Setor segurador tem papel fundamental para enfrentamento das mudanças climáticas (Destaque)
Ao participar do painel “Finanças Climáticas”, do seminário “Rumos 2025 (O Brasil que teremos e o Brasil que queremos)”, organizado pelo jornal Valor nesta segunda-feira (24), o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, apresentou um diagnóstico sobre saídas possíveis para conter a crise ambiental e como financiá-la a partir das soluções do mercado segurador.
Dyogo Oliveira assinalou que os impactos e severidade dos eventos climáticos são cada vez maiores, ao passo que o gap de proteção permanece elevado, mundialmente. O executivo lembrou que o mercado segurador brasileiro acompanha a evolução das mudanças climáticas desde a década de 70, “não por altruísmo, mas sim por preocupação com seus impactos financeiros” em sua cadeia de valor. Segundo ele, em nove dos últimos 10 anos, as perdas econômicas mundiais geradas por eventos climáticos (enchentes, secas, geadas, vendavais etc.) superaram a casa dos US$ 300 bilhões anuais, cabendo ao mercado segurador global responder por 40% desse total.
Só no ano passado, os prejuízos alcançaram US$ 368 bilhões no mundo. Nos últimos 10 anos, as perdas econômicas permanecem 14% acima da média histórica, o que confirma que os eventos climáticos estão não só mais frequentes quanto também mais severos em seus impactos.
Só as enchentes do Rio Grande do Sul de 2024 geraram perdas econômicas de mais de R$ 100 bilhões, das quais R$ 6 bilhões indenizados pelas seguradoras. “Gostaríamos de ser mais acionados porque a sociedade estaria mais protegida”, afirmou ele, chamando a atenção para o enorme gap de proteção. Nos últimos 10 anos, perdas causadas por incidentes climáticos no país somam R$ 320 bilhões, 90% afetando atividades agrícolas. São eventos que, ao contrário das enchentes nas cidades, passam meio despercebidos pela mídia, como secas, geadas prolongadas, mas causam perdas onerosas”, contou Oliveira.
A falta de aderência aos seguros ainda é nosso problema mais sério e não a falta de produtos, porque nosso nível de riscos é ainda bem abaixo de outras regiões do planeta, como a Califórnia, por exemplo. “O setor de seguros do País tem capacidade de absorver esses riscos, mas precisa haver muito cuidado na regulação para evitar erros, como ocorridos nos Estados Unidos - na Califórnia, o governo substitui as seguradoras privadas por públicas e tabelou os prêmios, provocando fuga das companhias do seguro residencial”, disse Dyogo Oliveira.
Esse painel contou também com a participação da secretária Nacional de Planejamento do Ministério do Planejamento e Orçamento, Virgínia de Ângelis. Ela relatou o andamento de estudos no seu ministério para avaliar os efeitos da crise climática no PIB, na geração de empregos e em setores estratégicos como agricultura, energia, entre outros, além de recursos da ordem de R$ 32 bilhões para ações direcionadas ao clima. Outros participantes foram Denise Hills, especialista em sustentabilidade, Gustavo Pinheiro, associado sênior do think tank de diplomacia climática E3G, e Edvaldo Santana, especialista em energia.
Sobre a CNseg
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