Competências socioemocionais: Projeto de Convivência desenvolve relações de confiança e autoconhecimento nas escolas estaduais
Novo componente curricular do Programa Inova Educação para Anos Iniciais atua na melhoria das relações e colabora na redução de comportamentos agressivos, dentro e fora da sala de aula
Mais de 1,8 milhão de estudantes dos Anos Iniciais (1º ao 5º ano) do ensino fundamental das redes estadual e municipal passam a ter aulas de Projeto de Convivência. Este componente curricular compõe o Programa Inova Educação, que também oferece Língua Inglesa e Tecnologia e Inovação. A novidade deste ano objetiva promover o desenvolvimento integral de habilidades socioemocionais dentro do ambiente escolar.
Todos os estudantes - 623 mil da rede estadual e 1,2 milhão de 623 cidades conveniadas - receberam o caderno “Currículo em Ação - Projeto de Convivência”. São aulas semanais de 45 minutos para trabalhar diversos valores, como respeito, solidariedade, tolerância e perseverança, com foco na formação humanística e cultural para mobilizar ou regular as emoções.
Também foram enviados 21,3 mil exemplares do Caderno do Professor aos docentes da rede estadual. O conteúdo apresenta o currículo estruturado e apoia a inserção das atividades em sala de aula, com destaque para alguns pontos importantes neste processo, como metodologias, sequência didática, habilidades para aprendizagem, entendimento dos sentimentos e emoções e resolução de conflitos.
“É importante ajudar as nossas crianças a atingir objetivos e criar um ambiente positivo dentro da comunidade escolar. Nesse sentido, é papel da escola fortalecer habilidades e a capacidade para aprender, ter empatia e resolver problemas, principalmente se pensarmos nos prejuízos socioemocionais resultantes da pandemia na rotina estudantil. São soluções bem embasadas, desenvolvidas antes da pandemia e que dialogam com o nosso momento, quando pensamos no curto e longo prazo”, explica Rossieli Soares, Secretário da Educação do Estado.
Aulas contam com material especial
Durante as aulas de Projeto de Convivência deste ano, os estudantes têm acesso a um material didático especial, alinhado por meio de um termo de cooperação entre a Secretaria da Educação do Estado (Seduc-SP) e o Instituto Vila Educação. O conteúdo é uma adaptação do Programa Compasso, desenvolvido pelo Instituto Vila Educação, juntamente com a ONG norte-americana Committee for Children, cujos direitos foram cedidos, gratuitamente, à Seduc–SP. Entre os anos de 2015 e 2018, ainda em caráter experimental, o Programa Compasso esteve na matriz curricular de 143 escolas PEIs (Programa Ensino Integral) e ETIs (Escolas de Tempo Integral) com seu conteúdo integral e material estruturado.
“O Projeto de Convivência, além de proporcionar o sentimento de pertencimento, que acolhe a todos da comunidade escolar, dá a oportunidade para que os estudantes sonhem e planejem um futuro, desenvolvendo ferramentas e habilidades que são para toda a vida”, conta Marcela Moura, diretora pedagógica do Instituto Vila Educação. Outros pontos são comentados por Débora Schäffer, diretora geral do Instituto. “É mais uma forma para as escolas criarem um ambiente de aprendizagem mais seguro e respeitoso, principalmente pelo trabalho dos professores regentes, que priorize o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, por meio de um currículo estruturado e sistematizado”, diz.
Palavras-chave: empatia e gentileza
As aulas do Projeto de Convivência já refletem melhorias no comportamento e na rotina dos jovens estudantes. É o que afirma a diretora Nubia Mello, da Escola Estadual Professora Juventina Patrícia Sant'Ana, que atende 864 crianças no bairro Cidade Ademar. Há 16 anos no cargo, ela destaca a proatividade dos docentes envolvidos e a importância da ação, sobretudo em um momento pandêmico. “Você salva a emoção da criança e a resgata do sofrimento que elas podem estar passando”, analisa.
Nubia entende que as aulas ajudam no processo de autoconhecimento e aceitação, além de conceitos sobre diversidade, gentileza e empatia. “Os professores acabam utilizando os conceitos em todas as aulas, em todos os momentos da nossa rotina. Os alunos participam bastante das aulas e temos notado progresso em muitas situações pontuais. Eu mesmo, durante uma capacitação no CMSP (Centro de Mídias São Paulo), revi meu senso de pertencimento. Aprendi a falar ‘minha escola’. Só agora fui compreender. Não porque a escola é minha, mas porque eu sou da escola”, conta.
Na mesma unidade, a professora Tatiane Ferreira, se diz cada vez mais engajada com a proposta. “É um tema que me fascina. Com todos livres, no chão, trabalhamos todas as habilidades e competências dos alunos, a partir da convivência, de uma comunicação não violenta, interação, dando espaço de fala e escuta. Sinto que todos alunos saem com o coração leve e prontos para produzir mais e melhor no dia seguinte”, revela.
Formação docente
A capacitação dos professores é um passo importante à implementação deste componente curricular. Em 2021, de acordo com a Efape (Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação do Estado de São Paulo), houve cinco capacitações online. A Seduc-SP programou 10 encontros para este ano, cada um com programação de dois dias, entre fevereiro e junho e, depois, agosto e dezembro.
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