Seguro para o segmento de energias limpas ainda é um desafio, destaca AGCS
Altos custos dos projetos podem levar a uma maior procura pelo seguro, mas ainda existem muitos desafios para serem levados em conta, conforme análise da Allianz Global Corporate & Specialty. Transição energética brasileira está focando em fontes eólicas, fotovoltaicas e no hidrogênio verde
Começou, no Egito, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-27. E um dos temas que será largamente abordado são as fontes energéticas limpas, como eólicas (onshore e offshore) e fotovoltaicas, além do hidrogênio verde. Contudo, a viabilidade desse tipo de empreendimento, que são grandes projetos de engenharia, passa muitas vezes pelo seguro, conforme destaca a Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS).
“São projetos complexos que requerem grande capacidade técnica e de investimentos para serem implementados, o que pode levar a uma procura por um seguro específico para este tipo de projeto”, explica Patricia Marzullo, Diretora de Energia & Construção para América Latina na AGCS. “Entretanto, seguros para energia verde ainda enfrentam alguns desafios, como a rapidez do desenvolvimento tecnológico, viabilidades financeiras e logísticas, dentre outras, que precisam ser contempladas”, complementa Patricia.
Para exemplificar isso, basta ver o caso da energia eólica, que traz preocupações com relação à evolução da potência dos aerogeradores, além dos riscos intrínsecos da construção e operação dos parques eólicos. De acordo com a AGCS, nos últimos 20 meses, a operação de resseguro América Latina entrou, somente na região, em onze novos projetos de parques eólicos, oito estão com modelos diferentes de turbinas e cinco possuem novas tecnologias, consideradas protótipos, que ainda não possuem experiência em operação. Nos últimos 10 anos, a potência das máquinas onshore triplicou, passando de 2MW para 6MW, podendo o conjunto ter altura de mais de 250m.
Entre os pontos que merecem atenção estão, por exemplo, a preocupação com a reposição de equipamentos e planos de contingência, o que evita a parada do parque ou a diminuição na entrega de energia; planos de drenagem e fundações; exposição a riscos da natureza, principalmente nesta era de significativas mudanças climáticas; e o ambiente extremamente adverso como o marinho, sujeito a correntes marítimas, ventos e tempestades, para os parques eólicos offshore.
“Temos verificado no mercado que a substituição de um transformador de alta potência, peça crítica para os parques eólicos, pode demorar cerca de 20 a 24 meses e com isso impossibilitar o parque de escoar sua energia para a rede, por exemplo” afirma Patricia.
Contudo, a AGCS também destaca o desenvolvimento de outras novas tecnologias, como o caso do Hidrogênio Verde, que está sendo considerado o “óleo verde do século 21”. Internacionalmente, a tecnologia tem recebido investimentos, mas também está sendo um desafio para as seguradoras e resseguradoras, que estão buscando soluções de cobertura, uma vez que compreende riscos de produção, armazenamento e transporte.
Resseguro no setor de energia renovável
Os projetos que são colocados no mercado ressegurador são os maiores em termos de valores e complexidade, sendo muito superiores às capacidades financeiras das seguradoras.
Por isso, diversos critérios são adotados para a cobertura do resseguro, como equipamentos, fabricantes, condições locais, cadeia de suprimentos, custos da operação, por exemplo.
“Por sermos uma empresa global, temos o privilégio de acompanhar a evolução deste setor no mundo todo e acompanhar o desempenho de cada modelo e de cada máquina. Desta forma conseguimos acompanhar de perto as necessidades de nossos clientes, colocando nossos engenheiros experientes em discussões técnicas junto com os clientes a fim de mitigação de riscos e desenvolvimento de planos de contingências. Além de discussões muito proveitosas de qualidade de manutenção, discussões no âmbito preditivo são fundamentais”, complementa Patrícia.
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