A intolerância religiosa no Brasil: racismo, resistência e reconexão com a espiritualidade
Crédito: Pixabay
*Prof. Pai Rodrigo Queiroz
A intolerância religiosa no Brasil vai além das questões espirituais, refletindo um racismo estrutural que marginaliza culturas e tradições afro-brasileiras. Este artigo busca aprofundar essa reflexão, relacionando aspectos históricos e contemporâneos dessa problemática, enquanto propõe caminhos para resistência e reconexão espiritual.
Como descrito na cartilha "Terreiros em Luta", o racismo religioso é caracterizado por práticas violentas e discriminatórias contra religiões de matriz africana, seus adeptos e territórios sagrados. Desde a criminalização no passado até ataques atuais, essa intolerância se manifesta de formas diversas e alarmantes. Prof. Hélio Santos aponta que "o racismo que está na sociedade não tem outro antídoto senão políticas públicas", reforçando a necessidade de medidas estruturais para proteger essas práticas.
A marginalização das religiões afro-brasileiras também é reflexo de um racismo sistêmico que invisibiliza elementos fundamentais da cultura negra. Terreiros enfrentam desafios legais e sociais para existir e perpetuar suas tradições. Reconhecer e valorizar essas práticas é essencial não apenas como ato de resistência, mas também como fortalecimento da identidade e do patrimônio cultural brasileiro.
A comunicação desempenha um papel crucial na luta contra a intolerância. Como destaca Muniz Sodré, a riqueza cultural das religiões afro-brasileiras deve ser valorizada e compartilhada como parte essencial do nosso patrimônio nacional. Essa transmissão de saberes e narrativas é uma forma de resistência que fortalece o diálogo intercultural e a inclusão.
Meu livro Entidades da Umbanda busca contribuir para essa reconexão espiritual e cultural. Ele aprofunda o entendimento sobre as entidades da Umbanda, promovendo o respeito inter-religioso e explorando as dimensões psicológicas e sociológicas das práticas espirituais.
A intolerância religiosa e o racismo demandam reflexão e ação coletiva. Este é um chamado para combater essas violências com conhecimento e diálogo, fortalecendo nossas raízes e construindo uma sociedade mais justa e inclusiva.
*Prof. Pai Rodrigo Queiroz é sacerdote, filósofo, escritor e pesquisador das culturas e tradições africanas e indígenas no Brasil.
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