Repercussões da COVID-19 podem ser mais graves para pacientes com condições hematológicas que afetam a imunidade
De acordo com especialista do Hospital Santa Catarina - Paulista, indivíduos com complicações onco-hematológicas estão entre os mais impactados
Mesmo que muitos dos fatores fisiológicos relacionados ao agravamento da infecção causada pelo coronavírus seguem desconhecidos, estudos recentes identificaram que a presença de determinadas complicações sanguíneas pode influenciar na gravidade dos quadros. De acordo com o coletivo científico Accelerating Progress in Hematology, a taxa de mortalidade da COVID-19 para pacientes com condições hematológicas cancerígenas que não necessitam de hospitalização é 20% maior. Quando a hospitalização é necessária, essa taxa sobe para 33%. Não são apenas as complicações oncológicas que geram esta vulnerabilidade. Indivíduos com doenças sanguíneas que necessitam de tratamento com imunossupressores, como a anemia falciforme, também são mais suscetíveis a quadros agravados da COVID-19, devido aos impactos destes medicamentos na imunidade. Além disso, o receio popular associado à permanência em espaços públicos durante a pandemia afetou diretamente as campanhas de doação de sangue, que são essenciais para o tratamento de determinadas complicações desta natureza. Por isso, pacientes com doenças hematológicas devem tomar cuidado redobrado neste cenário.
O possível agravamento de quadros causados pela COVID-19 não é a única associação entre o vírus e as doenças do sangue. Estudos recentes mostraram que, em casos graves, a infecção também pode levar a repercussões sanguíneas que são capazes de atingir qualquer indivíduo, independentemente da presença de patologias adicionais. Visando compreender a totalidade das manifestações causadas pela COVID-19, a Universidade Federal de Juiz de Fora, em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz, conduziu uma pesquisa que identificou que, para determinados quadros, o vírus é capaz de incitar um processo excessivo de coagulação do sangue. De acordo com a Dra. Adriana Penna, hematologista do Hospital Santa Catarina - Paulista, este fenômeno pode levar a uma maior probabilidade para o desenvolvimento de complicações associadas à trombose. "Em casos graves, esse excesso na coagulação aumenta o risco da incidência de eventos trombóticos em 16%. Para efeito de comparação, indivíduos saudáveis possuem um risco inferior a 1% para o desenvolvimento desta condição", adiciona a especialista. Vale notar que, mesmo afetando o sangue, este fenômeno não está associado aos fatores conhecidos que levam ao agravamento de quadros da COVID-19 em pacientes hematológicos.
Leucemia e Anemia podem agravar infecção pela COVID-19
Entre as doenças sanguíneas que podem influenciar a gravidade da infecção pelo coronavírus está a leucemia que, ao lado da anemia, protagoniza a campanha de conscientização neste mês. A leucemia é um tipo de câncer que afeta a formação das células de defesa do sangue, chamados de leucócitos. Por isso, pacientes com esta complicação possuem organismos que enfrentam maiores dificuldades na resposta a infecções. Uma pesquisa publicada no periódico científico The Lancet identificou que indivíduos com quadros onco-hematológicos, como a leucemia, têm maior chance de desenvolver casos graves de COVID-19 do que pacientes com outros tipos de câncer. "As neoplasias (cânceres que afetam o sangue), em geral, têm se apresentado como um fator de risco expressivo para o desenvolvimento de quadros graves relacionados ao coronavírus. Percebemos internamente que pacientes com leucemia, em fase inicial de tratamento para a COVID-19, têm manifestado sintomas piores do que aqueles que não possuem a condição. Isso foi notado principalmente entre aqueles com leucemias agudas.", adiciona a especialista.
