Reskilling e upskilling: por que esses termos são cruciais para o crescimento profissional
Autor: Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria
O mercado de trabalho está mudando numa velocidade sem precedentes. Em poucos anos, vimos a inteligência artificial, a automação e novas tecnologias não apenas transformarem o que fazemos, mas redefinirem as próprias habilidades que precisamos para continuar fazendo. Profissionais e empresas agora encaram uma questão que já não pode ser adiada: como se adaptar para não ficarem para trás? Nesse novo cenário, conceitos como reskilling e upskilling deixaram de ser jargões técnicos e se tornaram questões de sobrevivência – não é mais sobre saber o que fazer, mas sobre aprender a aprender o tempo todo.
No Brasil, a falta de profissionais qualificados em tecnologia, engenharia e ciências exatas desafia empresas a investirem pesado na formação de suas equipes. Para muitos profissionais, isso também traz um alerta: o que aprenderam no começo da carreira já não basta para sustentar uma trajetória de sucesso e crescimento. Hoje, a busca por atualização constante deixou de ser um diferencial e se tornou essencial para quem quer se manter competitivo e preparado para as mudanças que surgem a cada dia.
O que são reskilling e upskilling?
Reskilling se refere ao processo de aprender novas habilidades para mudar de função ou até de setor dentro do mercado de trabalho. Para dar um exemplo, é como um profissional de marketing que, ao observar a crescente demanda por análise de dados, decide se capacitar nessa área para mudar sua atuação.
Upskilling, por outro lado, trata do aprimoramento das habilidades já existentes para evoluir dentro da carreira atual. Um exemplo seria um engenheiro que adquire conhecimentos em novas tecnologias de automação para liderar projetos mais complexos.
De acordo com um estudo realizado pela Associação Brasileira de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o Brasil precisará formar mais de 70 mil profissionais por ano até 2024 para atender às demandas de tecnologia. No entanto, o país está longe de atingir essa meta, o que deixa clara a necessidade de qualificação contínua.
Neste cenário, o reskilling e o upskilling se tornam estratégias não apenas de sobrevivência profissional, mas de crescimento e inovação. Empresas que promovem o desenvolvimento contínuo de suas equipes, além de reter talentos, conseguem se adaptar mais rapidamente às mudanças impostas pelo mercado. Em setores como o de tecnologia da informação (TI) e manufatura, por exemplo, onde a inovação é constante, as organizações que investem em programas de treinamento têm obtido maior sucesso na retenção de talentos e na aceleração de seus processos.
Responsabilidade compartilhada
Se, por um lado, cabe às empresas oferecer programas de capacitação, por outro, é fundamental que o profissional assuma um papel ativo no seu desenvolvimento. Por isso, é preciso adotar uma mentalidade de aprendizado contínuo e buscar oportunidades de se aprimorar.
Com o crescimento das plataformas de aprendizado online, a barreira geográfica deixou de ser um obstáculo. Essas iniciativas permitem que o profissional adquira novas habilidades sem precisar abandonar o mercado de trabalho ou enfrentar longos períodos de interrupção.
Além disso, empresas como Magazine Luiza, Natura e Embraer têm se destacado em seus programas internos de qualificação e reciclagem profissional, tornando-se exemplos de como reskilling e upskilling podem transformar o panorama de uma organização. Segundo dados do World Economic Forum, 50% dos trabalhadores precisarão de requalificação até 2025 para acompanhar as demandas do mercado global. No Brasil, onde setores tradicionais também passam por digitalização, essa tendência é ainda mais urgente.
O futuro das carreiras
Com a previsão de que 68% das vagas em 2024 serão ocupadas por cargos que sequer existiam há 20 anos, como aponta um relatório da Brasscom, a mudança no mercado de trabalho brasileiro já é uma realidade. O grande desafio está em garantir que o país possa acompanhar esse ritmo, promovendo políticas de incentivo à educação e capacitação técnica, além de iniciativas privadas de requalificação.
Independentemente da área profissional, o caminho é claro: é preciso se manter atualizado e aberto às mudanças. O reskilling e o upskilling são os pilares dessa nova realidade e representam o futuro do trabalho no Brasil.
Se você quer crescer em sua carreira, comece agora a planejar como pode expandir suas competências e se preparar para as oportunidades que surgirão nos próximos anos. Afinal, o que era suficiente ontem já não será amanhã.
Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, gestor de carreiras, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. TEDx Speaker, foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.
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