Cidades Inteligentes
Cidades Inteligentes são tema de tese de doutorado.
Até 2050 a população mundial terá chegado a 9 bilhões de pessoas e algo perto de 6 bilhões delas estarão vivendo em cidades.
O mundo está cada dia mais urbano, imprimindo às cidades grandes desafios para seu desenvolvimento econômico, político e social. Saúde, educação, segurança, mobilidade, sustentabilidade, além das crescentes exigências por eficiência e governança são desafios a serem enfrentados por gestores públicos no presente e no futuro próximo. Para fazer frente a esses desafios, muitas cidades ao redor do globo estão buscando se habilitar com novas capacidades tecnológicas, de forma a implementar melhores níveis de inteligência na gestão pública e na oferta de serviços aos cidadãos e organizações que nelas atuam, proporcionando assim, melhores condições de vida para as pessoas e de operação para as empresas.
Nesse sentido e graças às constantes inovações das tecnologias da informação e comunicação (TICs), o conceito de cidade inteligente surge e evolui como uma forma de viabilizar a competitividade econômica, sustentabilidade ambiental e qualidade de vida geral, incrementando as capacidades de aprendizagem, inovação e desenvolvimento do gerenciamento urbano. Nos últimos anos, o tema cidades inteligentes tem sido objeto de estudos e discussões em várias partes do mundo e, no Brasil, esse tema começa a ocupar a agenda dos governos, das organizações não governamentais, da academia, de empresas e também dos cidadãos.
Muitos trabalhos acadêmicos, resultados de pesquisas e debates, têm sido divulgados nas principais publicações científicas do mundo. Organismos internacionais e grandes firmas de consultoria se debruçam sobre a questão da urbanização, buscando alternativas e congregando a sociedade em torno dos objetivos do desenvolvimento sustentável, bem como procurando entender como as TICs podem contribuir para que esses objetivos sejam alcançados. “O surgimento das chamadas smart cities - cidades inteligentes - não é um fenômeno local, mas sim global. Entretanto, é fundamental que gestores municipais percebam que aquilo que é aplicável no contexto europeu não necessariamente é aplicável e útil no atual contexto brasileiro.
É preciso pensar as cidades inteligentes a partir das realidades e necessidades locais, mas com os olhos voltados para o global”, acentua Marcos Cesar Weiss, autor da tese. O termo ‘cidade inteligente’ tem ganhado as agendas da academia, dos governos, da iniciativa privada e também de organizações não governamentais. Por ser ainda um conceito emergente, tem sido utilizado para referenciar diferentes dimensões e elementos que caracterizam a cidade como inteligente.
Diferentemente de outros conceitos aplicados às cidades - digital, criativa, informacional, sustentável, humana, ubíqua -, a cidade inteligente se fundamenta no aspecto colaborativo entre os diferentes atores, envolvendo os cidadãos, para a identificação, desenvolvimento e implementação de tecnologias, incluindo aplicativos voltados para a dinâmica urbana e, portanto, ultrapassam apenas a disponibilização de infraestrutura digital. Para Weiss, “a cidade inteligente é aquela que realiza a implementação de tecnologias da informação e comunicação – TICs - de forma a transformar positivamente os padrões de organização, aprendizagem, gerenciamento da infraestrutura e prestação de serviços públicos, promovendo práticas de gestão urbana mais eficientes em benefício dos atores sociais, resguardadas suas vocações históricas e características culturais”.
Resta saber o que essas tecnologias devem minimamente contemplar, de forma progressiva e integrada, para que os investimentos em recursos humanos e técnicos não sejam realizados de forma, cabendo ao poder público a missão de averiguar o que fazer e em que direção seguir, no sentido de habilitar a cidade com tecnologias capazes de apoiar a transformação necessária e esperada pela sociedade. “Ter tecnologias de última geração não quer dizer que a cidade é inteligente e nem o contrário”, afirma Weiss.
A tese de doutorado articula um modelo analítico que serve não somente como um recurso de avaliação do que já existe no âmbito das cidades, mas também como um guia evolutivo para a implementação de soluções tecnológicas que visem à construção de cidades inteligentes. Ele também pode ser utilizado como ferramenta de comparação colaborativa entre cidades, ordenamento de planejamentos e aquisições de bens e serviços de TICs, fundamentação para a elaboração de políticas públicas e também como instrumento para o acompanhamento de iniciativas de criação de cidades inteligentes por parte da sociedade.
O modelo se estrutura considerando a cidade inteligente como o sistema principal ao qual se ligam seis subsistemas primários – domínios – e a cada um desses sistemas primários, se ligam seis subsistemas secundários – dimensões. Cada dimensão é observada segundo um conjunto de critérios, funcionalidades e integrações particulares da dimensão estudada, resultando em uma demonstração gráfica da realidade encontrada e das potenciais áreas de aprimoramento. No total, são avaliadas e analisadas trinta e seis áreas que representam as principais agregações de obrigações, responsabilidades ou boas práticas diretamente vinculadas ao poder público e que podem ser apoiadas e incrementadas por meio do uso das TICs.
Para comprovação da sua validade científica e prática, o modelo foi aplicado em quatro cidades de São Paulo – Santos, Sorocaba, Barueri e São Bernardo do Campo. Segundo Weiss, “os resultados obtidos possibilitaram aferir e entender como e em que nível de aplicação as cidades dispõem das TICs para a materialização do conceito de cidade inteligente. Além disso, o modelo também se mostrou adequado para ser utilizado como instrumento de planejamento e gerenciamento de implementação de tecnologias para a gestão das cidades.
” A tese de doutorado em administração teve como área de concentração a gestão da inovação e foi apresentada e aprovada no final de 2016, em São Paulo. Agora, “o objetivo é transformar tudo o que foi feito em algo útil para os gestores municipais e para a sociedade; a ideia é desenvolver e disponibilizar uma aplicação na internet para que esses gestores possam endereçar de forma mais efetiva as ações que visam às cidades inteligentes e compartilhar suas experiências com todos”, finaliza Weiss.
Autoria: Marcos Weiss
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>