Cinco passos para alcançar a maturidade organizacional em Inovação
*Marcelo Luis Walter
A maturidade organizacional está diretamente relacionada à capacidade de uma empresa inovar continuamente. Isso porque uma governança corporativa sólida é fundamental para estabelecer diretrizes claras, garantir a conformidade, promover uma cultura de inovação, um ambiente favorável para experimentação e adoção de novas ideias e tecnologias. Essa maturidade torna-se, portanto, inegociável para empresas que desejam se manter competitivas em um ambiente de negócios em constante mudança, ou seja, praticamente todas as áreas atuais.
Entretanto, conquistar essa maturidade é um processo complexo, que demanda esforço contínuo, adaptação e aprendizado constante. Para alcançar alto nível de maturidade e alavancar a inovação, é essencial seguir algumas diretrizes. Abaixo, são apresentados cinco passos para guiar organizações nesse processo.
1. Estabelecer uma cultura de inovação contínua
O primeiro passo para a maturidade organizacional em inovação é criar uma cultura que valorize e promova a inovação em todos os níveis da organização. Muitas empresas caem na armadilha de enxergar a inovação como uma tarefa exclusiva de departamentos específicos, como Pesquisa & Desenvolvimento, mas, para alcançar a maturidade em inovação, ela deve ser abraçada por toda a empresa. É essencial que haja incentivos para o pensamento criativo e a experimentação, com espaço para erros e aprendizado. Falhar e aprender precisa fazer parte do fluxo normal de evolução.
A liderança desempenha um papel crítico aqui, fomentando um ambiente em que os colaboradores se sintam seguros para propor novas ideias. Além disso, as organizações devem promover uma abordagem ágil à inovação, focando em ciclos de feedback rápidos para testar e ajustar novas soluções. Investir em ferramentas e processos que facilitam a colaboração, como plataformas de inovação abertas, também pode acelerar esse processo.
2. Implementar práticas de governança explícitas
A maturidade vai além da adoção de metodologias como Scrum ou Kanban. Embora essas abordagens sejam eficazes, para ampliar a maturidade é preciso ainda desenvolver a capacidade de adaptar práticas às necessidades e ao contexto da organização. Isso requer disciplina e clareza no uso de ferramentas e rituais, como reuniões de planejamento e retrospectivas, bem como na gestão de expectativas e prazos. É necessário que as políticas sejam explícitas para que não haja dúvidas entre o time. A disciplina é um dos valores que precisa ser cultivada em conjunto com regras simples, diretas e focadas em objetivos e não nos métodos.
Outro aspecto importante é o empoderamento das equipes. Organizações maduras em governança dão autonomia para que suas equipes tomem decisões rápidas, sem a necessidade de aprovação constante de instâncias superiores. Elas também utilizam métricas adequadas para medir o progresso, não apenas em termos de entrega de produtos, mas também em termos de impacto e valor gerado para o cliente final.
3. Fortalecer a governança adaptativa com transparência e flexibilidade
Para alcançar maturidade em governança corporativa, é necessário que a organização tenha um sistema robusto de controle e gestão, mas que também seja flexível o suficiente para se adaptar a novas demandas do mercado e da tecnologia. A governança não deve ser um empecilho para a inovação, mas sim um suporte para que essas práticas floresçam dentro de uma estrutura de controle e mitigação de riscos.
A transparência é um dos pilares fundamentais da boa governança. A liderança deve garantir que todos os níveis da organização entendam as diretrizes de governança e como elas impactam suas atividades diárias. Isso inclui a implementação de mecanismos de compliance fáceis e eficazes, além da criação de canais de comunicação abertos e acessíveis. O uso de automações sistêmicas para evitar controles manuais e burocráticos também é importante para a facilitação do uso dos processos comuns.
Por fim, é fundamental que a governança seja flexível o suficiente para ajustar-se às novas realidades digitais, decisões rápidas e precisas baseadas em dados em tempo real e integração de IA nestes tempos de constante evolução.
4. Adotar modelos de gestão baseados em Inteligência Artificial
A inteligência artificial está transformando os modelos de gestão em todas as indústrias, permitindo tomadas de decisão mais rápidas e baseadas em análise de grandes volumes de dados. Para alcançar maturidade organizacional com o uso de IA, as empresas precisam investir em tecnologias que permitam a coleta e análise eficiente de dados, mas também garantir que suas lideranças estejam preparadas para entender e aplicar os insights gerados por essas tecnologias.
