Um Brasil com slot machines e jogos de azar legalizados – de novo

A proibição

Uma das primeiras medidas do governo de Lula, lá em 2003, foi extinguir os bingos, que eram espalhados por todos os cantos de qualquer cidade e ofereciam máquinas caça-níqueis, atrações de cassino e o famoso videobingo.

Houve bastante revolva na época, com faixas de protesto dos funcionários, naturalmente demitidos. Nasceu ali uma semente de conservadorismo bastante inesperada num governo de inclinação à esquerda, ainda mais depois dos 8 anos de Fernando Henrique Cardoso, o ápice do liberalismo vivido pelo Brasil contemporâneo.

Passaram-se décadas e o Brasil de 2020 não poderia ser mais diferente que o dos anos 2000 ou 1990. Quase que esquecido como medida de comecinho de governo petista, a proibição dos bingos e seus jogos como slot machine e tantos outros voltou a ser alvo de políticos, que agora almejam trazer de volta o que havia sido proibido no começo da década passada.

O que se vê atualmente

Foi-se o tempo em que as apostas de todos os tipos eram um mercado de nicho, conhecido por poucos e usados por ainda menos gente. Graças principalmente às casas de apostas, cujas propagandas são vistas diariamente na televisão (inclusive aberta), todo mundo sabe que existe um mercado forte de apostas disponível para o brasileiro.

Mas isso é legalizado? Sim, é, porque essas casas de apostas são internacionais, geralmente sediadas em países que oferecem licenças de funcionamento. Como funcionam apenas online, não há nenhuma medida na Lei Brasileira que restrinja sua atividade.

Mas isso são casas de apostas esportivas, você vai dizer, elas não são a mesma coisa que bingos. É verdade, mas são as casas de apostas virtuais e internacionais que atualmente têm a oferta mais forte de jogos de caça-níqueis online e outras diversões que eram típicas dos bingos físicos, só que em versões virtuais.

Internacional

Como dissemos, as casas de apostas fazem as vezes de dominar o mercado de caça-níqueis online, bem como as apostas desportivas e uma série de outras atrações de bingo e cassino.

Casas como LeoVegas, com sede na Suécia, se tornaram ainda pioneiras num ramo de mercado até então pouco explorado pelo ramo: o uso de seus serviços nem em pessoa, nem na frente de um computador, mas diretamente a partir do celular.

Temos que pensar que foram os celulares que, aos poucos, foram se desenvolvendo de forma mais marcante, até se tornarem os smartphones que conhecemos e temos hoje, responsáveis pela maior parte do acesso à internet pelo mundo, acima dos desktops e laptops desde pelo menos 2018, segundo pesquisas.

LeoVegas, no caso, criou um mercado totalmente novo, no qual os dispositivos móveis deixaram de ser coadjuvantes e se tornaram, sim, protagonistas de quem quer usar um slot online, se divertir com atrações de cassino, videopôquer e tudo mais que se possa imaginar.

Voltando ao Brasil, isso afeta a forma como as pessoas enxergam as possibilidades relacionadas aos jogos de azar.

Enquanto que o mundo inteiro praticamente tem acesso legalizado às apostas internacionais e às atrações como as que citamos que são oferecidas pela LeoVegas e tantas outras, o brasileiro não sabe o que é o glamour de um cassino de verdade como os que vê nos filmes

O que podemos esperar

Se é com Las Vegas que o brasileiro fã de caça-níquel, pôquer, Vinte e Um e apostas esportivas sonha, a esperança é, obviamente, ver cassinos dignos também em território nacional. É aí que entra o projeto que os deputados devem debater em breve.

Se a ideia de LeoVegas era trazer os jogos de azar favoritos de todos para a tela do celular, o projeto de alguns políticos do congresso é trazer a estrutura física consagrada em lugares como Macau, Indonésia e Nevada (Estados Unidos) para o Brasil.

A informação mais atualizada que temos é que o deputado Moacir Rodrigues (PSL-PB), da base governista, tem um projeto para criar resorts-cassino em paraísos naturais do Nordeste brasileiro.

O lobby para legalização dos jogos, absolutamente necessária para de fato implementar algo fisicamente no país (bem diferente das casas de apostas e do nicho mobile exemplificado com LeoVegas), ao que parece, já existe e está em andamento.

O brasileiro não sabe o que é uma noite de glamour apostando nas roletas desde 1946, quando o governo Dutra proibiu os cassinos e, assim, matou a famosa indústria do ramo na Urca, no Rio de Janeiro.

A ideia, enfim, não é reviver os cassinos cariocas, mas criar um novo mercado, espetacular no quesito visual e de serviços, e voltado ao turismo local e internacional – ambos fracos. Vem bem a calhar com a frase infame do ministro Paulo Guedes, que diz que, com o dólar no valor atual, o cidadão tem mais é que ficar no país. Se o projeto for para a frente, motivos não vão faltar.