Varejo nacional e os impactos de isentar os marketplaces do imposto de importação
*Por André Macedo
O cliente chega na loja, pergunta o valor de um produto, faz cara de espanto e diz que viu na internet pela metade do preço. Essa é uma cena cotidiana em diversas regiões do país e tem se intensificado pela capilaridade dos sites estrangeiros no Brasil. Mesmo com quilômetros de distância, os pedidos feitos em marketplaces como AliExpress, Shein e Shopee chegam a metade do custo fornecido pelos pequenos e médios comerciantes. Uma pesquisa realizada pela NielsenIQ|Ebit, que faz o monitoramento completo dos e-commerces, mostrou que no último ano o percentual de shoppers que fizeram compras em sites estrangeiros bateu recorde histórico: 72% dos brasileiros realizaram alguma aquisição, sendo o mais alto da série iniciada em 2013.
Segundo informações de relatório do banco de investimento BTG Pactual, publicado no ínicio do ano, só a Shein faturou mais de R$ 8 bilhões em vendas para brasileiros no ano passado, o que representa um valor superior de tudo que foi transacionado pelas cinco maiores varejistas brasileiras de moda juntas, de acordo com um mapeamento da gestora Aster Capital. E isso traz à tona duas problemáticas: a mão de obra barata em países que essas empresas atuam e o não respeito da legislação na hora da exportação dos produtos. Sendo essa última a real discussão que preciso trazer para analisarmos.
Recentemente, o governo determinou isentar os marketplaces do imposto de importação de 60% em remessas de até US$ 50, caso as plataformas atendam a condições do programa Remessa Conforme. A medida não foi bem vista entre os empresários das grandes varejistas e trouxe controvérsias, principalmente sobre a iniciativa ferir a isonomia tributária, punindo aqueles que cumprem suas obrigações fiscais, afetando empregos e causando o fechamento de lojas. Isso porque as companhias do país que não conseguem alcançar os preços praticados pelas concorrentes e que já vem sofrendo pelo cenário econômico começam a se limitar.
Para se qualificar nessa nova isenção, tanto as marcas quanto os comerciantes que vendem nos marketplaces devem cumprir as regras. E aqueles que violarem serão excluídos do programa por pelo menos quatro meses. O que é um respiro para os pequenos e médios negócios, mas não resolve a problemática.
Finalizo com a esperança de que possamos sair na frente dessa corrida, gerando empregos e renda para nosso povo. Precisamos, inclusive, investir cada vez mais em infraestrutura e rever a nossa carga tributária, porque só dessa forma conseguiremos competir verdadeiramente com o mercado estrangeiro. Com uma possível redução dos juros, pensamos em uma garantia para a retomada do setor e a economia brasileira como um todo.
*André Macedo é co-fundador e CEO da RediRedi, um multiplicador de vendas que integra marketplaces e gestão de estoques em um só lugar.
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