Em verdade, o prêmio é o valor que o segurado contratante precisa pagar para obter cobertura sobre o bem segurado. A indenização, de sua vez, é o valor que a seguradora deve pagar após a ocorrência do sinistro.

É imperiosa a necessidade de relembrar aos nossos leitores e leitoras que, apesar do nome prêmio estar imbricado a algo relativo a uma recompensa, ou alguma espécie de sorteio, no universo do seguro, “prêmio” é o valor a ser pago pelo segurado à seguradora, para que ela garanta o risco ao qual aquele está exposto em razão de um sinistro de um determinado bem a ser objeto de proteção securitária.

Pois bem. O Rio Grande do Sul tem enfrentado enchentes recorrentes, particularmente em períodos de chuva intensa, jamais imaginadas pelas partes contratantes.

 Essas enchentes não só causam danos às infraestruturas e propriedades, mas também aos veículos, que podem ser completamente submersos ou sofrer danos significativos devido à água. As regiões mais afetadas incluem áreas urbanas onde o sistema de drenagem é inadequado para suportar grandes volumes de água em curtos períodos.

Assim sendo, as seguradoras avaliam os riscos baseadas em dados históricos e previsões futuras. Quando eventos como enchentes se tornam mais frequentes, os custos associados às indenizações aumentam substancialmente. No caso do Rio Grande do Sul, as seguradoras têm sofrido um aumento significativo no número de sinistros relacionados a enchentes, o que leva a um ajuste nos prêmios de seguro para compensar os maiores riscos e os custos adicionais.

Devidos a tais fatos, aliás, públicos e notórios que independem de prova, os prêmios dos seguros de automóveis são calculados com base em diversos fatores, incluindo a probabilidade de ocorrência de sinistros. Com o aumento das enchentes, a probabilidade de danos aos veículos também aumenta. Como resultado, as seguradoras elevam os prêmios para cobrir os custos adicionais. Esse aumento varia dependendo da localização geográfica do segurado, do histórico de sinistros da região, do tipo de cobertura e do perfil do condutor do automóvel.

Deveras. Para enfrentar o aumento dos prêmios, tanto seguradoras quanto segurados podem adotar estratégias de mitigação destes danos climáticos.

Por isto, trago à colação, alguns exemplos, entre tantos:

Aperfeiçoar os modelos de risco para prever com maior precisão os eventos climáticos e ajustar os prêmios de forma justa e equânime.

Prevenção de Sinistros: investir em campanhas de conscientização e medidas preventivas que possam reduzir os danos causados pelas enchentes.

Coberturas Personalizadas: oferecer produtos de seguro mais personalizados que levem em conta as necessidades e condições específicas de cada região.

De outro giro, os segurados devem adotar medidas de proteção para os veículos, como evitar estacionar em áreas propensas a enchentes e instalar proteções contra água.

Comparação de Preços: comparar diferentes seguradoras para encontrar a melhor cobertura pelo menor preço.

Coberturas Específicas: avaliar a necessidade de coberturas adicionais que possam proteger contra danos causados por enchentes.

Tais casuísticas levam a conclusão de que o aumento do prêmio dos seguros de automóveis devido às enchentes no Rio Grande do Sul é uma consequência direta das condições climáticas adversas que têm se intensificado. É essencial que tanto seguradoras quanto segurados adotem medidas proativas para minimizar os riscos e os impactos financeiros associados. A colaboração entre todos os atores envolvidos pode ajudar a desenvolver soluções mais resilientes e sustentáveis para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Porto Alegre, 31 de maio de 2024

Voltaire Marensi - Advogado e Professor