15,9% dos produtores rurais dos principais estados voltados ao agronegócio no país estão inadimplentes, revela estudo inédito da Serasa Experian
Percentual de pessoas com dívidas atrasadas do segmento é menor do que o do total da população adulta de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.
A Serasa Experian lança um estudo inédito para avaliar a taxa de inadimplência dos produtores rurais no país. Os dados, coletados em junho/21, mostram que 15,9% destas pessoas estão com contas em atraso nos estados com grande produção agrícola no Brasil: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. Considerando os dados gerais, a incidência é bem menor do que a da população adulta nestas regiões, que chega a 37,7% - a exceção é o Tocantins, único cuja inadimplência dos produtores rurais fica pouco acima da dos demais moradores do local.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, explica que a menor inadimplência pode ser um reflexo do melhor desempenho do setor durante a pandemia de Covid-19. “O agronegócio continuou gerando empregos e renda neste período, contando também com preços favoráveis à comercialização de seus produtos, por isso os ganhos dos produtores se mantiveram ou até cresceram, em alguns casos, fazendo que muitos conseguissem pagar as contas e evitassem a negativação”, comenta.
Uma exceção é o Tocantins, cujo alto índice de inadimplência do produtor rural se assemelha ao da população em geral. O levantamento indica que isso ocorre porque 64,4% dos trabalhadores do campo do local têm renda mensal de até R$ 2 mil. “Mais da metade dessas pessoas têm ganhos muito baixos, se compararmos com os demais estados analisados. Com o aumento dos insumos, contas básicas e a taxa de juros, fica mais difícil manter o orçamento doméstico em ordem e a inadimplência aumenta”, explica Rabi. Outros resultados mostram que o Paraná reúne o menor percentual de produtores rurais com renda mensal de até R$ 2 mil (25,5%). Na sequência estão Santa Catarina (29,3%), Mato Grosso do Sul (31,8%), Mato Grosso (32,0%), Goiás (33,3%) e Rio Grande do Sul (51,2%).
Na análise por renda, há uma queda significativa da inadimplência entre os produtores rurais com ganhos acima de R$ 10 mil, enquanto a maior taxa está na faixa de R$ 2 mil a R$ 4 mil – veja no gráfico. Estas informações se refletem no score da maioria destes produtores rurais, que oscila entre 600 e 700 pontos em todos os estados analisados – exceto Tocantins, onde 72,0% ficam abaixo dos 600 pontos.
“O maior desafio para o setor é aumentar essa pontuação para que o acesso ao crédito seja facilitado, com condições e prazos maiores”, comenta Rabi. A Serasa Experian entrou recentemente no mercado de crédito agrícola, com o objetivo de facilitar o acesso ao crédito aos produtores e fornecer informações completas para a tomada de decisão mais segura e confiável para agentes financiadores por meio de soluções de ponta.
Produtores rurais idosos são menos inadimplentes
O estudo inédito também avalia a inadimplência dos produtores rurais por faixa etária. O estudo mostra que, a partir dos 41 anos, há uma redução até chegar aos produtores rurais com mais de 60 anos, que são os que menos deixam de honrar seus compromissos financeiros (14,1%). Os que mais devem são aqueles na faixa entre 31 a 40 anos (20,7%) –veja o gráfico completo abaixo. Um estudo realizado pela Serasa Experian em parceria com IBOPE Inteligência e o Instituto Paulo Montenegro, mostrou que as diferentes experiências e situações passadas ao longo da vida têm maior impacto na atitude e no comportamento do consumidor ao lidar com as finanças, o que pode indicar porque os produtores idosos devem menos, segundo Rabi.
Metodologia
O Estudo de Inadimplência do Produtor Rural foi realizado em junho de 2021, com uma amostra de 95 mil produtores rurais dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Tocantins.
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