São Paulo Companhia de Dança realiza estreia mundial de duas obras na Temporada de Dança do Teatro Alfa 2022
Cena de Ibi – da Natureza ao Caos – Foto: Marcelo Machado | Cena de Odisseia - Foto: Rodolfo Dias Paes | Cena de Partita – Foto: Iari Davies
Nos dias 27 e 28 de agosto, o programa inclui ainda Odisseia, de Joëlle Bouvier, aclamada pela crítica europeia
A São Paulo Companhia de Dança (SPCD), gerida pela Associação Pró-Dança e dirigida por Inês Bogéa, volta a integrar a programação da Temporada de Dança do Teatro Alfa com a estreia mundial de obras de coreógrafos brasileiros e internacionais. No dia 27 de agosto, às 20h, e no dia 28 de agosto, às 18h, o público confere a primeira criação da coreógrafa paulistana Gal Martins e uma obra inédita do americano Stephen Shropshire, coreógrafo-residente da Companhia desde 2020.
Da palavra tupi-guarani Ibi, que significa terra, chão que se pisa, nasce a criação de Gal, que reflete sobre a questão do pós-isolamento da sociedade e sobre a falta de conexão do homem com a natureza. Inspirada em “O Amanhã Não Está a Venda”, de Ailton Krenak, e em diálogo com suas pesquisas sobre ancestralidade e o devir-animal, a obra é dividida em três momentos. No primeiro momento a coreógrafa quis trazer a ideia da terra arrasada, da provocação, da animalidade como potência e como isso se reconstrói. Na segunda parte, os intérpretes entram em contato com ‘eu’ individual e sua ancestralidade numa batalha contra as adversidades, e no terceiro, vemos uma reflexão sobre aquilo que aprendemos ao longo desta jornada. Segundo Gal, a ideia é “continuarmos insistindo em sermos o que somos”.
Shropshire, por sua vez, terá seu primeiro encontro presencial com a Companhia após dois anos de coreografias desenvolvidas em formato remoto, que resultaram em Rococo Variations (2020) e no videodança Marmórea (2021). “Partita” é a terceira criação dele para a São Paulo Companhia de Dança, inspirada na pintura do artista renascentista Pieter Bruegel (1525-1569) “Landscape with the Fall of Icarus” (1555), em diálogo com o poema homônimo escrito, em 1939, por William Carlos Williams (1883-1963). Com um figurino minimalista, o bailarino explora o espaço cênico e reescreve cada letra dos versos do poeta, em diálogo com os gestos dos outros intérpretes. Uma bailarina, ao canto da cena, soletra o texto completo no ar, que ganha ainda mais potência a cada frase dançada. Sob três movimentos contemporâneos da “Partita, Perihelion”, de Margaret Schedel e Mikylah Myers McTeer, instrumentos como flauta e violino ganham nuances eletrônicas. A peça instiga o espectador a perceber as interpretações e sensações do que se vê no próprio corpo. Uma obra “abstrata e desafiadora, com pessoas normais fazendo coisas extraordinárias”, revela o coreógrafo.
O programa se completa com Odisseia, da francesa Joëlle Bouvier, que teve sua première em 2018 justamente na Temporada de Dança do Teatro Alfa. Cinco anos após a estreia, a obra – que fala sobre imigração e sentimento de pertencimento – ganha novas camadas de sentido após as turbulências vividas no mundo nos últimos tempos.
“Nos tempos de hoje, a imigração é uma questão gigantesca. Os jovens partem em massa de onde vivem para refazer suas vidas em outro lugar. Este é um tema que me chama muito a atenção e ver esta criação novamente no palco e sentir que a vida está sendo retomada me proporciona uma alegria enorme”, afirma Joëlle.
A abordagem poética da coreógrafa para um tema contemporâneo recebeu aclamação da crítica europeia nas turnês realizadas pela Companhia na Alemanha e na França entre 2021 e 2022. Sobre Odisseia, a jornalista Claudia Schuller escreveu no jornal alemão Fürther Nachrichten: “Esta é uma odisseia ao mesmo tempo política e clássica. Cheios de dor, os bailarinos correm, fecham os olhos, caem e voltam a se levantar. É comovente ver como o esforço e a tensão formam círculos de proteção solidárias. Trata-se de uma odisseia moderna”.
