Galeria Raquel Arnaud apresenta: Carlos Zilio – Tamanduá em queda
Inauguração dia 12 de março, sábado, das 11h às 15 h
Visitação: de 14 de março a 23 de abril de 2022
Depois de expor na galeria em 2019 um conjunto de telas produzido no período entre 1978 e 1986, que demarca o momento pelo qual o Zilio opta pela pintura como suporte principal, o artista traz nesta individual telas inéditas em grandes, médias e pequenas dimensões, concebidas entre 2019 e 2021, com figuras de tamanduá que sublinham vínculos afetivos.
As 17 obras (óleo e técnica mista sobre tela) reunidas remetem à relação do pai de Zilio, ainda criança, com o animal que se tornara seu bicho de estimação, quando morava numa pequena cidade do Rio Grande do Sul, no início do século XX. Em certa ocasião, ele teve de viajar e o tamanduá mirim, irrequieto com sua ausência, parou de comer. Como era de costume do animal, ao descer a escada pelo corrimão, enfraquecido, acabou batendo o focinho e morreu.
Desde que seu pai faleceu em 1986 esta narrativa surge no trabalho de Zilio e o tamanduá aparece em algumas pinturas da época para retornar com ênfase a partir de 2006. “A falta do meu pai e a vivência do luto se expressavam na nostalgia de uma proximidade com a natureza que a civilização perdera”, diz o artista.
Ao dar o título da exposição Tamanduá em queda, Zilio cita o pensamento de Walter Benjamin sobre um quadro de Klee intitulado Angelus Novus:
“representa um anjo que parece preparar-se para se afastar de qualquer coisa que olha fixamente. Tem os olhos esbugalhados, a boca escancarada e as asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Voltou o rosto para o passado. A cadeia de fatos que aparece diante dos nossos olhos é para ele uma catástrofe sem fim, que incessantemente acumula ruinas e lhas lança aos pés. Ele gostaria de parar para acordar os mortos e reconstruir, a partir dos seus fragmentos aquilo que foi destruído. Mas do paraíso sopra um vendaval que se enrodilha nas suas asas, E que é tão forte que o anjo não consegue fechá-las. Esse vendaval arrasta-o imparavelmente para o futuro, a que ele volta as costas enquanto o monte de ruínas cresce à sua frente e cresce até o céu. Aquilo que chamamos de progresso é este vendaval”.
“O tamanduá, assim como o anjo, está sempre em queda, não olha para trás, mas fixamente para a frente, carregando consigo este sentimento abismal da história”, destaca o artista cujo campo de trabalho é dado pela história. “É o sentimento desse passado que torna o presente possível”, afirma.
As obras com menção a Mark Rothko funcionam no registro da citação e é explicitada em seu título, Tamanduá rothkiano. No caso, uma outra camada de passado se torna presente nesta arqueologia pictórica. São uma espécie de laços inconscientes que se manifestam espontaneamente cúmplice daquilo que o artista quer expressar.
“Minha relação com a obra desse pintor foi difícil. Certamente admirava Rothko, porém, sua exuberância cromática me inibia. Mesmo assim, duas séries de suas pinturas me tocaram profundamente: a Rothko Chapel, em Houston, e a série de murais Seagram. É em relação a esta última produção para a sala projetada por ele na Tate Gallery (hoje na Tate Modern) que estes meus trabalhos procuram se situar. Tamanduá Rothkiano é uma modesta tentativa de estabelecer algum contato com o conjunto citado de pinturas de Rothko. Só isso já é querer muito, mas como resistir ao apelo íntimo de responder a tão forte inquietação? “, completa Zilio.
Carlos Zilio nasceu no Rio de Janeiro em 1944, estudou pintura com Iberê Camargo. Participou de algumas das principais exposições brasileiras dos anos 60, “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira”, ambas no MAM do Rio de Janeiro, bem como de inúmeras mostras coletivas, como as 9ª, 20ª e 29ª edições da Bienal de São Paulo (1967, 1989 e 2010); a 10ª edição da Bienal de Paris (1977); e a 5ª edição da Bienal do Mercosul (2005). Realizou várias exposições individuais sendo a primeira em 1974 na Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt e em 1976 segunda individual no MAM/RJ.
Dentre as diversas exposições individuais, destacam-se “Arte e Política 1966 – 1976”, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia (1996 – 1997); “Carlos Zilio”, no Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro (2000), que abrangeu sua produção dos anos 90; e “Pinturas Sobre Papel”, no Paço Imperial, Rio de Janeiro (2005), e na Estação Pinacoteca de São Paulo (2006). Suas mais recentes exposições coletivas foram: “Imagine Brazil” (Oslo, Lyon, Doha, São Paulo e Montreal, 2013 – 2015); “Possibilities of the object – Experiments in Modern and Contemporary Brazilian Art” (Edimburgo, 2015) e “Transmissions: art in Eastern Europe and Latin America, 1960 – 1980” (MoMA, Nova Iorque, 2015), Past/Future/Present, Phoenix Art Museum/MAM-SP (Phoenix, 2017) e Knife in the flash, PAC Padiglione d’Arte Contemporânea (Milão,2018).
Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro Carlos Zilio, organizado por Paulo Venancio Filho, sobre sua produção artística. Zilio é representado pela Galeria Raquel Arnaud desde 1997, onde realizou várias exposições tendo sido a última em 2016. Seus trabalhos estão presentes em diversas instituições, como os Museus de Arte Contemporânea de São Paulo, Niterói e Paraná, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e São Paulo e no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).
Exposição: Carlos Zilio - Tamanduá em queda
De 14 de março a 23 de abril de 2022
De terça a sexta, das 11h às 19h. Sábado das 11h às 15h.
Galeria Raquel Arnaud
Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena – Fone: 11. 3083-6322,
OS CUIDADOS PRECISAM CONTINUAR: todos os protocolos sanitários da COVID-19 são observados: máscara, álcool gel e distanciamento social.
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