Pelo segundo mês consecutivo, preferência de investimento pela poupança registra menor patamar desde 2012
Segundo a FecomercioSP, mesmo ainda sendo preferida por 57,3% dos paulistanos, categoria exibe queda de quase 13 p.p. em um ano
O consumidor paulistano permanece conservador sobre tomar empréstimos e o mercado de crédito também se mantém restrito, porém ambos demonstram mudanças no segundo mês do ano, voltando ao patamar de novembro de 2016. De acordo com a Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE), elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o Índice de Intenção de Financiamento registrou 18,6 pontos em fevereiro, alta de 9,4% em relação a janeiro. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve queda de 11,1%, quando o indicador alcançou os 21 pontos.
O Índice de Segurança de Crédito caiu 2,4% em fevereiro, passando de 80,9 pontos apurados em janeiro para 79,0 pontos devido aos não endividados que utilizam suas reservas financeiras para a complementação do orçamento doméstico. No comparativo com o mesmo período do ano passado, houve retração de 5,9%.
Segundo a PRIE, a segurança de crédito dos não endividados caiu 4,7% entre janeiro e fevereiro e 3,6% na comparação anual. Já os endividados viram a segurança de crédito subir 3% na comparação com o mês anterior e cair vertiginosamente 11% em relação a fevereiro de 2016. De acordo com a FecomercioSP, o consumidor endividado tem usado os recursos que consegue para quitar dívidas e a proporção desses consumidores com poupança, ainda que mais baixa do que a daqueles sem dívida, tem se mantido e até se elevado um pouco. Parece que os endividados acharam seu ponto de equilíbrio, provavelmente a duras penas e com cortes de despesas e esforço maior.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, fevereiro foi um mês de ajustes após o começo de ano, período em que as dívidas preocupam os consumidores e observa-se um aumento do endividamento e da inadimplência. Graças a um comportamento muito sereno das pessoas, o mercado não sofreu os tradicionais solavancos de início de ano, ou ao menos não na intensidade que se verificou em outros períodos. O conservadorismo dos consumidores garante ao País que o sistema financeiro esteja fora das principais preocupações do Governo, ao contrário do que ocorre em outras economias muito alavancadas.
Por outro lado, as elevadas taxas de juros ainda inviabilizam o crescimento econômico e o investimento empresarial, reduzindo o potencial tanto de crescimento do País, quanto de valorização do mercado acionário. A FecomercioSP acredita que em 2017 haverá mais um período de busca da normalidade, com perseguição de taxas de juros menores, investimentos diretos maiores e redução do tamanho do Estado com base nas reformas. Essa tendência sendo mantida, de acordo com a Federação, vai abrir caminho gradativamente para um novo ciclo de expansão de crédito e de crescimento, com redução de juros e da dívida pública.
Aplicações
A poupança continua sendo a aplicação mais utilizada pelos paulistanos, mas pelo segundo mês consecutivo, registrou os piores resultados da série histórica que se iniciou em junho de 2012, e segue perdendo espaço para outras opções de aplicações como as ações. Em fevereiro, 57,3% das famílias afirmaram que a poupança foi o principal destino dos seus recursos, recuo de 0,4 ponto porcentual (p.p.) na comparação com janeiro e -12,9 p.p. em relação a fevereiro de 2016. Em contrapartida, os que aplicam em ações são 4,3% do total, maior valor da série histórica e mais que o dobro do registrado em fevereiro de 2016 (2,0%). Já a renda fixa passou dos 18,6% em fevereiro de 2016 para 22% no mesmo mês deste ano, alta de 3,4 p.p..
Segundo a FecomercioSP, mesmo que a tendência de juros futuros seja de queda ao longo deste ano, o rendimento da renda fixa é mais atraente do que o da poupança e os aplicadores estão aprendendo isso. De outro lado, com a provável queda continuada de juros, a Federação acredita que haverá uma abertura de espaço para diversificação das aplicações, principalmente via ações, como já se começa a notar. Ao longo do segundo semestre do ano passado o Ibovespa teve bom desempenho, com momentos de queda também, mas principalmente por quem quis realizar lucros após altas relativamente expressivas e rápidas dos preços das ações. No momento, o Ibovespa continua promissor para 2017, ainda que não no mesmo ritmo do segundo semestre de 2016. A Entidade acertou quando antecipava que nestes meses a novidade deveria ser uma migração para a Bolsa de Valores, dado que a aplicação está dando retornos muito bons no momento, e é isso que acaba atraindo a atenção, mais do que qualquer análise técnica.
A FecomercioSP pondera ainda que com a provável reforma da previdência e com o foco sobre esse assunto é possível que as aplicações em fundos de pensão e previdência privada ganhem novos adeptos. Essa tendência deve favorecer a poupança de longo prazo e deve ser estimulada de forma a que os jovens de hoje auxiliem na aceleração do crescimento, via investimentos de prazo longo, e garantam uma velhice mais próspera.
Sobre a PRIE
A Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE) - apurada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) - tem o objetivo de acompanhar o interesse dos paulistanos em contrair crédito e a evolução da proporção de famílias endividadas na capital paulista que possuam aplicações financeiras, o que gera um índice de risco inerente a essas operações. Os dados que compõem a PRIE são coletados em 2,2 mil entrevistas mensais realizadas na cidade de São Paulo.
Sobre a FecomercioSP
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Congrega 157 sindicatos patronais e administra, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A Entidade representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes. Esse universo responde por cerca de 30% do PIB paulista - e quase 10% do PIB brasileiro - gerando em torno de 10 milhões de empregos.
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