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Bicicleta substitui carros e ônibus durante pandemia

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Raquel Pinho
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Para fugir das aglomerações em terminais de ônibus ou como alternativa mais saudável, a bicicleta surge como opção para quem precisa se deslocar para o trabalho nas ruas de Goiânia

A pandemia da Covid-19 transformou significativamente a mobilidade urbana em todo mundo. De acordo com pesquisa da Cabify com usuários de aplicativos de mobilidade de 11 países apontam 38% evitaram o transporte coletivo por medo de contágio. A mesma pesquisa apontou que 76% dos passageiros pretendem reduzir ou deixar de usar o transporte coletivo. Esses impactos reforçaram o bom e velho hábito de andar de bicicleta, prática que também está alinhada à consciência socioambiental para redução do uso de veículos automotores, estimulada pelo Dia Mundial Sem Carro, celebrado nesta terça-feira (22).

O movimento mundial, iniciado em 1997 e que começou no Brasil em 2001, ganha anualmente mais adeptos que desenvolvem a prática não somente na data, mas rotineiramente. Este ano a ideia contou com o reforço causado pela pandemia que estimulou as pessoas a buscarem formas alternativas de locomoção individual. Reflexo disso é o aumento da venda de bikes no país, que registraram um incremento de 118% só entre 15 de junho e 15 de julho, se compararmos com o mesmo período do ano passado. Os dados são da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), que registrou aumento também nos dois meses anteriores: 50% em maio e 19% em junho.

Muitas pessoas que começaram a fazer o uso da bike antes e até durante a pandemia recomendam o hábito que traz mais segurança em momento de pandemia e agrega benefícios para a saúde e para a cidade. Um exemplo é o encarregado de obra Edimar Lopes Miranda, 46 anos. Para fugir do risco da aglomeração do transporte público em Goiânia, logo no início quando foi decretado o estado de emergência em saúde pública em Goiás, em virtude da pandemia do novo coronavírus, o encarregado de obra tomou uma decisão: a ida ao trabalho seria de bicicleta. A partir de então ele passou a percorrer 46 quilômetros diariamente fazendo ida e volta do Setor Residencial Itaipu, onde mora, até o canteiro de obras do Reserva Parque Areião, projeto da Brasal Incorporações no Setor Marista, local de seu trabalho. “Passei a chegar mais cedo no serviço e também em casa, porque não perco tempo esperando ônibus. Além do mais chego bem mais disposto no trabalho. Andar de bike dá uma aliviada no estresse”, revela Edimar, que recuperou o gosto de andar de bicicleta que tinha quando criança.

Segundo o operário, a inspiração para a ideia de ir trabalhar de bike veio de um outro colega de obra, que desde o início deste ano também passou a ter a bicicleta como meio de transporte e também como um “remédio” para o tratamento de uma lesão no tendão em um dos pés. “Há um ano mais ou menos eu rompi o tendão quando jogava bola. Fiz fisioterapia por quatro meses e depois o único esporte que o médico disse que eu podia fazer era andar de bicicleta. Segundo ele era o que ia fortalecer o tendão que havia rompido”, explica o técnico em edificações João Paulo da Silva Lima, de 35 anos, que desde então deixou o carro em casa e passou a percorrer todos os dias quase 30 quilômetros (ida e volta), do Setor Santo Hilário em Goiânia, onde mora, até a obra no setor Marista, onde trabalha.

João Paulo e Edimar contam que outros colegas de obras também passaram a adotar a bike como meio de transporte, justamente para fugir do risco de aglomeração nos ônibus. E as pedaladas para o trabalho passaram de necessidade para prazer e hobby. “Eu o João Paulo e o Jonny [outro colega de trabalho] dias atrás fomos de bicicleta para Trindade, fazer umas trilhas. Foi muito bom e já estamos marcando outra pedalada”, revela Edimar.

Edimar e João Paulo são considerados bons iniciantes do pedal, perto do administrador de patrimônio Edivaldo Pacheco de Souza, 48 anos, que há seis anos adotou a bicicleta como sua principal forma de locomoção pela cidade. Muitas vezes só num fim de semana ele chega a pedalar 240 quilômetros. “A gente junta uma turma boa e algumas vezes vamos para Corumbá de bike, fazer umas trilhas”, conta.

Por dia, segundo ele, são cerca de 50 quilômetros (ida e volta) da região do Setor Novo Mundo, onde fica sua casa, até a Vila Nossa Senhora Aparecida, em Goiânia, local onde fica o depósito de suprimentos da Consciente Construtora, empresa onde trabalha. “Lá [na empresa] é bom, pois tem um lugar seguro para guardar a bicicleta e um vestiário com chuveiro para a gente se trocar”, revela.

Edivaldo conta que sempre gostou e andou muito de bicicleta, desde criança, ele diz que a volta do uso da bike como uma atividade física regular veio também como uma forma de se recuperar de uma lesão que sofreu num acidente. “Hoje já tem anos que me recuperei e depois eu até voltei a jogar bola, um outro esporte que eu gosto muito de fazer também”, afirma.

Mais respeito

Edivaldo, Edimar e João Paulo são unânimes em reconhecer os benefícios da bicicleta para a saúde e como uma forma eficiente e sustentável de locomoção. Mas eles também são unânimes em dizer que Goiânia ainda precisa melhorar bastante para que o ciclismo se torne uma alternativa de transporte mais segura na capital. “Muitas empresas até estão atentas a isso, nas obras mesmo da Consciente todas têm bicicletário. Mas uma coisa que acho que precisa melhorar é aumentar o número de ciclovias, especialmente nos bairros periféricos, onde quase não tem”, diz Edivaldo.

Já para Edimar Miranda, além de mais ciclovias, tem faltado respeito no trânsito. “Ainda tem muito desrespeito por parte dos condutores de carro e motos, e como o número de ciclovias ainda é pequeno acaba que gente tem que se arriscar em avenidas que não têm sinalização alguma para o ciclismo”, critica.


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