KPMG destaca tendências e desafios para o setor de agronegócio frente ao cenário de pandemia
Um levantamento da KPMG apontou as principais tendências e desafios para o setor de agronegócio no atual cenário de pandemia do novo coronavírus. O documento traz ainda considerações sobre o padrão de retomada para segmentos dentro do setor, considerando impactos da pandemia nas operações de produção e distribuição, assim como os impactos na demanda dos produtos finais.
Para a sócia-líder do setor de agronegócios da KPMG no Brasil, Giovana Araujo, dois padrões distintos de retomada de negócios pós-COVID 19 destacam-se no agronegócio.
"Neste cenário, temos o segmento de açúcar e etanol, um dos mais afetados, no qual predomina o padrão de transformar para emergir, e temos também grande parte do agronegócio, onde predomina o padrão de retorno ao normal", analisa.
Segundo o levantamento, alguns dos principais desafios enfrentados pelo setor de agronegócios em virtude pandemia são:
· Etanol: Forte queda de preços da gasolina nas refinarias no Brasil, pela queda dos preços internacionais do petróleo e derivados, com impacto nos preços do etanol (consumidor e produtor). Neste cenário, a revisão anunciada de contratos pelas distribuidoras de combustíveis agrava situação de preços e traz risco de fluxo de caixa. Há ainda uma preocupação com a capacidade de armazenamento de etanol.
· Açúcar: Maior parcela da produção da safra de 2020 e 2021 foi fixada a preços atrativos, o que atenua, parcialmente, o impacto da queda de preços do etanol. Por isso, há uma preocupação com o cumprimento de contratos.
· Energia de biomassa: Grande parte da energia exportada é sob regime de contratos, menor exposição ao mercado spot (mercado de entrega de mercadoria imediata e o pagamento à vista). Preocupação com cumprimento de contratos.
· Grãos: Desvalorização cambial ao final da colheita da safra favorece exportações. Não ocorreram rupturas relevantes nas operações e logística de exportação. Preocupação com cumprimento de contratos. Decisões sendo tomadas para plantio da próxima safra, trazendo preocupações sobre falta de moléculas importadas da China, ruptura logística na entrega de insumos, impacto do dólar forte na compra de agroquímicos, disponibilidade de crédito e custo do capital.
· Algodão: Maior parcela da safra vendida. Preocupação com cumprimento de contratos e demanda global pela competição com fibra sintética. Queda de preços internacionais influenciada pela queda dos preços de petróleo.
· Hortifruti: Redução da demanda de frutas e hortaliças na crise, em especial as mais perecíveis. Dificuldades de logística aérea para exportação.
As principais tendências para o segmento de açúcar e etanol destacadas pelo estudo são as seguintes:
· Foco na execução da safra, mitigando os riscos de operação (criação de reservas técnicas, aumento do tempo de safra e do estoque de insumos, revisão de turnos)
· Revisão do orçamento e fluxo de caixa da safra de 2020 e 2021, com foco na liquidez.
· Reestruturação financeira e refinanciamento da dívida.
· Foco em redução de custos e aumento da eficiência operacional da produção.
· Revisão dos contratos de trabalho à luz das mudanças governamentais
· Revisão do Capex (despesas de capital ou investimento em bens de capital), considerando paralisação de investimentos em capacidade de produção de etanol de milho.
· Judicialização de contratos.
· Medidas de apoio governamental setorial (CIDE, isenção de PIS/COFINS, etc).
· Maior apetite para diversificação de negócios (bioeletricidade, levedura, etc).
· Forte transformação digital em toda empresa, em especial na área agrícola.
Já as principais tendências para os demais segmentos do agronegócio destacadas pelo estudo são as seguintes:
· Foco em produtividade: fazer mais com menos, mitigar eventuais pressões de custos em virtude do impacto do dólar forte nos insumos.
· Repensar o negócio: processos, tecnologia, agregação de valor, aspectos ambientais, maior uso de biológicos, estrutura de capital.
· Maior comunicação entre agentes na cadeia e conectividade.
· Novos valores: cooperação, transparência e reputação.
· Forte transformação digital em toda empresa, em especial no front office, middle office e back office.
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