Seguro em órbita: proteção para satélites fatura milhões em cinco anos

Na corrida por ocupar o espaço, o Brasil desempenha um papel significativo no lançamento de satélites, principalmente pela sua independência tecnológica. Nesse contexto, as apólices de seguro, além de obrigatórias, são essenciais para o sucesso das missões. Um levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) mostrou que, entre 2019 e 2023, mais de R$ 255 milhões foram arrecadados pelo Seguro Satélite.

Carlos Eduardo Polizio, coordenador da Subcomissão de Seguros Aeronáuticos da FenSeg, Federação Nacional de Seguros Gerais, diz que o setor de seguros pode contribuir para tornar o país ainda mais eficiente no envio de satélites ao espaço. “O setor de seguros desempenha um papel importante na promoção da segurança e da estabilidade necessárias para o avanço da indústria de satélites. Ao oferecer cobertura para os ativos e infraestrutura espaciais, as seguradoras garantem que os investimentos da operação estejam protegidos contra possíveis perdas financeiras, o que proporciona um ambiente mais favorável para o desenvolvimento de projetos espaciais de longo prazo no Brasil, com mais confiança dos investidores", explica Polizio.

O ano de 2021 foi destaque na procura pelo produto, com a arrecadação de R$ 146,3 milhões, e uma alta de 1568% se comparado com 2019, quando o produto faturou, apenas R$ 8,8 milhões. O dado coincide com um momento histórico para o Brasil, o lançamento do Amazônia-1 em fevereiro de 2021, na Índia. Este foi o primeiro satélite de observação da Terra totalmente projetado, integrado, testado e operado pelo país.

O preço médio de satélites varia entre R$ 50 milhões e R$ 850 milhões. Atualmente, a frota Brasileira segurada soma cinco grandes satélites em órbita e apólices direcionadas à nanosatélites (que pesam entre 1kg e 10kg). As principais funções dos satélites brasileiros estão na ampliação e modernização da telefonia e internet em território nacional, bem como serviços de vigilância.

A vida do satélite é dividida em duas fases diferentes: o momento do lançamento e a vida na órbita, então o seguro cobre os danos ocorridos nessas duas fases, e inicia quando o lançamento não puder mais ser abortado. Na sequência, entra em vigor a cobertura para a vida em órbita, que tem duração de 12 meses, renovada anualmente até o término da vida útil do satélite. No caso dos satélites de comunicação, essa vida útil pode se estender por cerca de 15 anos. Ao atingir o fim de sua vida operacional, o satélite é transferido para uma órbita designada como "cemitério", encerrando suas operações e, consequentemente, a cobertura de seguro.

Esse tipo de seguro é adquirido pelo proprietário ou operador do satélite, visando assegurar o reembolso por perdas financeiras, danos ou falhas. Dado os altos valores envolvidos, tanto na cobertura quanto nas indenizações em caso de incidentes, os riscos são geralmente compartilhados por várias empresas por meio de resseguros. Nos últimos cinco anos, não houve registro de pagamentos de indenizações pelas seguradoras brasileiras.

Polizio acrescenta que o seguro também cobre a perda ou mudança na condição operacional de um satélite, que inclui a redução das margens de desempenho e qualquer mau funcionamento ou anomalia.

Embora o Brasil ainda esteja em desenvolvimento no campo espacial em comparação com potências estabelecidas, como Estados Unidos, Rússia e China, o país tem feito progressos significativos e demonstrado potencial para desempenhar um papel cada vez mais importante na arena espacial global. Assim, o seguro não apenas protege os investimentos envolvidos nas operações, mas também promove a segurança e a estabilidade necessárias para o avanço da exploração espacial brasileira.

“Diante dos valores relevantes dos projetos e equipamentos envolvidos, a aquisição de apólices de seguro se torna essencial para continuidade de novas estratégias para o setor aeroespacial pois a tendência mostra que cada vez mais o apoio de satélites será vital para diversos setores da economia e defesa."

Sobre a CNseg

A Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) congrega as empresas que compõem o setor, reunidas em suas quatro Federações (FenSeg, FenaPrevi, FenaSaúde e FenaCap). A missão central da CNseg é prover serviços que melhoram a vida das pessoas e a realização dos negócios, permitindo o crescimento da economia brasileira. Acompanhe as novidades sobre o trabalho da CNseg no site cnseg.org.br ou no portal noticiasdoseguro.org.br, maior hub de notícias sobre o setor. Siga ainda os canais da CNseg no Facebook, LinkedIn, Instagram e Youtube.

Sobre a FenSeg

A Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) representa mais de 90 ramos no segmento de seguros gerais, abrangendo danos e responsabilidade civil, que se traduzem em coberturas para automóveis, satélites, residências, obras de infraestrutura, produção agrícola, aparelhos celulares, riscos cibernéticos e tantos outros. Tem como missão ser a porta-voz de suas associadas perante o Poder Público, buscando o fortalecimento de suas relações com a sociedade, de forma a contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.