Nove erros de higienização que as pessoas ainda cometem no combate à Covid-19
Créditos: Divulgação
A pandemia de Covid-19 alterou uma série de comportamentos em todo o mundo. Familiares, amigos, colegas de trabalho e de escola foram separados pela necessidade do distanciamento social. O uso de máscara se tornou indispensável para conter o avanço do vírus e, até mesmo dentro de casa, as pessoas precisaram rever procedimentos de higiene pessoal e de higienização dos ambientes.
Mas, embora o novo coronavírus já não seja assim tão novo, muita gente ainda se confunde na hora de estabelecer protocolos de desinfecção de superfícies e objetos. Com o vírus circulando, não basta que os espaços estejam limpos, é preciso que eles estejam devidamente higienizados. “Muitas pessoas imaginam que estejam seguras porque estão constantemente utilizando álcool e lavando as mãos, mas é preciso ter ainda mais cuidados para garantir a própria saúde e a dos outros. Não adianta passar um paninho com álcool por cima das compras, por exemplo, porque o coronavírus pode estar presente nas reentrâncias das embalagens”, explica o coordenador dos cursos de limpeza profissional da Fundação de Asseio e Conservação, Serviços Especializados e Facilities (FACOP) Mário Guedes, doutor em Ciências Biológicas. Ele enumera nove erros que as pessoas ainda cometem, mesmo depois de tanto tempo de convivência com a pandemia.
Uso do celular com máscara
Não é só por causa da Covid-19 que o celular se tornou um objeto com altas taxas de contaminação. De acordo com um estudo feito na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, um aparelho celular pode ter dez vezes mais bactérias que o assento sanitário. Com o coronavírus à solta e o indispensável uso de máscaras, o problema se tornou ainda maior. “O indicado é não falar ao telefone de máscara porque a parte externa da máscara é onde existe a contaminação. Se você encosta o celular nela e, mais tarde, no seu rosto, pode estar se contaminando”, detalha Guedes.
O conselho do especialista é de só falar ao telefone sem a máscara. Sempre que precisar usar o aparelho, higienize as mãos, tire a máscara, higienize as mãos de novo e use o telefone. Depois, higienize as mãos mais uma vez, coloque a máscara e, por fim, higienize as mãos e o celular. “É preciso lembrar que suas mãos e sua máscara podem estar contaminadas. Além disso, o celular não pode ficar largado por aí ou mesmo carregar em qualquer lugar, porque as superfícies possivelmente estão contaminadas e você estará contaminando seu telefone”, diz o professor. Por isso, sempre que apoiar o celular em algum lugar, lembre-se de higienizá-lo. É importante retirar a capinha para isso, porque a umidade que fica nos espaços entre o aparelho e a capinha costuma ser favorável para que o vírus sobreviva por mais tempo.
Desinfecção das compras
Sabe aquela máquina de luz ultravioleta que alguns supermercados disponibilizam para higienizar suas compras? Não há comprovação de que elas funcionem em qualquer situação, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “O ideal é realizar as compras e, passando ou não por essa luz, higienizar tudo antes de guardar e consumir. Latas e pacotes impermeáveis podem ser lavados com água e sabão ou deixados de molho em solução de hipoclorito de sódio (conhecido popularmente como água sanitária). Deixe um espaço separado no seu veículo para acondicionar apenas as compras, de preferência o porta-malas”, afirma Guedes.
Ao entrar nas residências
Teoricamente sua casa está livre do vírus, a menos que você a contamine. Por isso, o cuidado deve ser para que ele não passe da porta. Mas como fazer isso? Segundo o biólogo, “todas as superfícies de alto toque, como maçanetas, corrimãos, teclados de computador, entre outras, têm que ser higienizadas depois de serem tocadas - e é importante que as mãos sejam higienizadas antes de encostar nessas superfícies. Também é importante arrumar um espaço para separar uma ‘área suja’, onde devem ser deixados calçados, compras e roupas que chegam da rua”.
