Um setor que tem vagas sobrando, mas não consegue preencher
Setor de Tecnologia da Informação e Comunicação vê sua demanda de mão de obra crescer ainda mais nestes tempos de pandemia, mas falta de profissionais qualificados é entrave para ocupação de oportunidades de emprego
Num país em que mais de 13 milhões de pessoas amargam a espera na fila do desemprego, é difícil imaginar que exista algum setor que está contratando, porém não está conseguindo preencher suas vagas. Pois acredite existe. O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação, também conhecido como TIC, que inclusive viu sua demanda de mão de obra crescer ainda mais nestes tempos de pandemia. Para se ter uma ideia, a demanda anual por profissionais dessa área no Brasil, projetada entre 2019 e 2024, está em 70 mil profissionais. Porém, apenas 46 mil pessoas se formam ao ano com o perfil necessário para atender essas vagas.
Os dados são do estudo "Achados e Recomendações para Formação Educacional e Empregabilidade em TIC”, realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), e que aponta ainda que até 2024 o Brasil poderá ter um déficit de 270 mil profissionais na área de TIC.
Em Goiás, para fomentar a criação de mais cursos que irão capacitar um número bem maior de profissionais para o setor de TIC, e também criar um ecossistema de base tecnológica no Estado, acaba de ser lançado o Programa de Capacitação Empreendedora (PCE). A iniciativa, que conta com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), será encabeçada pelo Instituto Gyntec Academy, maior hub de tecnologia e inovação do Centro-Oeste; Associação das Empresas de Tecnologia da Informação de Goiás (Assespro-GO); e a Softex, Organização Social Civil de Interesse Público (OSCIP) que há 24 anos atual em prol do fomento da Transformação Digital Brasileira.
O anúncio do PEC em Goiás ocrreu durante uma live promovida pelo Gyntec Academy no último dia 1º de outubro. O evento virtual reuniu mais de 50 participantes entre representantes de empresas privadas de tecnologia, startups, universidades, secretarias de prefeituras ligadas a área de desenvolvimento econômico e inovação e outros segmentos, de faculdades.
Inicialmente o programa será implantado nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. A primeira ação será a realização de uma pesquisa ao longo do todo o mês de outubro com mais de 120 empresas de TI e startups em Goiás. “Também envolvemos neste estudo, universidades, prefeituras e empresas tradicionais que estão investindo em transformação digital e contratando profissionais de TI”, explica Marcos Bernardo Campos, co-founder do Instituto Gyntec Academy.
Segundo ele, a pesquisa que será feita na Capital, em Aparecida de Goiânia e Anápolis já foi aplicada em outras cidades brasileiras como Curitiba e Campinas, no interior paulista. “Esse estudo que será feito é de suma importância para mapear as nossas carências e nossos pontos fortes nesta área de TIC e entender qual é a nossa demanda de profissionais deste setor. Hoje existe um desconhecimento do mercado goiano de TIC e das competências locais que temos. Em que somos bons de verdade? Em Inteligência Artificial? Somos bons em Java? Em Front End ou Back End? Enfim, qual é a especialidade do mercado goiano em TI? Não sabemos por falta de pesquisa”, afirma.
De acordo com Marcos Bernardo, a pesquisa também será importante para nortear a aplicação dos recursos oriundos do Programa e Capacitação Empreendedora do MCTIC, que objetiva reduzir o déficit de recursos humanos em Tecnologias da Informação e Comunicação mediante a capacitação profissional e o incentivo ao empreendedorismo, a atualização de laboratórios e o desenvolvimento de pesquisas.
Conforme o especialista, existe uma demanda aquecida do setor de tecnologia, principalmente depois pandemia, que aumentou em muito a necessidade das empresas em se transformarem digitalmente. “Aqui em Goiás acreditamos que tenhamos mais de 500 vagas em aberto sem conseguir preencher, por falta de profissionais e até o fim do ano, com o aumento desta demanda podem se chegar a mil vagas que não serão ocupadas por falta de mão de obra qualificada”, estima.
Hard ou soft
Ainda conforme o co-founder do Institute Gyntec, a metodologia de pesquisa desenvolvida pela Softex Campinas é eficiente para detectar perfis de de hard skills e soft skills. As habilidades e os talentos hard skills, ou habilidades profissionais, são quantificáveis, ou seja, podem ser mensuradas de alguma maneira. As hard skills, em geral, podem ser aprendidas, seja por meio de cursos, graduações, treinamentos, livros, dentre outras coisas. Por conta disso, essas competências são facilmente reconhecíveis e comprováveis por meio de certificações e diplomas.
Já as habilidades soft skills são aquelas mais subjetivas de cada indivíduo e que se relacionam com sua personalidade, caráter, crenças e valores. Esses aspectos influenciarão diretamente a maneira como o profissional se relaciona com outras pessoas.
Mapeadas as carências de formação profissional na área da TIC, o próximo passo será a implantação do GOTech - Programa de Inovação Aberta para Desenvolvimento Tecnológico no Estado de Goiás, que por meio de convênios com universidades, prefeituras, entidades patronais ou mesmo diretamente com empresas privadas irá oferecer vários cursos de capacitação tecnológica, visando o desenvolvimento do ecossistema de base tecnológica no Estado de Goiás.
“Além de cursos nos níveis de graduação e técnico para jovens queiram entrar neste mercado de trabalho, o GoTech irá desenvolver projetos de letramento e inclusão digital que serão levados para comunidades carentes e rurais,” acrescenta Marcos Bernardo.
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