Webinar da CNseg debate sobre os caminhos para se alcançar uma sociedade mais igualitária e justa

O webinar contou com a participação de Íris Pereira Barbosa Barreira, que é conselheira da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e co-fundadora e conselheira do Instituto Pactuá; de Renata Santos, superintendente de Transformação de Custos na Liberty Seguros, e Jorge Fagundes, que atua nas áreas de compliance, governança, ESG, PLD e gestão de riscos na Liberty Seguros, sendo moderado pela diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da CNseg, Ana Paula de Almeida Santos.

De acordo com Ana Paula, o webinar também teve o papel de refletir sobre as ações necessárias para se construir uma sociedade mais inclusiva, onde as pessoas sejam vistas pelas suas potencialidades e não por sua etnia ou seu gênero.

Em um país onde os negros, apesar se representarem mais da metade da população, são 75% dos mais pobres e 64% dos desempregados, os desafios para se acabar com as desigualdades são enormes, mas estamos avançando, segundo Íris, ainda que de forma muito lenta. “Estamos na direção certa, mas, nesse ritmo, levaremos mais de 100 anos para acabar com a desigualdade”, afirmou.

Para os negros e negras como ela mesma, aconselhou a não se deixarem intimidar frente àqueles que tentam dizer que eles não são capazes de ascender profissionalmente. “Se você se propuser a fazer algo, faça com amor e disciplina e esteja preparado para as oportunidades, pois nunca se sabe quando elas vão aparecer”.

Mas como explicou Iris, um ambiente profissional mais diverso não é vantajoso apenas para os indivíduos, mas também para as empresas, que obtém, em média, 17% a mais de engajamento e 9% a mais de lucro.

Renata Santos, que está há 23 anos na Liberty, onde encontrou um ambiente acolhedor, afirmou sentir-se na obrigação retribuir e ajudar a abrir portas para os que chegam. Trabalhando há 8 anos com diversidade, equidade e inclusão, afirmou que atua para mostrar às pessoas que a realização de sonhos, apesar de não ser fácil, é possível. “Tenho muito orgulho da história que construí e de ter chegado no patamar que cheguei mas, ao mesmo tempo, fico triste em saber que o percentual de mulheres negras como eu em posições semelhantes ainda é muito baixo”

Jorge Fagundes, por sua vez, também de origem humilde, disse ter sido muito impactado positivamente pelas ações afirmativas no início da carreira, demonstrando o seu orgulho por saber que seus filhos já não precisarão delas. “As cotas existem para fornecer oportunidades iguais e espero que chegue o dia em que sejam desnecessárias”.

Quando questionados pela moderadora sobre as principais barreiras profissionais enfrentadas, os participantes foram unânimes em afirmar que a cobrança de inglês fluente e de estudo em faculdade de ponta para quem está começando limita muito o acesso das pessoas de origem mais humilde que, muitas vezes, são os mais comprometidos e dedicados, dispostos a não desperdiças as oportunidades.

“Não dá pra querer contratar só pessoas ‘prontas’, que já possam produzir imediatamente. Contrate alguém com potencial e comprometimento, pois quem vem de baixo tem um gás, uma energia, uma vontade e uma vivência que são competências necessárias para qualquer negócio”, afirmou Íris. E, concordando com a afirmação, Renata complementou afirmando que o tema da diversidade, equidade e inclusão deve fazer parte de agenda estratégica de todas as empresas.

“Todos precisam se engajas na luta por uma sociedade mais inclusiva, mesmo as pessoas brancas que desejam um ambiente com menos violência e insegurança para os seus filhos”, disse Íris. E, citando Martin Luther King, afirmou que o que a preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.