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Seguros em 2023 - aprendizados e novos horizontes

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Dilmo Bantim Moreira
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Dilmo Bantim Moreira Dilmo Bantim Moreira

A indústria de seguros nacional mantém o crescimento histórico e as projeções dão conta que em 2023 atingirá a marca de 9,4%, com a visão das empresas do setor de que a atual marca de 6% de participação sobre o PIB poderá chegar a 10% até 2030.

Embora o Brasil, segundo previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) deva voltar a estar entre as dez maiores economias do mundo neste ano, seu mercado de seguros ainda se situa na 20ª posição no posicionamento internacional.

Elevar o posicionamento no ranking mundial de gastos em prêmios de seguros àquele das economias globais colocaria o Brasil na média dos integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), incluindo-o entre as economias mais desenvolvidas do planeta.

De toda forma, enquanto a projeção de crescimento da economia brasileira é estimada em 2,84% (boletim Focus), a do setor securitário é de 9,40% (base CNseg). Isto, por si, demonstra a força e importância do setor na economia do país.

Há muito espaço para crescer.

Note-se que atualmente, conforme a superintendência da Susep, mais de 80% da frota brasileira não está segurada e apenas 10% da área cultivada possui algum tipo de cobertura securitária.

Com base em dados de pesquisa da FenaPrevi (realizada pelo DataFolha em 07/23) temos um quadro de carências (e oportunidades) em Seguros de Pessoas e Previdência Complementar.

Dados da FenaSaúde apontam que atualmente temos 34 milhões de idosos (+60 anos) e até 2040 haverá mais idosos que pessoas com até 19 anos. Até 2052 a população idosa dobrará.

Necessariamente não é um problema, pois estamos vivendo mais e melhor, com maior aproveitamento do tempo de trabalho (progressivamente), contudo, o mercado de Seguros de Pessoas e Previdência deve se adaptar com produtos adequados à essa nova (e já presente) realidade, seguindo o exemplo de países que já vivem esse ambiente.

Pesquisa realizada pela FenaPrevi aponta que 54% dos consultados não possui qualquer plano de saúde, funeral, vida, invalidez, prestamista, doenças graves e/ou plano de previdência privada, embora se registre que esse percentual vem caindo progressivamente, principalmente após a ocorrência mundial do covid-19. Comparativamente aos percentuais da pesquisa anterior ocorrida em 2021, 26% possuem seguro funeral; 18% seguro de Vida, 11% coberturas para Invalidez e 9% planos de Previdência.

Demonstraram interesse crescente em contratação de coberturas de Invalidez Permanente (de 26% para 33%), seguro Prestamista (de 17% para 26%), bem como elevou-se a preocupação em guardar dinheiro (de 23% para 28%) embora apenas 9% declarassem possuir plano de Previdência Privada.

Importante observar esses cenários e buscar o atendimento dessas necessidades, expandindo a rede protetora dos Seguros de Pessoas, bem como é relevante que haja um novo e atualizado marco regulatório em planos previdenciários com visão para um diferente cenário de relações de trabalho e longevidade, agregando adaptabilidade às necessidades inerentes a este ambiente.

A telemedicina firmou-se como um importante instrumento do seguro e da saúde. Nos termos da Resolução do Conselho Federal de Medicina, entende-se esta como sendo o "exercício da medicina mediado por Tecnologias Digitais, de Informação e de Comunicação - TDICs, para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões, gestão e promoção de saúde", sendo praticada em sete modalidades de teleatendimento médico: Teleconsultoria, Teleinterconsulta, Telecirurgia, Televigilância, Telediagnósgtico, Teleconsulta e Teletriagem. As duas últimas sendo de uso frequente pela indústria de seguros.

A CNseg tem efetuado diversas ações.

Em agosto, como desdobramento do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), da CNseg, houve a promulgação da Lei 14.652/23 autorizando o segmento de Capitalização a garantir contratos de crédito por meio das modalidades Instrumento de Garantia e Tradicional, possibilitando conceder garantias de operação de crédito a titulares de títulos de Capitalização, participantes de planos de Previdência Complementar Aberta, segurados de Seguros de Pessoas e cotistas de Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi). Ainda nesse segmento a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou o Projeto de Lei (PL 3954/2023 que altera diversos pontos da Lei de Licitações14.133/21) que permite às empresas contratadas ofertarem títulos de Capitalização para garantir a execução dos serviços já licitados, projetando oferecer maior segurança jurídica em operações que utilizem títulos como garantia nas licitações e contratações públicas de obras e serviços.

