As corporações cada vez mais têm se preocupado com a gestão de risco como forma de manter a segurança dos seus ativos. A metodologia está enraizada no setor aeronáutico pela importância que assume diante de panoramas dos mais adversos enfrentados pelos profissionais dessa área, mas é comumente aplicada em outros setores. Por isso mesmo, o mercado financeiro tem atraído engenheiros aeronáuticos, capazes de prever cenários complexos.

A gestão eficaz do risco é uma metodologia que pode ser aplicada em qualquer situação, mesmo as mais simples do dia a dia, como organizar uma confraternização, ou até a operação de equipamentos como aeronaves. Conhecimentos básicos dessa metodologia podem ajudar as pessoas no cotidiano e servirão para reduzir adversidade ao logo da vida.

Nas corporações, o conhecimento da gestão de risco é fundamental para a preservação e avanço dos negócios, apesar da resistência de muitas organizações na estruturação de um sistema de gestão de risco efetivo. Um dos primeiros questionamentos aponta para os altos custos frente a resultados incertos. Porém, a afirmação não encontra sustentação na realidade. Ao contrário desse pensamento vigente, investimentos de baixo custo são suficientes para a criação de um sistema de gestão de risco em uma corporação, que permitirá a adoção de práticas simples - baseadas em ferramentas estabelecidas e disponíveis gratuitamente – e uma garantia considerável de avanço operacional.

A companhia poderá mensurar os resultados alcançados com essas ferramentas, como afastamentos por acidentes de trabalho, ou a redução nos incidentes e acidentes aeronáuticos. Sem sombra de dúvida, esses resultados trarão reflexos positivos no balanço da companhia, com a redução dos prêmios de seguro, aumento da produtividade e redução de gastos nos processos operacionais.

O essencial é entender a importância do sistema para a organização. A gestão de risco não deve ser encarada como uma solução de curto prazo, muito pelo contrário. Os resultados são alcançados com o decorrer dos meses e anos, conforme a cultura de segurança for se solidificando dentro da empresa. Assim, a identificação dos perigos e a avaliação sistemática dos riscos fazem parte da mentalidade de todos os funcionários de uma companhia.

A gestão de risco deve ser vislumbrada como uma maratona e não como uma corrida. Ela deve ser incorporada ao longo do tempo e o exemplo deve partir de todos, com comprometimento e honestidade. As corporações que optaram por adotar esse sistema têm, com certeza, melhores resultados, são mais seguras e eficientes.

(*) Shailon Ian é engenheiro aeronáutico formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e presidente da Vinci Aeronáutica