Impactos da COVID-19 nas empresas norteiam rumos da sociedade
FX Retail Analytics, F360º e Eu Entrego mostram mudança nos hábitos de consumo; Digicarro, Synapcom, Xaza, UPX, We Nutz e Zukerman são exemplos de empresas que adotaram medidas de prevenção e mudaram seus processos
O que começou como preocupação se transformou em pandemia. O coronavírus (COVID-19) surgiu na China, mas rapidamente se espalhou pelo mundo, exigindo que empresas e pessoas repensem seus hábitos e, principalmente, adotem medidas diferentes tanto no trabalho quanto na vida pessoal.
Além da higienização constante, a principal recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para conter o avanço da doença é manter a quarentena e o isolamento. Ou seja, eventos precisaram ser cancelados, e as organizações diminuíram a concentração de funcionários em seus escritórios.
É uma medida impactante, sem dúvida, mas necessária. O primeiro caso de brasileiro foi registrado em 26 de fevereiro. Vinte dias depois, em 18 de março, o país já contabilizava 428 casos confirmados, 11.278 suspeitos e quatro mortes, de acordo com o Ministério da Saúde. É uma evolução pior que a da Itália, país que mais sofre com a COVID-19. Em vinte dias, o país europeu tinha apenas três casos confirmados.
Mais do que a adoção de novas técnicas, como home office, videoconferência e aplicativos de organização, o atual momento provoca grandes alterações na sociedade como um todo. De uma hora para outra, a residência das pessoas passou a ser, ao mesmo tempo, o escritório e a opção de lazer.
Quais são os impactos da COVID-19 no dia a dia das empresas?
A recomendação de evitar aglomerações e ficar em isolamento mudou a rotina das empresas brasileiras. Home office certamente é uma alternativa necessária neste momento, mas diversas companhias adotaram outras medidas de prevenção. Confira alguns exemplos:
- Digicarro: a startup que atua no mercado automotivo já tem uma dinâmica flexível no cotidiano, com dias de home office para os funcionários. Com o surto da COVID-19, a empresa ampliou a jornada fora do escritório. Há apenas uma reunião semanal para alinhar demandas.
- Synapcom: especializada em soluções full service para comércio eletrônico, está tomando ações preventivas por estar próxima de ponto de contágio do coronavírus na capital paulista: a região da Vila Olímpia. A empresa definiu uma agenda de revezamento para trabalho em home office, válida para as próximas semanas.
- Xaza: a plataforma de intermediação de imóveis possui um negócio totalmente digital. Dessa forma, a equipe inteira está trabalhando remotamente, enquanto reuniões e treinamentos com corretores foram cancelados até a situação se normalizar. A atuação da empresa permite essa dinâmica, até mesmo com visitação virtual de imóveis em seu site.
- UPX: a empresa de cibersegurança ampliou o estoque de álcool em gel em todos os departamentos e está realizando campanhas de endomarketing para orientar os funcionários sobre boas práticas e recomendações além disso, preparou uma estrutura de telefonia para home office, definindo áreas sensíveis, como operações e redes, para o trabalho remoto e instalou alarmes adicionais para sensores importantes de sua infraestrutura de segurança.
- We Nutz: a marca de produtos alimentícios saudáveis elaborou um plano para reforçar as vendas via direct to consumer, ou seja, entregar diretamente à pessoa em casa. Além disso, articulou novos horários para os funcionários evitarem períodos de pico no transporte público e os orientou sobre mitos e verdades acerca da COVID-19.
- Zukerman: a empresa especializada em leilões de imóveis estipulou diretrizes para organizar o trabalho em home office, preparando a estrutura para atender 100% do quadro de funcionários. Outra medida adotada foi o cancelamento de reuniões presenciais e o estímulo de videoconferência.
E como isso muda o hábito de compra dos brasileiros?
Além das empresas mudarem seus processos, houve uma transformação significativa no consumo dos brasileiros. O Índice de Performance do Varejo (IPV), realizado em conjunto pela FX Retail Analytics, especializada em monitoramento de fluxo para o varejo, e pela F360º, plataforma de gestão de varejo para franquias, pequenos e médios varejistas, mostra queda abrupta no fluxo de visitantes em pontos de venda de todo o país nos dias 14 e 15 de março de 2020.
Na comparação com o fim de semana anterior (7 e 8 de março), a queda foi de 18,89% em lojas físicas e de 23,04% em shopping centers. Em relação ao mesmo fim de semana do ano anterior, o recuo foi de 19,87% em lojas físicas e de 20,33% nos centros de compras.
O levantamento também fez um comparativo entre lojas de rua e lojas de shopping centers. Os pontos de venda em ruas tiveram queda de 3,56% em relação ao fim de semana anterior e de 2,37% no ano anterior. As lojas inseridas em centros de compras sofreram mais: recuo de 23,93% na comparação com o fim de semana anterior e de 23,84% com o mesmo período de 2019.
Como era de se esperar, o segmento “drogaria” é o único que registrou aumento no fluxo de consumidores no fim de semana dos dias 14 e 15 de março. No total, houve crescimento de 37,14% em relação ao fim de semana anterior e de 35,01% no mesmo período do ano anterior.
Se as pessoas estão deixando de ir às lojas, elas estão buscando alternativas para continuarem comprando. Uma delas é a opção do delivery. A startup de entregas colaborativas Eu Entrego registrou aumento no número de demandas dos seus clientes do setor de supermercados. Segundo dados da empresa, na última semana (8 a 15 de março), houve aumento de 30% e, com a movimentação da segunda-feira (16), a expectativa é chegar a 50% até o fim de semana (20 a 22 de março).
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