e deparei com uma explosão de cores. É interessante essa completa dissociação da arquitetura e decoração com o restante do país, onde o minimalismo e as cores neutras predominam. Percebi que poderia agregar nessa busca outras expressões artísticas dessa região, com o mesmo conceito original, desvinculado de qualquer tendência vigente – como as letras abertas que denominam os barcos amazônicos, um legado que muitas vezes passa de pai para filho, criando intuitivamente uma identidade gráfica”, afirma o curador.
Idealizada pelo designer paraense Carlos Alcantarino, residente no Rio de Janeiro desde 1982, a exposição documenta e celebra a regionalidade nos aspectos naturais e culturais vivenciados pelos caboclos que habitam a floresta amazônica.
A exposição apresenta uma coleção abrangente com peças, cuidadosamente organizadas nas categorias distintas e ambientadas de forma harmoniosa no primeiro piso do paço Imperial, no Rio de Janeiro, convidando os visitantes a mergulharem na riqueza cultural e artística da Amazônia.
A EXPOSIÇÃO
A seção de “Arquitetura e Interiores” exibe uma coleção envolvente de fotografias capturadas nas ilhas do Marajó e do Combu, destacando a arquitetura singular das residências ribeirinhas, das casas de pescadores e de outros cenários amazônicos. A cenografia meticulosamente elaborada é composta por tábuas de construção sem acabamento, pintadas com as cores tradicionais dessas moradias, oferecendo uma representação detalhada da arquitetura cabocla em toda a sua grandiosidade e significado cultural.
A área reservada aos “Objetos” traz instalações que incluem elementos essenciais da vida cotidiana dos caboclos, como o icônico carrinho de raspa-raspa, garrafas contendo ervas do tradicional Mercado Ver-o-Peso, brinquedos artesanais feitos de miriti e as coloridas pipas que que adornam os céus de Belém.
“Os objetos não são meramente produtos de utilidade, como as canoas e as redes, mas muitas vezes nascem de uma inspiração lúdica, transmitindo a magia inerente a esse povo. Por exemplo, uma simples banca de ervas e suas garrafas no mercado Ver-o-Peso se transformam em uma instalação sensorial envolvente”, esclarece o curador.
Na seção dedicada às “Letras”, os visitantes terão a oportunidade de explorar os símbolos de comunicação característicos do caboclo amazônico, com ênfase nos habilidosos "abridores de letras," responsáveis por adornar as embarcações com seus elaborados nomes. As paredes são transformadas em telas para exibir o trabalho desses artistas, cada um contribuindo com seu estilo singular e cativante.
A abertura, no dia 17 de abril, quarta-feira, às 15h, conta com apresença especial do “abridor de letras paraense” Idaias Dias de Freitas, que virá ao Rio exclusivamente para inaugurar a exposição.
No espaço dedicado à “Música”, os visitantes serão transportados para os animados bares à beira das estradas do interior amazônico, imersos na envolvente trilha sonora que ressoa com os ritmos contagiantes de carimbó, da guitarrada e da festa de aparelhagem. “Finalmente, a música local é a trilha sonora desse conjunto denominado cultura amazônica, embalando e contagiando com personalidade ímpar. Nossa proposta é apresentar uma amostra desse universo, oriundo do mais puro sentimento caboclo”, ressalta Alcantarino.
“Caboclos da Amazônia: arquitetura, design e música” já passou por Belém do Pará, São Paulo e Belo Horizonte. Após temporadas de sucesso nessas cidades chega ao Paço Imperial, onde estará em exibição até 7 de julho de 2024, com entrada gratuita.
Para a realização da exposição, o idealizador da exposição, Carlos Alcantarino, contou com a curadoria da sala” Letras” da designer gráfica Fernanda Martins, a frente do projeto “Letras que Flutuam”, com foco nessa tipografia.
SOBRE CARLOS ALCANTARINO
Nasceu em Belém do Pará, em 1958, e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1982, onde está baseado até hoje. Designer autodidata possui graduação em engenharia civil e mestrado pela PUC-Rio. Em 1996, fundou o Estúdio Alcantarino, especializado no desenvolvimento de móveis e objetos utilitários, projetos arquitetônicos e cenográficos, e consultoria em design. Reconhecido por seu trabalho inovador em design sustentável e socioambiental, já participou deinúmeras exposições internacionais e conquistou os principais prêmios de design no Brasil e no exterior.
SOBRE O INSTITUTO CULTURAL VALE
O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. Por isso, patrocina e fomenta projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa.
Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do país. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org
Link das imagens e conteúdos: https://drive.google.com/drive/folders/1yrDSGHfp3BDHdL7ln7dlU2kDDIiP_WEx
SERVIÇO
EXPOSIÇÃO CABOCLOS DA AMAZÔNIA: ARQUITETURA, DESIGN E MÚSICA
Projeto e direção de criação: Carlos Alcantarino
Abertura: quarta-feira, 17 de abril de 2024- xxx horas
Exposição: de 17 de abril até 7 de julho
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48. Centro, Rio de Janeiro, RJ. Cep: 20010 - 010
Visitação: terça a domingo e feriados das 12h às 18h
Entrada gratuita
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN
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