Digitalização da Engenharia: movimento necessário que requer pensamento estratégico
* por Marcus Granadeiro
Estamos iniciando 2024 tendo que encarar um cenário difícil na engenharia consultiva. Vemos uma contínua desvalorização dos serviços, além de uma concorrência restringindo a questão do preço. Existem diversos fatores que contribuem para esta situação atual, entre eles a falta de compreensão do valor, as pressões por prazos apertados e a falta de comunicação eficaz, além de casos relacionados à qualificação profissional e à própria competição do mercado.
Este cenário gera uma espiral negativa e, consequentemente, as próprias empresas de engenharia consultiva passam a ter um foco excessivo em custos. Enquanto isso, o mercado contrata considerando apenas este critério, colocando em xeque a perda da diferenciação.
Qual seria a saída desta situação?
Um dos caminhos para resolver o problema é a digitalização, a incorporação de tecnologias e, claro, a famosa Transformação Digital. Na teoria tudo é simples, tanto é que a procura do mercado pelo entendimento a respeito do BIM cresceu vertiginosamente em 2023, porém a execução ainda enfrenta obstáculos.
Há também uma contradição quando observarmos um generalizado uso ineficaz dos recursos tecnológicos contratados pelas empresas - se elas mantêm o modus operandi anterior após a incorporação da tecnologia. Ou seja, falta cultura interna para absorver a inovação.
Ainda neste tema, é comum encontrarmos cenários em que se deseja investir em tecnologia, mas não se quer mudar os processos e os entregáveis. Neste caso, a lógica mais encontrada é buscar uma tecnologia para acelerar o processo que é feito manualmente. Logo, a incorporação da tecnologia acarretará apenas custo, trazendo pouco benefício, pois o valor agregado, apesar de parecer grande, não será um diferencial, sendo parcialmente anulado pelo custo crescente da tecnologia num curto espaço de tempo.
E quando colocamos em questão a imposição do mercado para práticas ESG (do inglês Environmental, Social and Governance), é importante ter em mente que o "S" e o "G" têm como consequência um aumento sensível dos custos com tecnologia. Os itens são importantes, mas para tê-las, temos que investir.
O movimento correto de digitalização deve envolver um pensamento estratégico e ter como premissa a definição dos objetivos do negócio contendo uma lista de propósitos a serem alcançados. Para isso, o importante é trabalhar o mindset das empresas, principalmente nos aspectos de que erros irão acontecer e fazem parte do processo. Afinal de contas, não se pode fazer uma omelete sem quebrar os ovos.
*Marcus Granadeiro é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, sócio-diretor do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia, membro do RICS - Royal Institution of Chartered Surveyors (MRICS) e do ADN (Autodesk Development Network) e certificado em Transformação Digital pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Sobre o Construtivo
O Construtivo é uma empresa de tecnologia com DNA de engenharia. Pioneira no conceito de nuvem, atende aos maiores projetos de infraestrutura do Brasil. Fundado em 2000 como uma joint venture do Grupo Santander, o Construtivo passou por um processo de MBO (Management buy-out) em 2004 e se tornou uma empresa nacional.
Atendendo mais de 100 mil usuários e cerca de 200 clientes ativos, entre eles Norte Energia, AES, CPFL, EDP, Taesa, Alupar, CTG, Energisa, CSN, Rumo, Promon, Concremat, EGIS, Intertechne, Systra, LBR, Voith, Andritz e Weg, a empresa mantém uma sede em São Paulo e uma filial em Porto Alegre.
O Construtivo tem como carro-chefe a plataforma Colaborativo, ofertada na modalidade de serviços (SaaS) e que é a base para uma solução de integração para os processos BIM.
Combinada a outras tecnologias oferecidas pelo Construtivo, a Colaborativo e o BIM levam transformação digital ao setor, que pode aproveitar o know-how de mais de 23 anos da empresa em CAD e o pioneirismo na modelagem das informações da construção.
Referência em gerenciamento de processos com especialização em engenharia civil, a empresa atende áreas como energia, transporte, saneamento, ferrovia, administração pública, manutenção, entre outras.
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