"Empresas familiares precisam inovar, se quiserem sobreviver", diz especialista
Apesar de responderem por 65% do PIB nacional, de cada 100 negócios de famílias, apenas sete chegam à terceira geração. Um evento realizado em Goiânia e voltado para empresários tratou do tema, que teve como case de sucesso o Grupo Soares, da qual faz parte a rede de loja Irmãos Soares
As empresas familiares são responsáveis por 65% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e geram 75% dos empregos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda segundo o órgão, apesar do peso que têm para economia, a cada 100 negócios de família, apenas sete chegam à terceira geração. De um pequeno comércio a um grande conglomerado empresarial, a grande maioria dos sucessores das empresas acabam tendo problemas para garantir a sobrevivência do negócio. A questão é o porquê isso acontece e o que fazer para evitar esse problema?
Para discutir o assunto, diversos empresários goianos se reuniram na última quinta-feira (28 de novembro), no restaurante Grand Cru, em Goiânia, para um evento promovido pela KBL Contabilidade e a consultoria FOX Partners. Na oportunidade, foram apresentados aos convidados cases de empresas que conseguiram sobreviver à primeira, à segunda geração e agora chegam à terceira geração de gestores. Um dos cases apresentados foi o do Grupo Soares, empresa goiana com quase 60 anos de fundação, que precisou modernizar todos os seus processos e profissionalizar sua gestão para superar os problemas que surgiram após a sucessão para a segunda geração.
O grupo empresarial, que começou em Goiás no ano de 1967 com uma loja de materiais de construção, hoje se consolidou como uma holding com atuação no setor de materiais de construção, com a rede de lojas Irmãos Soares e a boutique de acabamentos Essence; além de possuir operações na área de incorporação imobiliária, agropecuária e tecnologia.
O principal palestrante do evento sobre o tema sucessão empresarial foi o especialista em governança corporativa Marcelo Camorim, diretor da Fox Partners e atual presidente do Conselho de Administração e de Família do Grupo Soares. Sendo o primeiro presidente do Conselho do grupo que não é membro da família, Camorim defendeu durante a sua apresentação a importância de uma gestão profissional nas empresas familiares e da capacitação de cada membro da família para ocupar uma função na empresa, com um olhar voltado para o mercado como um todo.
Visão aberta
Segundo o empresário e consultor, uma visão fechada para dentro da empresa é uma das causas do insucesso das empresas familiares. “Os gestores de negócios familiares precisam abrir a visão para o mercado e entender o que ele demanda das companhias atualmente, tanto no que diz respeito às demandas do consumidor moderno, quanto às demandas do setor econômico e financeiro, como parceiros, bancos e investidores”, comentou o especialista ao falar para os empresários convidados.
Além disso, não investir em tecnologia e manter a empresa operando como no período dos fundadores é outro erro grave, que geralmente, pode tirar o negócio da família do mercado. “Vivemos em outro mundo, que agora muda mais rápido e precisamos estar atentos, se não perdemos a oportunidade de investir e liderar em nossos segmentos. Para garantir a sobrevivência, é preciso estar à frente de sua geração, saber avaliar tendências mundiais e adaptar o negócio de acordo com as necessidades atuais, sem apego a antigas práticas”, orientou o especialista.
Ser uma empresa inovadora, segundo Camorim, também pode ajudar os gestores a atrair o interesse dos herdeiros em atuar na empresa, pois esse interesse cai a cada dia. “A inovação atrai o jovem e aumenta seu interesse pelo negócio da família. Mas, muito além de atrai-lo para a empresa familiar, é preciso preparar o jovem para a vida, levá-lo a obter conhecimento, estudar fora, trabalhar em outras empresas, para depois assumir o desafio de cuidar da empresa da família”, destacou o consultor.
Empresa familiar como se fosse uma S/A
Marcelo Camorim destaca que o Grupo Soares adotou práticas mercadológicas de empresas de capital aberto, mesmo sem ser, para garantir a credibilidade, confiabilidade e crescimento. Além de estruturar a holding e estruturar cada operação com gestão profissional e independente, tendo os herdeiros, somente como conselheiros, a empresa investiu na implantação da governança corporativa e na inovação.
“Promovemos no Grupo Soares profundas mudanças estruturais nos últimos seis anos. A implantação de ferramentas da governança corporativa para a gestão, tais como a instituição de um conselho de família e um conselho de administração profissional, trazendo conselheiros independentes e experientes no mercado; ferramentas de transparência à gestão, como auditorias regulares das contas”, disse o especialista em sua apresentação.
De acordo com Marcelo Camorim, essas e outras mudanças trouxeram novos parâmetros para os negócios do Grupo Soares, os resultados já começam a surgir. O grupo assinou recentemente um contrato de investimentos com uma das maiores empresas focadas em venture capital do Brasil, a brasileira Bossa Invest, que tem como líder João Kepler. Com esta operação, o objetivo é investir em startups que tenham sinergia com o Grupo, para agregar tecnologia e inovação em todos os seus processos. Outra ação de impacto é a formação de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), por meio do qual a empresa buscará recursos internos para financiar o crescimento do grupo. O processo já está em estruturação e deve ser disponibilizado ao mercado em até dois meses.
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