Diante da maior frequência de fenômenos climáticos extremos com significativos riscos e danos às pessoas, patrimônio e infraestrutura pública que o país tem vivenciado, a entidade apresentou proposta ao Ministério da Integração Nacional e do Desenvolvimento Regional da criação do Seguro Obrigatório de Catástrofe (substitutivo ao PL 1.410/22), abrangendo inundações, alagamentos ou desmoronamentos relacionados a chuvas, cobrindo danos materiais e morte.

Além disto, assinou termo de cooperação com a ICLEI (sigla da ONG Governos Locais pela Sustentabilidade) visando o desenvolvimento de seguro para voltado à cobertura de danos causados por eventos climáticos a infraestruturas urbanas, oferecendo às cidades participantes desse processo subsídio do banco de desenvolvimento da Alemanha – KfW, reduzindo o custo do seguro via contribuição do banco. Intitulado de “Mecanismo de Seguro para Infraestruturas Urbanas”, objetiva facilitar as decisões na gestão de risco de desastres em localidades atingidas por incidentes meteorológicos extremos e auxiliar sua reação financeira.

O Projeto de Lei Complementar 29/17 teve nova atenção junto ao Congresso Nacional. Trata-se do novo marco regulatório dos seguros que pretende estabelecer maior transparência entre empresas e consumidores tratando assuntos como prazos e carências, coberturas das apólices, responsabilidades das seguradoras, destacando-se entre estas o prazo para o pagamento de sinistros. Objetiva-se com estas mudanças fazer avançar o consumo de seguros.

O uso da tecnologia cresce rapidamente no universo securitário, seja através da aplicação de IA, drones e processos não presenciais, destacando-se o surgimento de Insurtechs e/ou sua fusão/aquisição por seguradoras tradicionais. Nota-se que a busca por produtos personalizados, contratação e distribuição mais rápidas bem como liquidação de sinistros mais simplificadas implicam na utilização de mais e melhores processos, passando estes por avanços tecnológicos, cada vez mais aprimorados e focados na experiência do cliente, facilitando o contato/contratação desse tipo de produto. Por outro lado, a detecção de fraudes auxiliada por algoritmos de machine learning mitigam riscos via identificação de padrões suspeitos. Dessa forma, as seguradoras podem se prevenir quanto a perdas financeiras que podem ser causadas pelas ações fraudulentas. Note-se que, também, a aplicação de tecnologia em apoio ao Call Center, pode auxiliar o atendimento de dúvidas e/ou remessa de informação/documentação mais rapidamente, por exemplo.

Estamos observando um ambiente que tendência a disruptura digital, trazendo inovações tecnológicas necessárias e formar alianças com empresas que forneçam as tecnologias necessárias a esse novo ambiente pode ser determinante para o sucesso.

Na linha de modernização, a Susep através da plataforma Gov.br disponibilizou, desde 13 de novembro, o acesso aos próprios Segurados para consulta de seguros de automóvel, habitacional, patrimonial (por exemplo, residencial), responsabilidade, rural e riscos financeiros. Segundo a Susep, o acesso trará benefícios aos segurados, que poderão gerenciar suas relações econômicas e os seus dados; à Susep que terá mais informações dos segurados sobre os produtos que estão em seu nome, e; aos seguradores que ficarão mais protegidos em um mercado no qual a fiscalização é mais correta e eficaz.

A Fenacor está atenta e valoriza o Open Insurance. Através de associações com a ENS, Ibracor e outros players busca viabilizar a participação dos corretores criando o OpenCor Brasil (primeira SPOC brasileira).

Cada vez mais relevante às empresas do mercado de seguros é a observação aos princípios e práticas de ESG (Environmental, Social and Governance). As seguradoras e demais empresas ligadas ao mercado podem obter benefícios significativos com práticas estratégicas que incluem o aprimoramento de reputação, redução de perdas e participando de ações em prol de uma sociedade e planeta melhores.

Muitos são os fatos e tendências que se fizeram presentes neste ano e o caminho futuro parece apontar nessas mesmas direções.

Modernização, simplificação, transparência e responsabilidade social se fazem cada vez mais presentes no dia a dia do mercado e a adaptabilidade e velocidade se tornam elementos chave na equação de sucesso das empresas que pretendem prosperar no segmento de seguros.

Segurador Brasil – edição 182 – dez/23 – pgs.7,8,9

https//:Edição 182 | Revista Segurador Brasil

Dilmo Bantim Moreira

Conselheiro do CVG/SP, administrador pós-graduado em Gestão de Seguros e Previdência Privada, atuário MIBA, especialista em Seguros de Pessoas, participante de comissões técnicas de Produtos de Risco da FenaPrevi e de Seguro Habitacional da FenSeg, docente em Seguros de Pessoas, Previdência Complementar, Saúde, Capitalização e colunista em mídias de seguros.


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