Além disso, o uso de IA deve estar alinhado com os objetivos estratégicos da empresa. Modelos de gestão baseados em IA podem ajudar a prever demandas, otimizar processos internos, melhorar a experiência do cliente e até identificar oportunidades de inovação.
Entretanto, para que isso funcione, é necessário haver uma integração fluida entre a tecnologia e a cultura organizacional, com capacitação constante dos colaboradores para o uso eficiente dessas ferramentas.
Por fim, temos que lembrar que a inteligência artificial é talvez a melhor assistente que temos para aumentar produtividade, padronização e assertividade. Contudo, ela é ainda uma excelente ferramenta assistente! Decisões ainda são responsabilidades humanas e o diferencial para o sucesso não é quem usa mais ou menos IA, mas sim quem melhor aproveita esse potencial para tomar suas próprias decisões de forma assertiva e rápida.
5. Otimizar o fluxo de trabalho
O Kanban, uma metodologia de gestão de fluxo de trabalho, é amplamente adotado em ambientes ágeis, mas alcançar a maturidade nesse método requer mais do que simplesmente visualizar tarefas em um quadro. Empresas maduras vão além da visualização de tarefas, com visualização da cadeia de valor e métricas em nível de portfólio, garantindo que todo o fluxo de trabalho seja visível, compreensível e otimizado.
O primeiro passo é a adoção de métricas adequadas, como tempo de ciclo, taxas de entregas, e capacidade (quantidade de trabalho em andamento, também conhecido como WIP) para medir o desempenho e identificar gargalos. Outro fator importante na gestão do fluxo de trabalho é a priorização, garantindo que as equipes estejam sempre trabalhando naquilo que traz mais valor, evitando sobrecargas e desperdícios. A maturidade implica em uma abordagem de melhoria contínua, onde os processos são ajustados conforme os dados revelam áreas de ineficiência.
O que podemos concluir
Alcançar maturidade organizacional em inovação exige um esforço contínuo e estruturado, que começa com o estabelecimento de uma cultura voltada para a inovação, mas que também abrange a implementação de governança transparente e flexível.
Um estudo da Objective, baseada no Kanban Maturity Model (KMM), analisou dados de empresas de diversos portes e setores, coletados entre 2022 e 2024, e revelou que empresas de grande porte estão intensificando a busca por processos mais eficientes e uniformes. A pesquisa, realizada com o jogo de cartas Maturity Card, avaliou organizações de diversos setores, como saúde, serviços, manufatura e finanças, e identificou os principais desafios enfrentados na jornada de maturidade organizacional.
O Maturity Card pesquisou as organizações em seis dimensões, como gestão de fluxo, ciclo de feedback e políticas explícitas. A análise de 138 rodadas do jogo revelou que embora a grande maioria das organizações encontram-se nos níveis iniciais de maturidade, o setor de saúde apresenta maior diversidade, com algumas organizações já em níveis mais avançados. Comprovou, ainda, que a maturidade organizacional é um fator crucial para a competitividade das empresas. O Maturity Card tem se mostrado uma ferramenta eficaz para identificar os pontos fortes e fracos das organizações e direcionar ações de melhoria.
Além disso, a adoção de tecnologias como a IA e a utilização madura de práticas de governança são passos essenciais para as organizações que desejam se destacar em um mercado altamente competitivo. Com a combinação desses elementos, as empresas estarão melhor preparadas para enfrentar os desafios futuros e se manterem na vanguarda da transformação digital.
*Marcelo Luis Walter é Head de Consultoria da Objective.
Sobre a Objective
A Objective é uma multinacional brasileira que acelera a transformação digital das organizações por meio de tecnologia e pessoas. Através de um portfólio completo, oferece consultoria para inovação, aumento de produtividade e qualidade, além de desenvolver soluções digitais, com expertise em dados, IA, experiências do usuário e entrega de produtos sob medida.
A empresa faz parte da holding Objective Group, que inclui empresas especializadas como e-trust (segurança da informação e gestão de identidades), Eleflow (BI e Big Data Analytics) e NG Billing (gestão de CRM e faturamento recorrente). Em 2024, a Objective foi reconhecida pelo segundo ano consecutivo como líder em desenvolvimento ágil de aplicações pelo ISG Provider Lens™ Next Gen ADM Services Brazil.
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