Executivos trabalham habilidades de liderança a partir de programa de mentoria social

A ONG PAC (Projeto Amigos da Comunidade) – que há mais de 21 anos atende a população em situação de vulnerabilidade e/ou risco social nos distritos de Pirituba, São Domingos e Jaraguá, em São Paulo – tem conectado executivos com o projeto de mentoria social ‘Mentoria Jovem com Futuro’ (JCF). A iniciativa faz parte do programa de formação profissional ‘Jovem com Futuro’, que trabalha a inclusão produtiva de jovens de 16 a 24 anos, em situação de vulnerabilidade residentes nas comunidades atendidas pela ONG.

O projeto, que tem duração de quatro meses, acontece em encontros virtuais semanais com período de 1h, em dias e horários combinados entre mentor e mentorado. Nesse espaço, o executivo, além de auxiliar os jovens em início de carreira a desenvolver habilidades que o mercado de trabalho tem exigido (soft skills) e oferecer direcionamento profissional, trabalha também a escuta ativa, o engajamento profissional individual e a responsabilidade social corporativa.

Por meio da mentoria social, executivos têm ampliado suas habilidades de liderar pessoas. Segundo relatório LinkedIn de 2023, a busca por mentoria cresceu 45% nos últimos quatro anos (2019 a 2023).

Para Cristiano Gregorius, Diretor Executivo de SaaS do Grupo Softplan para a Indústria da Construção, a mentoria social auxiliou a ter uma percepção mais empática e flexível com relação a sua equipe. “Ao ocupar a posição de executivo, é muito mais difícil ter um contato direto com todos da equipe, em geral são os gerentes e líderes. Isso cria um afastamento natural, mas a mentoria social me trouxe outra perspectiva. Consegui me conectar com a realidade de um jovem que por vezes enfrentava dificuldades até para conexão com a internet”, conta o Diretor e completa, “Nessas circunstâncias, diferente de uma mentoria profissional, você amplia a escuta ativa e a sensibilidade, até a comunicação, o que sem dúvida também contribui para olhar com mais empatia a minha equipe”.

A responsabilidade social e uma visão mais empática também foram destacadas pelo Head de Vendas da TOTVS Flórida, Marcelo Monteiro, que há mais de um ano é mentor no projeto. Para ele, a mentoria trouxe energia e a possibilidade mesmo com a agenda complexa de executivo, de conseguir contribuir socialmente, “o programa nos engaja de uma forma, que conseguimos ajudar o jovem a construir um projeto profissional, com base no que ele traz, mas nos encorajar também”, aponta Marcelo.

Além da uma hora semanal destinada aos encontros com seu mentorado, Marcelo também desenvolveu junto a equipe da ONG, uma iniciativa de convidar os ex-alunos do programa que já passaram por sua mentoria a contar um pouco sobre a experiência, desafios e suas carreiras profissionais atualmente.

Para o mentor o engajamento no projeto também refletiu na sua atuação como líder. “Você passa a acompanhar as adversidades que o jovem enfrenta e muitas vezes as maneiras como eles driblam isso, é estratégico. São insights que os jovens fornecem e nem percebem”, comenta Marcelo.

A motivação gerada a partir do contato com o jovem, também foi destaque para a mentora Karina Nita, Diretora Atuarial da Chubb “o trabalho como mentora me motivou e me mostrou um caminho de impacto social, por meio da minha experiência profissional”, diz.

Para Karina, a Mentoria Jovem com Futuro, foi um “divisor de águas” na sua carreira, que a partir do seu papel como mentora no PAC, passou a atuar como mentora de forma recorrente na empresa que trabalha e desenvolveu um projeto semelhante em uma organização do setor da atuária. Além disso, a executiva conta que desenvolveu uma percepção atenta sobre responsabilidade social.

“A Mentoria me proporcionou o exercício da cidadania que eu ainda não conhecia e me levou ao livro 'Mulheres na Atuária', em que sou coautora, e me dará a possibilidade de falar cada vez mais sobre como o trabalho voluntário tem também o poder de mudar a vida dos mentores. A partir da publicação parte das vendas serão destinadas ao Programa Jovem com Futuro, como uma maneira também de promover impacto social e fazer mais pela sociedade”, comenta a executiva.

Segundo Marcos Bregantim, CEO da Becomex, todo executivo deveria atuar em uma mentoria social, como forma de ‘subir as mangas e fazer algo pela sociedade’, além contribuir com a redução das desigualdades. “Nós executivos e as empresas temos que ir além e de fato nos envolvermos em iniciativas sociais”, comenta.

A empresa em que Bregantim lidera, possui um projeto que fomenta a contratação de jovens profissionais que se formaram no curso promovido pela ONG PAC. De acordo com o mentor, seu envolvimento com o projeto foi impulsionando os colaboradores da empresa a participar de forma natural “O exemplo realmente move, e eles acompanham meu envolvimento e seriedade ao tratar da responsabilidade social corporativa. Muitos deles se inscreveram para serem mentores. Acredito que mais que falar é preciso agir”.

Já passaram pelo projeto Mentoria Jovem com Futuro, mais de 420 profissionais entre executivos, líderes e analistas de empresas parceiras. Atualmente, o JCF já formou mais de 360 jovens profissionais de 15 a 24 anos e impactou com o ingresso de mais de 88% no mercado de trabalho, contribuindo com o aumento da renda familiar em 70%.

Sobre o PAC - Projeto Amigos da Comunidade 

Fundado há 21 anos, o PAC – Projeto Amigos da Comunidade uma Organização Social sem fins lucrativos certificada pelo CEBAS - Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social - que atende a população em situação de vulnerabilidade e/ou risco social nos distritos de Pirituba, São Domingos e Jaraguá (SP).  Atualmente, o PAC conta com mais de 100 funcionários, cerca de 5.000 voluntários, 192 mantenedores via doação e mais de 10 empresas parceiras que subsidiam as oficinas promovidas pela organização, como Elo, Sow, Co.Aktion, Netas, Totvs Meridional, R3 e Zendesk.