Confraternizações e redes sociais, uma combinação que merece cuidado
Especialistas alertam sobre perigo que expor o que não deve pode acarretar nas relações de trabalho
Dezembro é o mês das confraternizações, que ocorrem entre amigos, familiares e nas empresas. Pesquisa realizada nos Estados Unidos pela empresa de marketing OnePoll, em parceria com o site de planejamento social Evite, aponta que cerca de 75% das pessoas gostam da celebração pelo fato de poder socializar com os colegas de uma maneira menos formal. Contudo, o levantamento mostra também que um em cada três funcionários faz algo vergonhoso do qual irá se arrepender.
Na era digital, tudo que acontece nas confraternizações é comentado e postado nas redes sociais quase que instantaneamente. Dessa forma, muitas gafes, comentários indevidos e situações embaraçosas podem ser expostas. A psicóloga Soraya Oliveira, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, pontua que é preciso ter precauções com a postura nessas festas. “É recomendado ser comedido, ter bom senso, autocrítica, noção de limites, comportamentos e roupas adequados. Além disso, deve-se ter discrição nessas ocasiões, incluindo as postagens em redes sociais.”
A especialista alerta sobre os perigos de postagens inconvenientes. “Seja ético no que se refere ao respeito à imagem de colegas em redes sociais sem saber se o outro quer ser exposto por você nessas ocasiões. Muito cuidado com postagens de situações constrangedoras para você ou para qualquer um dos colegas que estiverem em sua companhia. Essas festas de confraternizações são a continuidade de seu ambiente de trabalho, então seja super ético e deixe uma ótima impressão. Tudo isso é relevante para seu trabalho e sua imagem construída nesse ambiente, onde sua postura é fundamental, podendo ser motivo de críticas ou elogios”.
Necessidade de exposição
Soraya Oliveira explica que a exposição nas redes sociais exige prudência e bom senso, principalmente em eventos ligados ao trabalho. “Algumas pessoas, em busca de aprovação ou autopromoção, podem acabar expondo pessoas que estão no mesmo evento e que não gostariam de serem expostas por razões diversas. Uma postagem sem autorização da imagem alheia pode acabar criando inimizades ou intrigas nas relações de trabalho por falta de ética, educação e bom senso. Atenção e coerência quando for jogar algo nas redes sociais, essa atitude pode falar muito da personalidade e da pessoa que está postando”.
A psicóloga destaca também outros pontos que merecem atenção nas chamadas confras. “Tenha autocontrole ao que se refere a bebidas alcoólicas, brincadeiras, tom de voz, cantadas em colegas do trabalho, assuntos desnecessários como falar mal de alguém ou dos chefes, paquerar pessoas comprometidas, ser deselegante como se não houvesse amanhã. As festas são bons momentos para o networking, fortalecer vínculos e rede de relacionamentos profissionais”, ressalta.
Posso me complicar?
O advogado Gabriel Fonseca, que integra o escritório Celso Cândido de Souza Advogados, explica que postagens e comportamentos nas confraternizações também podem trazer complicações. Por exemplo, ao postar uma foto ou vídeo, é aconselhável ter o consentimento de todos que estão na imagem. “O direito de imagem é algo inegociável. A pessoa deve autorizar ou, ao mínimo, consentir com alguma publicação, sob pena de dever de reparação cível e até mesmo cometimento de crime, em casos que envolvem situações obscenas”, alerta.
De uma forma geral, o especialista orienta a ter cuidado com tudo que for postado, em qualquer ambiente. “Por exemplo, algum xingamento proferido, seja por meio escrito ou vídeo, caracteriza o crime de injúria. Falar mal do chefe ou de algum colega de trabalho, ou publicar algo que denigra a imagem de alguém, pode caracterizar o delito de difamação. Deve-se ter muito cuidado com as ‘fofocas’ também. Passar informações falsas sobre alguém pode ser caracterizado como calúnia. E vale lembrar que todos esses crimes têm a pena agravada quando são feitos por meio de redes sociais”, ressalta.
Nas confraternizações de trabalho, Gabriel Fonseca destaca que deve-se ter cuidado redobrado. “A empresa pode estabelecer normas e condutas para eventos que promovam a seus empregados, se essas normas não forem devidamente cumpridas, pode ocorrer até uma dispensa por justa causa. Contudo, a coerência leva a entender que antes ocorra algum tipo de advertência”, afirma ele. “Lembre-se que para se divertir não precisa xingar ou falar mal de outra pessoa. Todas suas ações geram consequências e colocar a culpa na bebida não as exime delas”, completa o advogado.
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