Na Coface, sinistralidade do setor químico caiu 47% em 2016
Na Coface, sinistralidade do setor químico caiu 47% em 2016
Apesar de um ano econômico adverso, em 2016 a sinistralidade do setor químico registrou uma queda de 47% dentro da carteira da seguradora de crédito francesa, Coface. Algumas peculiaridades podem ser destacadas para explicar essa queda. Na Europa Ocidental há incerteza na atividade química, simbolizada pelo lento crescimento europeu e pelo medo de incógnitas políticas, como o Brexit e a eleição de Donald Trump.
Outro ponto que merece destaques é a desaceleração da economia chinesa, que está pressionando a rentabilidade dos produtores de insumos. Eles estão sofrendo de dificuldades financeiras relacionadas com a sua dívida, apertando as condições de crédito. A China está sofrendo de excesso de capacidade nos produtos petroquímicos, embora a produção ano a ano no país tenha aumentado 6,3% no final de setembro.
A médio prazo, o aumento da capacidade de produção de olefinas, produzido a partir do carvão, pode prejudicar a rentabilidade dos produtores. Além disso, esta tecnologia requer um consumo significativo de água e, sobretudo, coloca uma forte pressão sobre o ambiente, uma questão sensível na China. Em 2017, a indústria química chinesa continuará a sofrer sobre capacidade, resultando em fraca rentabilidade.
Já no Brasil, a indústria química deve apresentar em 2017 um desempenho relativamente superior ao observado no último ano. Tal hipótese é fundamentada pelas perspectivas de gradual recuperação da atividade econômica no país, mais notadamente do setor industrial. De acordo com dados da Abiquim, de fevereiro de 2016 a janeiro de 2017, as vendas internas e o consumo aparente subiram, respectivamente, 4,53% e 7,2% em relação ao período imediatamente anterior.
Apesar do forte desempenho, vale lembrar que o mesmo pode ser explicado em parte por conta da base negativa de comparação.
Uma performance mais animadora também esbarra em antigas dificuldades enfrentadas pelo setor. A falta de um transporte eficiente e a infraestrutura deficitária comprometem a competitividade da indústria local. Estudo recente da Abiquim aponta que o custo médio do quilômetro percorrido nas melhores rodovias do Brasil é de R$ 2,75, porém pode chegar a R$5,23 nas vias menos conservadas. Como forma de comparação, nos Estados Unidos o mesmo custo gira em média de R$2,50.
*Patricia Krause, economista chefe da Coface para a América Latina
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