Escândalo nas Americanas: É possível que a indústria dos seguros seja afetada pelo ocultamento de informações financeiras nos balanços da varejista?
Todos têm conhecimento do que ocorreu com as Americanas, e certamente ninguém desejava esse desfecho. No entanto, os acionistas, em um piscar de olhos, viram seus investimentos quase se evaporarem. Mas afinal, o que realmente aconteceu? Por que isso não foi detectado anteriormente nas diversas auditorias? Por que só se tornou evidente com a declaração de um novo dirigente que logo em seguida renunciou?
Como investidor de seguradoras, e considerando isso ao ler um comentário recente, senti-me preocupado com o que foi relatado: "Mas o que chama a atenção dos especialistas foi como o balanço da Americanas 'escondeu' os R$ 20 bilhões, já que as dívidas bancárias, assim como os juros da transação, foram pagos às instituições financeiras. Para André Pimentel, que atuou na reestruturação das Americanas nos anos 1990, '[...] é em como eles arrumaram um jeito de pagar os juros e justificar uma saída de caixa, sem dizer que eram juros e sem que isso impactasse os resultados'" (LEIA AQUI.).
Deixo claro que o parágrafo anterior não representa a minha opinião, mas ressalta uma importante desconfiança mencionada no texto. Tal contrariedade me faz refletir sobre a possibilidade de haver uma discrepância entre o balanço de uma empresa com ações no mercado e a realidade dos fatos. Portanto, enfatizo a importância dos objetivos das grandes empresas seguradoras e seus investimentos, bem como da Auditoria que conheça os caminhos do desvendar tudo para validar esses objetivos.
Gostaria de ilustrar esse ponto com um exemplo hiperbólico, que não se relaciona com a realidade, mas que serve para ilustrar a questão:
‘No país chamado Descontrole, havia um problema grave na indústria do seguro. Como todo dinheiro deixava um rastro, como poderiam conseguir investimentos para áreas sensíveis? Havia quatro vertentes de uma empresa do mesmo setor que deveriam receber esses investimentos. A ideia inicial foi genial: eles pediram o investimento ao principal funcionário da outra empresa, e em gratidão, devolveram uma parte considerável do valor recebido. Mas o que concedera o investimento esconderia isso em seu balanço, utilizando uma regra muito específica que dava viés e sustentabilidade aos atos praticados.
Mas o que aconteceu depois? Quem pediu o investimento se tornou amigo de quem concedeu o investimento e criou-se um laço afetivo enorme entre eles, a ponto dessa relação ser confundida como sendo uma única coisa de irmandade, o que era proibido totalmente em Descontrole. Imagine: quem pediu não podia ouvir um não, pois estava preso pela palavra e pelo presente recebido. Também, existia um vício de proporções avassaladoras. Assim, um projeto conectava tudo, e todos participavam das mesmas festas e sempre eram vistos juntos e abraçados. A auditoria, infelizmente, não sabia onde procurar o problema, que poderia abrir um buraco no balanço, e o código de ética e compliance não existiam em Descontrole.
A falta de accountability pode ter sido um outro problema grave para empresas de capital aberto deste setor em Descontrole, como testemunhado pelo caso da Americanas, no qual os acionistas foram pegos de surpresa por informações incorretas no balanço. Isso resultou em um desastre tanto para o acionista de referência quanto para os demais investidores, levando a críticas contra a empresa de auditoria. É fundamental, portanto, que as empresas mantenham transparência em seus balanços e garantam que as informações estejam disponíveis para os acionistas. Embora não haja notícias de casos semelhantes na indústria do seguro, é primordial fechar todas as brechas que possam prejudicar o acionista e garantir que ninguém possa alegar ignorância sobre a importância da transparência e do uso indevido do dinheiro e do lucro do acionista .
Armando L. Francisco
Jornalista e Corretor de Seguros
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