Whatsapp: O Vilão da Escola?
*Sueli Bravi Conte
O WhatsApp ampliou as rodas das portas da escola e incluiu aqueles que não dão conta de levar e buscar seus filhos todos os dias. Ok! Mas em que medida aparece também temas que geram desconforto entre os participantes dos grupos, assuntos que promovem desavenças e interpretações precipitadas de fenômenos inerentes ao cotidiano escolar?
Uma criança que agride não é, necessariamente, uma ameaça; um objeto que desaparece não é, necessariamente, resultado de um furto; um adulto que fica bravo não foi, obrigatoriamente, inadequado; uma frase tirada do contexto (coisa comum para uma criança que relata uma cena em casa) não quer dizer, literalmente, o que foi dito; uma família desorganizada temporariamente não deixa de amar e cuidar de seus filhos; uma provocação infantil não é sempre bullying. Precisamos ponderar, e quem pode fazer isso, com toda a propriedade, são os profissionais da escola escolhida pelas famílias para acolherem seus filhos, e ninguém mais.
Há também outras situações igualmente embaraçosas nas quais surge desrespeito entre pais, mães, responsáveis, com escritas que acuam, constrangem, julgam ou reprimem condutas, nem sempre conhecidas devidamente. A expressão desses julgamentos rápidos ganha concretude escrita, ao contrário das palavras orais que se esvaem e são esquecidas. Indisposições e eventualmente inimizades são criadas desnecessariamente.
Vivemos muitas situações nas quais a escola é informada indiretamente sobre cenas do cotidiano distorcidas, parcialmente analisadas, com uma lente de aumento sobre ações de crianças e/ou professores, nas quais, via de regra, há prejulgamentos superficiais e, muitas vezes, deixando de lado o principal interessado em esclarecer qualquer ocorrido: a escola.
Partindo do princípio que determinadas conversas, determinados assuntos devem ser tratados pessoalmente, mediados por olhar, tom de voz, gestos e com o equilíbrio necessário quando enfrentamos conflitos comuns à vida na coletividade, resta muito pouco a ser feito pela escola quando a “bomba” já explodiu e só sobraram “cacos” a se juntar.
Observamos situações nas quais mães e pais interferem na construção de responsabilidades próprias do estudante, pedindo aos pais dos colegas cópias das lições de casa que seus filhos não anotaram, conferindo orientações de estudos, revisando provas, comentando questões e consignas dos trabalhos, ações todas voltadas para resolver problemas que deveriam ser dos alunos. Ou seja: aos olhos da escola, retiram desafios fundamentais para seus filhos na busca de evitarem frustrações e situações que podem ser profundamente educativas para o futuro. Roubam-lhes a oportunidade de amadurecer e aprender.
É necessário ponderar: é esperado que alguns pais se sintam angustiados mais que outros frente a algumas situações. Assim, quando é para construir, vale a experiência e os comentários de quem já viveu situações parecidas e sempre pode contribuir. Forma-se, então, uma rede que se autorregula e se ajuda nos desafios esperados ao longo do crescimento num grupo de convívio escolar.
É necessário compreender: que nem todos os membros de um grupo pensam da mesma forma. Que há entre eles distintos graus de intimidade, ou seja, podem lidar de forma mais ou menos reservada, a depender do assunto e da forma como ele é apresentado.
É necessário repassar: atuar no grupo de forma a dimensionar a necessidade de remeter à escola quando as questões precisam ser tratadas pela orientação e somente encontram razão de ser se abordadas na escola e pela escola.
É necessário dialogar: sempre lembrar que o diálogo, seja em redes sociais ou pessoalmente, é uma via de mão dupla, em que cada um tem o direito de colocar suas ideias nos limites do direito do outro, cuidando da linguagem e demonstrando o respeito que todos merecemos.
Para completar, é necessário: perceber o quanto uma mensagem mal interpretada pode vir a prejudicar seu filho no ambiente escolar sem que isso tenha nada a ver com a postura da instituição em que ele estuda, e que, no auge de um conflito, ela nada mais poderá fazer para mudar o sentido das coisas.
*Sueli Bravi Conte é educadora, psicopedagoga, doutoranda em Neurociência e mantenedora do Colégio Renovação, instituição de ensino com mais de 35 anos de atividades e que atua da Educação Infantil ao Ensino Médio com unidades na cidade de São Paulo e em Indaiatuba, no interior do estado.
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