Animais de estimação também precisam ter suas patinhas higienizadas antes de entrar em casa. Para isso, é indicado usar detergente neutro. Um erro comum é estar com pressa e esquecer esses cuidados ou pular etapas, bem como abrir exceções. O especialista lembra que bolsas e mochilas, por exemplo, costumam ser levadas para espaços como a cabeceira da cama. Esse tipo de comportamento contamina ambientes da casa que, em teoria, deveriam estar sem o vírus.
Sapatos em casa
Diferentemente do que muitos acreditam, os sapatos não são grandes transmissores de coronavírus, de acordo com a Anvisa. No entanto, o professor alerta que tapetes higiênicos não funcionam porque, geralmente, o líquido utilizado neles é desativado pela sujeira. “O desinfetante desses tapetes não vai agir da maneira correta porque não tem o tempo necessário de contato com os sapatos e dificilmente estará com a diluição adequada”, explica Guedes. O ideal, então, é retirar os sapatos quando se chega em casa e lavá-los com água e sabão antes de guardá-los.
Cuidados com o espaço de trabalho
O problema dos espaços de trabalho é o volume de pessoas que os frequentam. Todos precisam ter cuidado com tudo o que entra nesses ambientes, assim como acontece em casa. “Não adianta tirar a mochila, colocar no chão do carro - onde você pisou ou colocou as compras – e, depois, levar a mochila para o espaço de trabalho. Tudo o que entra nesse espaço pode ser contaminante: chave de carro, mochilas, bolsas, sacolas, entre outros”, alerta Guedes.
Para ele, um dos erros é confiar em um protocolo de limpeza colaborativo, em que há um profissional de limpeza uma ou duas vezes por semana, mas, ao longo dos dias, os próprios trabalhadores higienizam suas áreas de trabalho. “Temos as mais variadas opiniões políticas e, muitas vezes, por não acreditar na Covid-19, as pessoas não higienizam o ambiente. Isso expõe não apenas elas mesmas, mas também quem compartilha a bancada com elas, por exemplo”, destaca. Então, é fundamental fazer uma higienização rigorosa com produto desinfetante e, de preferência, com panos e papéis descartáveis, porque assim eles não se tornam mais uma fonte de contaminação.
Outro alerta é para quem costuma comer no espaço de trabalho, o que não é recomendável. Se possível, sempre que chegar e antes de sair deve-se trocar a máscara, bem como higienizar objetos, como fones de ouvido e óculos, com solução desinfetante adequada. Os óculos, aliás, precisam ser higienizados sempre que trocar a máscara ou conversar com outra pessoa. Telefones e outras ferramentas que possam ser compartilhadas precisam ser higienizados antes e após o uso.
Manuseio de dinheiro e cartão
Dinheiro, cartões e outras formas físicas de pagamento são grandes fontes de contaminação. Por esse motivo, é preciso higienizar as mãos antes e depois de pegar nas cédulas ou cartões. “O papel retém o coronavírus por um longo período de tempo. Há pesquisas que falam em 48 horas, 72 horas ou até mais tempo, como uma semana. O melhor é não utilizar o cartão e, se utilizar, higienizá-lo antes de colocar de volta na carteira. No entanto, cuidado com o produto a ser utilizado para isso, porque produtos corrosivos, como o cloro, comprometem o chip. O melhor é usar desinfetante de uso geral e, em seguida, após o tempo de ação indicado pelo fabricante do produto, secar o objeto. Ou então usar um lenço umedecido desinfetante”, ensina Guedes.
Uso e lavagem de máscaras
Embora as máscaras já façam parte do cotidiano da maioria das pessoas, muita gente ainda não sabe a forma correta de usá-la e, principalmente, de fazer a higienização dessas peças. Em primeiro lugar, o professor lembra que o tecido escolhido precisa ser o correto. "Mesmo com o verão chegando, tecidos muito finos ou máscaras sem camada dupla não garantem proteção alguma contra o coronavírus", ressalta.