Espetáculo Gratuito para Estudantes e Terceira Idade
Essa ação faz parte do eixo Educativo da São Paulo Companhia de Dança desde seu início. No dia 26 de agosto, às 20h, além de assistirem as apresentações, a plateia pode conhecer de perto o processo de criação e montagem das obras que estarão no palco em um bate papo guiado pela diretora artística, Inês Bogéa. “É sempre uma emoção receber os estudantes, muitos pisando pela primeira vez em um teatro, e dividir com eles sobre essa arte que nos move. É um momento em que podemos ver ao vivo o poder transformador da dança, pois todos saem diferentes de como entraram”, conta Inês.
Para participar desse espetáculo, as instituições devem fazer a reserva de vagas pelo email ou pelo telefone (11) 3224-1380.
Sobre os coreógrafos
STEPHEN SHROPSHIRE | O artista americano é coreógrafo, curador e pesquisador independente de dança, graduado pela Juilliard School em Nova York com mestrado em Artes e Patrimônio pela Universidade de Maastricht. Entre 2009 e 2012, foi o diretor artístico da Noord Nederlandse Dans, na Holanda. Em 2016, criou uma fundação com seu nome. Em 2017, Shropshire recebeu um prêmio de honra especial do Dansersfonds ‘79 pela “consistente harmonia estética em seu trabalho”.
GAL MARTINS | Artista e pensadora em dança há 25 anos, arte-educadora, gestora cultural, curadora e cientista social. Fundou a Cia Sansacroma (2002), grupo paulistano de dança contemporânea preta, e a Zona Agbara (2006), grupo de dança formado por mulheres negras e gordas. Criou a metodologia de criação e formação em dança denominada A Dança da Indignação. Recebeu diversas indicações e premiações da APCA e, em 2021, ganhou o Prêmio Governador do Estado na categoria Cultura Urbana. Atua como supervisora artístico-pedagógica das Fábricas de Cultura.
JOËLLE BOUVIER | Uma das pioneiras da Nouvelle Danse francesa, iniciou sua carreira solo em 1998 e fundou o grupo L’Esquisse, em 1980, juntamente com o coreógrafo Régis Obadia. Coreógrafa e diretora de cinema, foi também vice-diretora do Centre Choréographiques National de Havre e vice-diretora do Centre National de Danse Contemporaine em Angers. Recebeu vários prêmios ao longo da sua carreira.
FICHA TÉCNICA
Odisseia (2018)
Coreografia: Joëlle Bouvier
Música: Trechos de Bachianas Brasileiras, de Heitor Villa Lobos; trechos de A Paixão Segundo São Mateus, de Johann Sebastian Bach; Melodia Sentimental, de Villa Lobos (letra de Dora Vasconcellos)
Poema: Pátria Minha, de Vinícius de Moraes
Texto: Irène Jacob
Iluminação: Renaud Lagier
Figurino: Fabio Namatame
Assistentes de Coreografia: Emilio Urbina e Rafael Pardillo
Partita (2022)
Coreografia, Figurino e Iluminação: Stephen Shropshire
Música: Partita, Perihelion I, II e III (Allamande; Sarabande e Gigue) de Margaret Anne Schedel, interpretada por: Schedel e Mikylah Myers
Ibi - da Natureza ao Caos (2022)
Concepção e Direção Coreográfica: Gal Martins
Trilha Sonora Original: Dani Lova (direção musical e criação) com voz e contribuição artística de Thais Dias
Figurino e Visagismo: Gil Oliveira
Iluminação: Camila Andrade
Cenografia e Adereços: Caio Marinho
Cenotécnico: Pedro Paes
Assistente de Figurino: Bábi Batista e Giselle Carvalho
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA
Direção Artística | Inês Bogéa
Criada em janeiro de 2008, a São Paulo Companhia de Dança (SPCD) é um corpo artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Pró-Dança e dirigida por Inês Bogéa, doutora em Artes, bailarina, documentarista e escritora. A São Paulo é uma Companhia de repertório, ou seja, realiza montagens de excelência artística, que incluem trabalhos dos séculos XIX, XX e XXI de grandes peças clássicas e modernas a obras contemporâneas, especialmente criadas por coreógrafos nacionais e internacionais. A difusão da dança, produção e circulação de espetáculos é o núcleo principal de seu trabalho. A SPCD apresenta espetáculos de dança no Estado de São Paulo, no Brasil e no exterior e é hoje considerada uma das mais importantes companhias de dança da América Latina pela crítica especializada, tendo recebido cerca de 40 premiações e indicações nacionais e internacionais. Desde sua criação, já foi assistida por um público superior a 900 mil pessoas em 18 diferentes países, passando por cerca de 150 cidades em mais de 1.100 apresentações e acumulando mais de 40 prêmios nacionais e internacionais. Por meio do selo #SPCDdigital, criado em 2020, realizou mais de 40 espetáculos virtuais e transmissões de apresentações que somam quase um milhão visualizações. Além da Difusão e Circulação de Espetáculos, a SPCD tem mais duas vertentes de ação: os Programas Educativos e de Sensibilização de Plateia e Registro e Memória da Dança.
