Retomada das atividades presenciais nas universidades é um risco descabido
Sem orçamento e sem planejamento, a educação superior pública definha com a política de cortes
Por César Silva*
A possibilidade de as atividades nas universidades voltarem ao modo presencial é maior à medida em que cresce a parcelada população brasileira totalmente vacinada contra a covid-19. Voltar ao que se convencionou chamar de “normal” é o que mais desejamos. A prudência indica, contudo, que esse retorno precisa se dar com parcimônia e todas as medidas de proteções ora já conhecidas. A sensatez, porém, não é substantivo conhecido deste governo.
O orçamento destinado à educação deveria supor recursos extras para adequação das estruturas e demais condições de ensino, pesquisa e extensão a fim de garantir que essa retomada seja realizada com o grau de segurança necessário. Não é o que acontece.
Ao contrário, o orçamento para as universidades federais foi reduzido, reforçando o desleixo da atual gestão para os riscos de contaminação. Soma-se aí a falta de atenção necessária a um planejamento de retomada dos estudos, seja presencial, online ou híbrido, depois de um longo período de afastamento e do desalento dos estudantes.
Em 2019, no pré-pandemia, o orçamento das federais totalizava R$ 6,1 bilhões. Se considerarmos apenas o índice de inflação, correção monetária deste período, o orçamento de 2022 deveria ser de, no mínimo, de R$ 7,3 bilhões.
Vale lembrar que esta correção desconsidera todo e qualquer custo extra para assegurar mais espaçamento, insumos para limpeza contínua dos ambientes, estruturas de álcool gel e mais sabonetes líquidos para higienização das mãos, entre outros.
Ou seja, se o orçamento de 2022 fosse apenas o ajustado pela inflação, sem considerar as necessidades extras de um período de pandemia, esse valor já seria insuficiente e exigiria escolhas cruciais por parte dos gestores na implantação de um sistema de segurança elementar de saúde pública.
Porém, o orçamento destinado às universidades federais em 2022 é de R$ 5,3 bilhões, o que significa R$ 800 milhões a menos do que 2019, mais de 15% de diferença; e R$ 2 bilhões a menos que o orçamento de 2019 apenas corrigido, que significa um montante 38% menor. É a segunda pasta mais afetada, só perdendo para o Ministério do Trabalho, que sofreu corte de R$ 1 bilhão.
Se já em 2019 o orçamento não foi suficiente frente ao caos administrativo com problemas sérios de manutenção, de infraestrutura, e de instalações prediais; o que vemos agora é uma grande incoerência já que o ministro da Educação defende o retorno imediato ao ensino presencial, mesmo sem uma rubrica exclusiva para procedimentos de saúde pública.
A falta de preocupação com o atendimento aos alunos é perceptível e, entendemos, portanto, que pode resultar em mais risco de contaminação por falta de recursos e de apoio num momento tão desafiador quanto o atual. É um cenário que deixa os estudantes inseguros. E mais um ano que começa ao léu, sem planejamento.
* César Silva é diretor-presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) e docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo -- FATEC-SP há mais de 30 anos. Foi vice-diretor superintendente do Centro Paula Souza. É formado em Administração de Empresas, com especialização em Gestão de Projetos, Processos Organizacionais e Sistemas de Informação.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
https://www.facebook.com/groups/portalnacional/
<::::::::::::::::::::>
IMPORTANTE.: Voce pode replicar este artigo. desde que respeite a Autoria integralmente e a Fonte... www.segs.com.br
<::::::::::::::::::::>
No Segs, sempre todos tem seu direito de resposta, basta nos contatar e sera atendido. - Importante sobre Autoria ou Fonte..: - O Segs atua como intermediario na divulgacao de resumos de noticias (Clipping), atraves de materias, artigos, entrevistas e opinioes. - O conteudo aqui divulgado de forma gratuita, decorrem de informacoes advindas das fontes mencionadas, jamais cabera a responsabilidade pelo seu conteudo ao Segs, tudo que e divulgado e de exclusiva responsabilidade do autor e ou da fonte redatora. - "Acredito que a palavra existe para ser usada em favor do bem. E a inteligencia para nos permitir interpretar os fatos, sem paixao". (Autoria de Lucio Araujo da Cunha) - O Segs, jamais assumira responsabilidade pelo teor, exatidao ou veracidade do conteudo do material divulgado. pois trata-se de uma opiniao exclusiva do autor ou fonte mencionada. - Em caso de controversia, as partes elegem o Foro da Comarca de Santos-SP-Brasil, local oficial da empresa proprietaria do Segs e desde ja renunciam expressamente qualquer outro Foro, por mais privilegiado que seja. O Segs trata-se de uma Ferramenta automatizada e controlada por IP. - "Leia e use esta ferramenta, somente se concordar com todos os TERMOS E CONDICOES DE USO".
<::::::::::::::::::::>
Adicionar comentário