“Não existe máscara com íons de prata que matam o coronavírus na superfície. Não há nada comprovado sobre isso. Aquelas máscaras que têm um filtro e você troca apenas o filtro, sem higienizar a máscara, também podem não funcionar. É preciso lavar as máscaras com detergente neutro, deixar de molho por dez minutos, passar por desinfetante de uso geral, deixar de molho por dez minutos, enxaguar e secar”, pontua o especialista.
Nos meios de transporte
Da mesma forma que a residência, o carro está livre do coronavírus até que alguém o contamine. Se abrir a porta e tocar no volante, no câmbio, no rádio, entre outros lugares, sem higienizar as mãos, a pessoa está espalhando contaminação nessas superfícies. As maçanetas do carro e do porta-malas, bem como a chave do veículo, têm que ser higienizadas antes de entrar no carro. “O segredo é higienizar as mãos a cada passo. Antes de pegar na chave, depois de abrir a porta, antes de sair do carro e depois de fechar a porta”, diz o coordenador dos cursos da FACOP. Uma dica importante é ter sempre à mão álcool em gel 70% e lenços umedecidos desinfetantes.
Por sua vez, carros utilizados por várias pessoas, como os veículos corporativos, precisam ser higienizados entre um turno e outro, sem esquecer de botões de abertura e fechamento de vidros, trincos das portas, rádio, botão de ligar e desligar seta e tudo aquilo em que os usuários encostam. Ao andar de ônibus e outros meios de transporte coletivos também é fundamental tomar alguns cuidados. O primeiro deles é nunca encostar no rosto e, se possível, não usar o celular, fones de ouvido, óculos, no interior do veículo. Sempre que for tocar o rosto, é preciso higienizar as mãos. E não retirar a máscara por motivo algum. "Mantenha as janelas sempre abertas, mesmo com chuva, e não apoie a bolsa em lugar algum", orienta.
Em espaços coletivos
Os espaços pelos quais passam muitas pessoas todos os dias oferecem muitos riscos de contaminação pelo coronavírus. Nesses lugares, não se pode abrir mão do distanciamento social e da máscara. "Em restaurantes só se deve retirá-la na hora de comer, mas atenção: não a coloque sobre a mesa. A forma correta de fazer isso é colocá-la em um pacotinho. Ao final da refeição, higienize as mãos e coloque uma máscara limpa", indica.
Já em recepções de prédios e ambientes semelhantes, a orientação é respeitar sempre as marcações de distância no piso e as faixas de delimitação, não abaixar a máscara e não se aproximar demais das pessoas. “Geralmente você precisa encostar em catracas ou no leitor de senhas, então, é importante higienizar as mãos antes e depois de fazer isso. O mesmo vale para elevadores e corrimãos. Tente não usar as mãos, mas os cotovelos e, no caso das catracas, a cintura”, finaliza Guedes.
Sobre a Facop
A Fundação do Asseio e Conservação, Serviços Especializados e Facilities (FACOP) é o resultado da união dos sindicatos patronal (SEAC-PR) e laboral (Siemaco) do setor do asseio e conservação. Ela funciona com três unidades de negócio - Centro de Educação Profissional Nahyr Kalckmann de Arruda (CEPNKA), Central de Empregos, e SESMT Coletivo - de modo a prestar apoio ao setor na capacitação, encaminhamento para vagas de emprego e medicina e segurança do trabalho. A Facop trabalha com a educação e a profissionalização como ferramenta para a emancipação social e a melhoria constante dos serviços oferecidos pelas empresas. Desde sua fundação, em 2002, já são mais de 70 mil certificados emitidos pela instituição. Em breve, a Facop vai lançar o primeiro Museu da Limpeza Profissional em todo o mundo, que conta a história do setor.
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