Manejo sustentável garante aumento de produtividade da cana-de-açúcar em Goiás
A produção teve um incremento de cinco toneladas de cana por hectare após inovações sustentáveis no cultivo. Isso garante um volume maior de açúcar e etanol no mercado consumidor
Um grupo de produtores rurais em Goiás, que tinha uma produção média de 80 a 100 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, viu o negócio prosperar após mudanças na forma do cultivo. O grupo de Itumbiara apostou nos insumos sustentáveis e aumentou em 5% seu lucro final. “Com esse novo manejo, eles passaram a usar menos defensivos químicos, reduziram o custo de produção e tiveram um incremento na produtividade e no ATR (Açúcar Total Recuperável)”, como explica o agrônomo e doutor em sistema de produção, Joaquim Júlio de Almeida Júnior.
Para se ter ideia, quando um produtor de cana-de-açúcar tem esse aumento do Açúcar Total Recuperável significa que ele conseguiu aumentar a qualidade da cultura e consequentemente a capacidade de ser convertida em açúcar ou álcool. “No nosso caso, nós tivemos um aumento de cinco toneladas de cana por hectare”, conta Joaquim Júlio que foi responsável pelo processo produtivo e análise dos dados.
Na contramão da produtividade brasileira
Esses resultados deixam os produtores da região otimistas, já que o cenário atual da produção brasileira de etanol estima queda, como aponta o economista e CEO com experiência em agronegócios Daniel Antunes. De acordo com o especialista, o último levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apontou que o início da safra da cana 2021/2022 começou em ritmo lento e os motivos seriam o recuo na moagem e na qualidade da matéria-prima.
Segundo os dados da Unica, o nível de ATR na primeira quinzena de abril atingiu 108,73 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, contra 112,81 kg por tonelada na safra 2020/2021 (-3,62%). “Analisando os dados gerais da cultura da cana e os resultados obtidos pelo produtor de Goiás, é possível afirmar que ele conseguiu uma produtividade superior à demonstrada pela agricultura da cana na última década”, destaca o economista.
Ele afirma ainda que quando se fala em 5% de lucro final ou líquido, o mercado se refere a uma soma substancial, já que o setor sucroalcooleiro movimenta milhões e tem seu valor alinhado ao dólar. “Mas, é fundamental observar outros três pontos importantes em qualquer agricultura e que foi alcançado por este produtor: a melhor produtividade por hectare, a elevação da qualidade via incremento de ATR e a diminuição do custo de produção”, enfatiza o especialista em agronegócios.
Mudanças no manejo
Para conseguir se destacar na produção do açúcar e do etanol, a propriedade de Itumbiara mudou o manejo há dois anos. Segundo Joaquim Júlio, as mudanças feitas no manejo foram simples, mas de grande impacto para o solo e para a planta.
O especialista conta que foi usado o Fino de Micaxisto - um remineralizador e condicionador que auxilia na regeneração do solo e nutrição das plantas - aliado aos organominerais (produzidos na própria fazenda). “Com esse manejo, foi possível também produzir uma lavoura de cana com mais sanidade e maior resistência ao estresse hídrico, pontos fundamentais para essa alta da produtividade”, destaca Joaquim Júlio.
O doutor acrescenta ainda que com o uso do Fino de Micaxisto e o fertilizante orgânico foi possível obter uma maior produtividade em comparação com os outros tratamentos padrão já utilizados. “O uso de insumos naturais, apesar de estar retornando ao mercado produtor, é muito antigo, mas ficou esquecido há muitos anos. Com o apelo pela sustentabilidade e a busca de alimentos mais saudáveis, a prática está voltando com força total no meio produtivo”, avalia Joaquim Júlio.
O doutor acrescenta que os benefícios da produção sustentável são inúmeros, pois diminui o custo para o produtor, aumenta o lucro, possibilita alimentos com maior qualidade nutricional e garante a sustentabilidade do solo.
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