‘Insurtech’ Darwin recebe licença definitiva da Susep e deixa ‘sandbox’
A Darwin Seguros recebeu a autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para atuar como seguradora em todo o Brasil. Com isso, torna-se a segunda “insurtech” que participou do “sandbox” do regulador a obter a licença definitiva. O sandbox da Susep está na segunda edição e já selecionou 17 insurtechs, oito na primeira turma e nove na seguinte, que receberam autorizações temporárias para atuar dentro desse ambiente experimental. As licenças do grupo inaugural começam a se encerrar entre abril e junho.
De acordo com o sócio-fundador e co-CEO da Darwin, Carlos Alberto (Beto) Souza Barros, após arrecadar R$ 26 milhões em 2023, a meta do grupo é quadruplicar as receitas neste ano para R$ 100 milhões, já com a licença definitiva, que permite a ampliação do portfólio de produtos e dos limites de cobertura.
A insurtech se especializou em seguro auto customizável, com preços baseados na avaliação de riscos de cada motorista. A solução da startup, que Barros classifica como a evolução do seguro auto, mescla telemetria, análise de dados e inteligência artificial para precificar e montar cada apólice, segundo os hábitos de direção.
Conforme Barros, “com a licença de seguradora S3 [menor porte], a empresa poderá complementar e ampliar as coberturas atuais oferecidas ao mercado em seu produto auto que eram antes limitadas pela regulamentação do sandbox, bem como atuar em outros segmentos de seguro”.
A saída do programa da Susep ocorreu em meio a um crescimento acelerado desde a entrada no sandbox em 2022. “Poderíamos ter crescido ainda maior em 2023, mas temos um foco na gestão de riscos e no lucro da carteira. No ano passado, reduzimos o ‘burn rate’ [desembolso mensal de caixa] da companhia em 50%, e nossa principal meta para 2024 é atingir o ‘break even’ [ponto no qual a empresa apresenta lucro líquido]”.
Mesmo com as limitações do sandbox, a Darwin já conseguiu estar presente em todos os Estados do Brasil. “Em 2023, atingimos a marca de 20 mil veículos segurados”, afirma o sócio-fundador e co-CEO, Firmino Freitas. “Temos a missão máxima de ser digital sem perder o toque humanizado, e o resultado positivo está vindo rápido, tanto dos nossos clientes, quanto dos corretores parceiros.”
Barros complementa que a licença S3 pode ser comparada a “passar a ‘jogar na série A’, em condições de igualdade com as grandes seguradoras”. O executivo explica que o ambiente experimental da Susep tinha um limite de indenizações de R$ 150 mil. “Agora podemos ampliar o alcance do nosso produto e isso traz confiança para os corretores, que são nosso principal canal de distribuição”.
Segundo Freitas, a Darwin alia a capilaridade dos escritórios com a estratégia de digitalizar a atuação do corretor. Conforme o co-CEO, a insurtech se torna uma aliada de valor aos corretores por uma série de fatores, como preços mais acessíveis na comparação com o mercado tradicional, o que ajuda a trazer novos consumidores ao mercado, além de simplicidade e automação de processos que facilitam o trabalho do intermediador.
Já Barros ressalta que o país tem um setor altamente concentrado, com cinco companhias representando 80% do mercado. “Com isso o corretor perde poder de barganha junto as seguradoras, e também vê reduzir as opções de venda. O preço [do seguro auto] subiu muito devido aos impactos da pandemia e da inflação e, com isso, muitos donos de veículos passaram a recorrer ao mercado paralelo de associações de proteção veicular. Além disso, esse mercado de rouba monte é ruim para o intermediário.”
O sócio da Darwin ressalta que o processo de proposta de seguro funciona de maneira muito simples: o interessado precisa apenas informar o CEP, o CPF e a placa do veículo. “Só temos três perguntas, então cotar e enviar propostas fica muito rápido e simples. Processos que as seguradoras ‘empurram’ para as corretoras, como abertura e acompanhamento de sinistro, de inadimplência, endosso e pagamento, conosco são digitais e, em muitos casos, automatizados.”
Com preços mais competitivos e um processo de cotação mais simples e rápido, a possibilidade de atrair novos públicos se mostra concreta, aponta Freitas. “Hoje mais de 50% dos nossos clientes são ‘bônus zero’, ou seja, que estavam fora do mercado”, diz.
Os sócios acrescentam que a startup tem apoio de parceiros como a Swiss Re, que atua como resseguradora da insurtech. A Darwin já captou R$ 70 milhões e planeja nova rodada ainda neste ano.
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