No Novo DPVAT e nos demais arranjos, no final do espetáculo, o céu não existe mais, Deus não aplaudiu, se levantou, saiu e puniu!
Da peça mal montada e produzida,
sobraram os cacos, sobrou o ardor.
Cacos de vidro no chão espalhados,
ferem os pés, mas não os do opressor.
O bando se esgarça, esforça-se em vão,
como raposas nas sarças a espreitar,
prontas para o bote, para a confusão,
envolvem tramas, laços a apertar.
Um misto de danças, orgiásticas, densas,
em círculos febris, seus uivos e prantos,
com gestos brutais e falas suspensas,
na sordidez de tantos desencantos.
Do céu, Deus viu – no alto observador –
as danças do palco, a trama, o fervor.
Não perdoou o passo, o ato, o erro,
o sussurro ardiloso, o riso e o desterro.
O palco em ruínas, o drama a amortalhar,
cai o véu e cessa um pouco o espetáculo.
Nem o ator, nem o texto, nem o batalhar,
nem o espectador escapou do Olhar.
Despedaçados, na peça calada,
onde Deus tudo enxerga e a todos sondou,
Também não perdoou nem a jornada,
não perdoou nem mesmo quem somente observou.
A trama se rompe para o ápice, o véu se desfaz,
e os cacos ferem agora quem lá se liquefaz.
Sob a luz divina que nem a tudo refaz,
não resta nem mesmo o espectador – e nem mesmo Deus com a peça se satisfaz.
Cai de novo o pano, mas agora no final, o silêncio é espesso e frio.
Cessam definitivamente o riso, o grito, o uivo, o urro, o ato, o ardor do espetáculo ordinario,
pois até o espectador lá está gélido de morto:
Deus tudo viu e nada aplaudiu, indignado Se levantou e a Graça a todos negou o alento.
(Mateus 7: 21-23)
Armando Luís Francisco
Jornalista e Corretor de Seguros
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