Os principais sintomas associados à doença incluem a perda irregular de peso, fadiga, incômodos na região abdominal, febres e infecções frequentes, surgimento de manchas vermelhas na pele e hemorragias recorrentes. Mesmo assim, a leucemia de crescimento lento pode ser assintomática, o que reforça a relevância de um diagnóstico precoce. Para aqueles já diagnosticados com a doença, o tratamento indicado envolve diversas etapas que mesclam a quimioterapia, junto com a prevenção ou controle de repercussões da doença no sistema nervoso e o combate a complicações infecciosas e hemorrágicas, que podem surgir como consequência. Em determinadas circunstâncias, é indicado o transplante de medula ou, até mesmo, a transfusão de sangue - recurso que foi consideravelmente impactado durante a pandemia.
Já no caso da anemia, complicação hematológica de grande incidência no Brasil, não existem estudos que associam a condição diretamente ao agravamento de quadros relacionados a COVID-19. "Mesmo assim, para indivíduos com anemia do tipo falciforme sabe-se que, devido a imunossupressão característica da doença, há uma maior vulnerabilidade do sistema imunológico, o que pode levar ao agravamento da infecção pelo coronavírus", completa a Dra. Penna. Esta condição é caracterizada por uma deficiência na quantidade de glóbulos vermelhos no sangue, o que gera uma redução na circulação de oxigênio. Entre os sintomas associados à doença estão a pressão baixa, fadiga, tontura, branqueamento de regiões como gengiva e olhos, falta de ar e dores musculares irregulares. No caso de um diagnóstico confirmado, o tratamento irá depender da origem da condição, que pode variar de acordo com o quadro. Para quadros agravados, existe a possibilidade de tratamentos mais radicais, como o transplante de medula óssea. Vale notar que pacientes acometidos pela anemia do tipo falciforme necessitam de acompanhamento médico por toda a vida.
Doação de Sangue
Para quadros hematológicos em que o tratamento medicamentoso não é suficiente, como a leucemia, a transfusão de sangue pode se tornar necessária e, por isso, a continuidade das campanhas de doação são essenciais, principalmente em meio a pandemia. Segundo dados da Associação Beneficente de Coleta de Sangue, os bancos de sangue no país sofreram uma queda de 30% no número de doações neste novo cenário. Poucos sabem que este ato de solidariedade, realizado uma única vez, pode salvar até quatro vidas, o que reforça a relevância de campanhas que focam em conscientizar a população sobre a importância desta ação. Neste gesto, além do sangue, outros componentes também são doados, como plaquetas, hemácias, plasma e o crioprecipitado, que também são essenciais no processo de transfusão.
Visando garantir a continuidade deste serviço e a segurança dos doadores, o Hospital Santa Catarina - Paulista conduziu uma série de mudanças, alinhadas às recomendações da Organização Mundial da Saúde, no protocolo de atendimento do Banco de Sangue administrado pela Instituição. O doador pode acessar o Banco de Sangue diretamente, sem cruzar ou passar pelas áreas do hospital e sem contato com as áreas de internação. Os atendimentos são agendados, para evitar aglomerações, com limite de doadores por horário. Todos os cuidados com a higienização foram intensificados, assim como a lavagem de mãos, uso de antissépticos e higienização de instrumentos, superfícies e maçanetas. Por fim, todos os colaboradores seguem devidamente paramentados com os itens de proteção e vacinados de acordo com o PNI - Plano Nacional de Imunização.
SOBRE O HOSPITAL SANTA CATARINA
O Hospital Santa Catarina prima pela excelência no atendimento seguro e humanizado. Referência de qualidade em serviços de saúde no Brasil, atende desde pequenos procedimentos até cirurgias de alta complexidade. É parte da Rede Santa Catarina, uma instituição filantrópica que impacta na cadeia de valor produtivo do país e atua nos eixos da saúde, educação e assistência social, por meio de 19 Casas e cerca de 10,5 mil colaboradores, distribuídos em seis Estados brasileiros. Com infraestrutura moderna, equipamentos de última geração e profissionais altamente qualificados, o Hospital Santa Catarina dispõe de 316 leitos, sendo 79 de UTI, distribuídos em cinco Unidades de Tratamento Intensivo (neurológica, cardiológica, pediátrica, geral e multidisciplinar), 15 salas de cirurgias, 3 salas de centro cirúrgico minimamente invasivo e pronto atendimento 24 horas.
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