ABRELPE dá início à Operação Areia Limpa para prevenção e combate à poluição marinha causada por resíduos sólidos
Diagnóstico da entidade aponta que mais de 2 milhões de toneladas de resíduos vão parar nos mares brasileiros todos os anos; dos materiais encontrados os plásticos aparecem em primeiro lugar, seguidos das bitucas de cigarro.
A partir de 25 de janeiro (sábado), a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especias, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente de Santos e com apoio da Agência de Proteção Ambiental da Suécia, dá início ao programa Operação Areia Limpa, que acontece no âmbito do projeto Lixo Fora D’Água de combate às fontes de poluição marinha por resíduos sólidos. Desde sua concepção, em junho de 2018, o projeto identificou as principais fontes de vazamento e tipos de resíduos encontrados nos oceanos, e tem estudado de que forma os municípios devem atuar para aprimorar a gestão de resíduos sólidos em terra, para prevenir o lixo no mar.
Com base em uma metodologia totalmente inédita no País, desenvolvida a partir de monitoramento técnico, estudos antropológicos e análises comportamentais, a Operação Areia Limpa acontecerá por 30 dias e aliará melhoria da gestão de resíduos, padrões de comportamento, consumo e interação com o espaço público da praia. Para a implantação do piloto foram selecionadas duas barracas na praia de Santos, que receberão novo mobiliário e acessórios, como mesa de apoio com lixeira; taças e copos retornáveis; canudos compostáveis que serão segregados e, ao final do projeto, levados para compostagem; bituqueiras ‘individuais' de bamb; e carrinho coletor (de 100 lts) para limpeza frequente ao longo do dia, além de placas sinalizadoras e um "cardápio" com informações sobre descarte e sobre a operação.
“É a primeira vez que uma ação de prevenção e combate ao lixo no mar é pensada e implementada a partir de estudos metodológicos multissetoriais, com a execução idealizada a partir da prototipagem de soluções que tenham viabilidade econômica, técnica e operacional com vistas à mudança de comportamentos para que se possa alcançar o objetivo maior de reduzir a quantidade de resíduos que vão parar no mar”, comenta Carlos Silva Filho, diretor presidente da ABRELPE.
Os resultados do projeto desenvolvido em Santos indicam que são três as principais fontes de vazamento de lixo no mar: comunidades nas áreas de palafitas; os canais de drenagem que atravessam a malha urbana; e a própria orla da praia em sua faixa de areia. Dos mais de 80 tipos de resíduos já encontrados nos mares conforme classificação internacional, o projeto em Santos encontrou cerca de 35 tipos, como embalagens, calçados, fraldas, utensílios domésticos, brinquedos, dentre outros.
O diagnóstico da ABRELPE aponta que os materiais plásticos aparecem em primeiro lugar: 52,5% de todos os resíduos coletados, e de forma variada, como plástico filme, pequenos tubos plásticos, hastes plásticas e isopor, que contém plástico em sua composição. O outro material de grande concentração nas fontes de vazamento é a bituca de cigarro, responsável por 40,4% do lixo coletado. E na sequência aparecem borracha, metal, madeiras, embalagens e outros (7,11%).
Indicadores internacionais mostram que cerca de 80% do lixo marinho tem origem no ambiente terrestre; e, no Brasil, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos vão parar nos rios e mares todos os anos, quantidade suficiente para cobrir 7 mil campos de futebol. Ressalta-se, porém, que esse total pode ser ainda maior já que as 30 milhões de toneladas de lixo que seguem para destinação inadequada, ou seja, lixões e aterros controlados, que ainda existem em todo o país, podem acarretar um acréscimo de 3 milhões de toneladas de lixo marinho a cada ano.
O Projeto Lixo Fora D’Água acontece simultaneamente em outras seis cidades da costa brasileira: Balneário Camboriú (SC), Bertioga (SP), Fortaleza (CE), Ipojuca (PE), Rio de Janeiro (RJ) e São Luís (MA). Para essas cidades também serão elaborados diagnósticos individualizados, cujas ações de prevenção, limpeza e monitoramento do lixo no mar serão desenvolvidas e implementadas com base no aprendizado desenvolvido inicialmente em Santos.
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