Brasil tem média de 7 mortes por dia em acidentes de trabalho
Mortes ocorrem inclusive dentro de grandes corporações, como a que aconteceu em outubro do ano passado na fábrica da Coca-Cola, em Jundiaí
Entra ano, sai ano, o Brasil continua sendo um dos campeões no número de mortes por acidentes de trabalho no mundo. O dado mais recente do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho mostra que o país registrou 2.538 mortes por acidentes de trabalho em 2022, o que equivale a sete mortes por dia. Ao considerar a série histórica (imagem) vemos que estes números não se alteraram muito ao longo dos anos. Em 2012, ou seja, há dez anos, foram registradas 2.760 mortes por acidentes de trabalho, quase o mesmo número de 2022, o que mostra que as medidas de segurança no trabalho não têm sido eficientes para mitigar esta tragédia.
E os acidentes fatais de trabalho não acontecem somente em pequenas e médias empresas ou em cidades distantes dos grandes centros urbanos. Eles têm ocorrido dentro de grandes corporações, como é o caso do acidente ocorrido no fim do ano passado dentro da fábrica da Coca-Cola em Jundiaí.
No dia 7 de outubro de 2023, Alexandre Schragle Roveri, de 37 anos, morreu após ficar prensado por duas empilhadeiras. De acordo com o advogado da família da vítima, Eduardo Barbosa, o sistema de sensor da máquina – que serve para paralisar o equipamento quando é detectado algum objeto – falhou ao não identificar que Alexandre estava no local.
Alemão, como era conhecido, era técnico de manutenção sênior há 16 anos. “Sabe-se que mesmo existindo relatos anteriores de falha do equipamento, nenhuma atitude foi tomada pela empresa”, diz o advogado Eduardo Barbosa. Alexandre era casado e tinha um filho de 13 anos.
Segundo Eduardo Barbosa, a Coca-Cola não prestou assistência aos familiares de Alexandre, mesmo ele sendo um funcionário antigo, que trabalhou na empresa por 16 anos. “E não é uma empresa qualquer. É uma das mais importantes companhias do mundo, cujo valor de mercado é estimado em US$ 106 bilhões”, salientou. “Mas isso não sensibilizou a corporação”.
Para o advogado, a Coca-Cola teve, no mínimo, atitude suspeita em relação ao caso, pois não cumpriu o dever legal de informar as autoridades competentes sobre a ocorrência do acidente fatal. Coube à família da vítima registrar boletim de ocorrência. Só a partir de então foi aberto inquérito para investigar a causa do acidente. “Importante registrar que apesar de Alexandre ter morrido na fábrica, a empresa também não preservou o local do acidente”, completou
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