INÊS BOGÉA - Direção Artística | É doutora em Artes (Unicamp, 2007), bailarina, documentarista, escritora, professora nos cursos de especialização Arte na Educação: Teoria e Prática da Universidade de São Paulo (USP) e Pós-Graduação em Linguagem e Poética da Dança: Documentário, Memória e Dança da Universidade Regional de Blumenau (FURB) em parceria com a Fundação Fritz Muller (FFM). É autora do “Por Dentro da Dança” com a São Paulo Companhia de Dança na Rádio CBN. De 1989 a 2001, foi bailarina do Grupo Corpo (Belo Horizonte). Foi crítica de dança da Folha de S. Paulo de 2001 a 2007 e integrou o júri técnico/crítico do quadro Dança dos Famosos do programa Domingão do Faustão/TV Globo de 2016 a 2021. É autora de diversos livros infantis e organizadora de vários livros. Na área de arte-educação foi consultora da Escola de Teatro e Dança Fafi (2003-2004) e consultora do Programa Fábricas de Cultura da Secretaria de Cultura do Estado (2007-2008). É autora de mais de quarenta documentários sobre dança. Desde 2022 é também diretora artística e educacional da São Paulo Escola de Dança, mais novo equipamento cultural do Governo do Estado de São Paulo.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
https://www.facebook.com/groups/portalnacional/
<::::::::::::::::::::>
IMPORTANTE.: Voce pode replicar este artigo. desde que respeite a Autoria integralmente e a Fonte... www.segs.com.br
<::::::::::::::::::::>
No Segs, sempre todos tem seu direito de resposta, basta nos contatar e sera atendido. - Importante sobre Autoria ou Fonte..: - O Segs atua como intermediario na divulgacao de resumos de noticias (Clipping), atraves de materias, artigos, entrevistas e opinioes. - O conteudo aqui divulgado de forma gratuita, decorrem de informacoes advindas das fontes mencionadas, jamais cabera a responsabilidade pelo seu conteudo ao Segs, tudo que e divulgado e de exclusiva responsabilidade do autor e ou da fonte redatora. - "Acredito que a palavra existe para ser usada em favor do bem. E a inteligencia para nos permitir interpretar os fatos, sem paixao". (Autoria de Lucio Araujo da Cunha) - O Segs, jamais assumira responsabilidade pelo teor, exatidao ou veracidade do conteudo do material divulgado. pois trata-se de uma opiniao exclusiva do autor ou fonte mencionada. - Em caso de controversia, as partes elegem o Foro da Comarca de Santos-SP-Brasil, local oficial da empresa proprietaria do Segs e desde ja renunciam expressamente qualquer outro Foro, por mais privilegiado que seja. O Segs trata-se de uma Ferramenta automatizada e controlada por IP. - "Leia e use esta ferramenta, somente se concordar com todos os TERMOS E CONDICOES DE USO".
<::::::::::::::::::::>
Adicionar comentário