Vantagens dos benefícios flexíveis para o RH
*Por Priscila Fontanelli, Gerente de Gestão de Benefícios do iFood
As empresas que oferecem benefícios corporativos competitivos têm mais chances de atrair e reter talentos, melhorar o clima organizacional e aumentar a produtividade, o que já é um consenso no universo do trabalho. Porém, os benefícios flexíveis, uma demanda do atual colaborador, vieram para modificar um pouco esta percepção, apresentar alguns desafios e de certa forma, gerar muitas dúvidas sobre sua aplicação. No entanto, quando utilizado da maneira correta, pode ser uma ferramenta competitiva para as organizações.
Conforme pesquisa do MetLife, 73% dos colaboradores ficariam na empresa mais tempo se tivessem um pacote de benefícios melhor. Se entendermos melhor como sinônimo flexibilidade, e ‘mais adequado às necessidades individuais’ de cada funcionário, o modelo de benefícios flexíveis, passa a ser a nova tendência do mercado que permite atender as necessidades individuais de cada colaborador.
Por outro lado, com o auxílio da tecnologia, que automatiza todo o processo, algo que antes era extremamente complicado e trabalhoso, impensável para os gestores de RH, passa a ser percebido como uma novidade que está mudando a percepção dos profissionais no mundo corporativo.
Entender a evolução das relações de trabalho, pode auxiliá-los no desenho de novas estratégias de benefícios. No século 20 era importante reter talentos por meio de conexões “transacionais”, nas quais os contratos eram pautados na lealdade entre as partes, com salários, benefícios tradicionais e segurança entre as partes, sendo aplicada uma política de meritocracia subjetiva.
Já no passado recente, antes da pandemia, o foco dos vínculos trabalhistas era o engajamento e o trabalho era centrado no espaço no qual era realizado. Desenhado para criar boas experiências aos colaboradores, este se estendia ao salário e aos benefícios, ao incluir uma preocupação com a carreira dos funcionários.
Hoje, as empresas buscam restaurar o relacionamento com colaboradores, ao considerar a pessoa em sua totalidade, suprindo necessidades de bem-estar, propósito, promovendo a equidade e entendendo o impacto do trabalho na vida de cada um. Ainda muito ligadas aos aspectos do passado recente, as organizações querem oferecer experiências saudáveis em troca de um compromisso com a renovação da organização.
Mesmo que as companhias tenham em mente que com o suporte e apoio ao bem-estar, os funcionários irão retornar ao trabalho, este colaborador também não é mais o mesmo: ele tem necessidades e expectativas diferentes, além de buscar por novas motivações profissionais. É onde entram os benefícios flexíveis.
Para atendê-lo, é importante oferecer ao colaborador uma relação pautada no estilo de vida, em sua experiência dentro e fora das organizações. Neste contexto, o funcionário passa a fazer escolhas, conexões. Ao entender a vida das pessoas como um todo, é possível desenhar combinados de trabalho positivos mutuamente, com uma política de benefícios que inclua flexibilidade com uso da tecnologia.
É necessário oferecer outras formas de conceder os benefícios, diferente das tradicionais, que vão além de alimentação e refeição, plano odontológico, plano de saúde, seguro de vida, e outros considerados como benefícios seguráveis diante dos órgãos que representam o negócio. Trazer a opção de benefícios não-seguráveis para dentro do pacote do colaborador, permite que ele possa formatar um conjunto de benefícios atraentes para suas necessidades individuais de forma adaptável.
No modelo de Benefícios Flexíveis, a empresa pode oferecer opções adicionais que estejam aderentes ao estilo de vida dos seus colaboradores, como: idiomas, plano de viagens, cultura, farmácia, plano pet, mobilidade, reembolso flexível, entre outros.
Segurança jurídica
Porém, é importante ter em mente que o famoso “vale tudo” não existe. É de extrema relevância que as empresas possam contar com um parceiro confiável e que, de maneira consultiva, ofereça total segurança jurídica em conformidade com as leis locais.
A nova regulamentação do setor permitiu não só a entrada de novas empresas, o que gera mais concorrência e é benéfico para todo o ecossistema, mas também promoveu uma modernização do setor, que favorece em essência e tem foco total no colaborador.
O mesmo ocorre no mercado financeiro, que iniciou sua modernização com o open banking e está em evolução para o open economy, que é toda uma mentalidade para o setor. O Brasil é pioneiro neste tipo de inovação tecnológica, pautada em dados, e que confere poder ao usuário final, no caso do mercado de benefícios: o colaborador.
A modernização promoveu a aplicação da tecnologia e conferiu liberdade ao funcionário. No entanto, ainda é necessário conhecer a legislação para aplicar uma política de benefícios flexíveis que esteja em conformidade jurídica. O Programa de Alimentação ao Trabalhador, o PAT, gera as maiores questões, uma vez que a inscrição na iniciativa não é obrigatória e nem todas as empresas estão cadastradas ali. Isso não significa que a empresa não inscrita não possa oferecer o benefício alimentação ou refeição para seus colaboradores e desta forma, é importante entender primeiro esta questão internamente. O motivo é que o PAT não tem relação com a concessão dos demais benefícios, e por isso, é preciso realizar uma análise junto do jurídico interno para falar sobre as demais possibilidade quando tratamos de opção não seguráveis, mas que agregam muito valor ao poder de escolha do pacote de benefícios pelo colaborador.
Diante deste contexto, a busca por um parceiro de benefícios hoje é pautada por este novo olhar, dado que os benefícios corporativos tradicionais passaram a ser algo do passado e não atrativos. Desta forma, é necessário que, com a ajuda de um parceiro capacitado com viés moderno e tecnológico e que ofereça segurança jurídica, além de liberdade de escolha para o RH, as empresas possam olhar para as tendências e evoluir.
Então, as organizações passam a ter um olhar pautado por estas mudanças e utilizam destas novas tecnologias para estudar e analisar os dados, que por meio de algoritmos, auxiliam na tomada de decisões com velocidade, gerando impacto para a vida de empresas e satisfação na vida dos colaboradores.
Atualmente, oferecer aos colaboradores um pacote de benefícios atraente e flexível não é um diferencial; passou a ser requisito para se destacar no mercado, conquistar os melhores talentos e por consequência excelência em resultados, sejam operacionais ou financeiros.
*Priscila Fontanelli é Gerente de Gestão de Benefícios do iFood, já tendo atuado em empresas como Pepsico e Talenses, incluindo ainda outras empresas do mercado, consultoria e RH. Sua formação inclui pós-graduação em psicologia organizacional pela Faculdade Brasileira de Recursos Humanos - Hoyler e em gestão estratégica pelo Insper.
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