Risco comportamental: um novo olhar para o gerenciamento de risco nas organizações
* Renato Santos
Cada vez mais, observamos organizações que apresentam problemas ligados a conflitos de interesse e outros riscos que prejudicam o espaço laboral e, consequentemente, a produtividade. Visando assegurar um melhor ambiente de trabalho, que respeite as normas estabelecidas e de conduta, o gerenciamento de riscos vem se tornando peça fundamental. A sua interferência não se limita aos processos falhos, mas também ao fator humano por trás de todo o processo.
Identificar, mapear, intervir e avaliar atitudes e comportamentos para que o bom andamento do trabalho não seja comprometido tornou- se uma preocupação constante para que as organizações mantenham a imagem e a reputação estáveis em um mercado exigente e competitivo.
O QUE É GESTÃO DE RISCO?
Chamamos de gestão de risco o conjunto de atitudes com a finalidade de evitar, identificar, avaliar, monitorar e controlar possíveis ameaças dentro do ambiente da empresa. É uma estratégia que engloba planejamento e trabalho de prevenção - de se antecipar a possíveis situações que podem trazer problemas para a organização.
O gerenciamento implica no uso dos recursos humanos para minimizar ou tratar os possíveis impactos negativos e prejuízos. A gestão estimula um comportamento mais dinâmico para que a empresa possa evitar e tratar com mais rapidez as incertezas que envolvem o comportamento e segurança. Para que o gerenciamento seja feito de forma assertiva, alguns pontos precisam ser observados, além de ser fundamental o acompanhamento por profissionais especializados.
O gerenciamento é de extrema importância porque promove segurança no ambiente de trabalho, evitando conflitos, fraude, corrupção, assédio, dentre outros. Promove um ambiente mais ético e preocupado com o bem-estar dos profissionais. Uma empresa que se preocupa com a redução das ameaças e dos impactos negativos considera que, independente do ramo de atividade que atua, sempre existirá risco comportamental. Pesquisa desenvolvida pelo IPRC Brasil – Índice PIR – apontou que em média 13% dos profissionais agem de forma antiética quando possuem oportunidade e cerca de 46% terão seu comportamento diretamente influenciado pelo meio em que estiver inserido quando exposto a dilemas éticos.
Assim, quando feito com eficiência, o gerenciamento evita a perda de receita e de funcionários, fraudes de colaboradores e de terceiros, multas e processos na justiça, problemas com a reputação e imagem da marca, acidentes de trabalho e outros.
QUAL O OBJETIVO?
O gerenciamento de riscos busca desenvolver opções e ações voltadas para o desenvolvimento organizacional, na medida em que se compromete a ampliar a possibilidade de um ambiente mais ético, respeitoso, seguro e cumpridor de seus deveres, mesmo no formato home office.
Dentre muitos objetivos, o gerenciamento busca garantir que os gestores estejam cientes dos riscos aos quais a organização está exposta, garantir o alcance dos objetivos da empresa através da prevenção e atuação de situações adversas e melhorar a performance e relacionamento dos profissionais.
O risco vem da possibilidade de desvio em relação ao que é esperado, ao que é correto e que deve ser cumprido. Pode ser uma circunstância, um evento ou uma condição futura. A origem pode ser de ordem operacional, comportamental ou financeira, e tão importante quanto reconhecer a origem é agir para inibir a continuidade de qualquer conduta negativa que prejudique a organização. Na maioria dos casos é necessário administrar e realizar intervenções que evitem a repetição no futuro.
QUAIS AS ETAPAS PARA O GERENCIAMENTO ASSERTIVO?
Para evitar esses impactos negativos, é preciso levar em consideração a probabilidade e a frequência em que os eventos podem ocorrer, bem como a gravidade de suas consequências. A análise é feita pelo gerenciamento, e para que ele ocorra de forma assertiva, é necessário observar alguns pontos.
IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS
O sucesso de uma empresa está ligado às estratégias desenvolvidas para o alcance dos seus objetivos, e por isso tudo o que interfere no sentido contrário precisa ser observado. Dessa forma, os fatores de riscos, já que podem comprometer o resultado esperado, devem ser identificados e classificados.
Os riscos são classificados em internos e externos. Os eventos internos estão vinculados ao quadro de colaboradores, aos processos falhos e à falta de conformidade. O seu mapeamento é importante porque traz informações para as intervenções estratégicas, independentemente de ser uma ameaça ou uma oportunidade.
Para identificar os riscos, é primordial o uso de técnicas eficientes para que os resultados do mapeamento sejam reais. Técnicas que envolvem entrevistas, checklists e análise de causa raiz são recursos bastante utilizados. Internamente, é possível envolver a equipe em reuniões participativas para que exponha questões que ajudem na identificação de riscos potenciais.
AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DE RISCOS
Dos riscos identificados, quais precisam ser tratados? E qual a prioridade para a tomada de providência? É na avaliação que acontecem essas definições. Avaliamos também o seu efeito potencial, e para isso consideramos a possibilidade da sua ocorrência e o impacto que poderá causar. Um mapa de avaliação de riscos privilegiando os riscos prováveis e que mais impactam a empresa é bastante indicado.
Para mensurar, os riscos são classificados como raríssimos, raros, eventuais, frequentes ou muito frequentes. Se falarmos sobre o impacto, classificamos como o de perda grave, perda alta, perda média, perda baixa e perda muito baixa. Através de análises qualitativas e quantitativas a probabilidade e impacto ganham dados.
ANÁLISES QUALITATIVA E QUANTITATIVA
A análise busca fazer um levantamento da probabilidade de ocorrência e as consequências geradas para a empresa. Pode também ser avaliada a urgência de intervenção, por exemplo. Além disso, é preciso encontrar profissionais que se responsabilizem em acompanhar e avaliar a situação de forma adequada para garantir que as ações implementadas sejam eficientes. Aqui, a probabilidade encontrada na etapa da avaliação ganha números. Se a possibilidade de ocorrer é rara, na análise isso é especificado em números.
A análise quantitativa significa acompanhar em números os impactos que os riscos podem provocar. Após priorizar os riscos na análise qualitativa, o uso de técnicas pertinentes pode informar quanto de perda a empresa terá se tal comportamento de risco não for inibido, por exemplo.
Pode informar também quanto tempo a empresa vai precisar para se recuperar caso um acontecimento de risco ocorra, ou até mesmo quanto pode perder em caso de alguma ação judicial proveniente do fator de risco detectado na análise qualitativa. A análise quantitativa pode não apresentar um valor exato, mas pode apresentar uma estimativa importante.
TRATAMENTO DOS RISCOS
Após identificar, avaliar e mensurar, chega o momento de tratar as ocorrências. Uma ou mais intervenções podem ser selecionadas e as estratégias vão depender da situação. Dentro do contexto de tratamento de riscos, temos o tratamento para evitar o risco, reter o risco, reduzir o risco, transferir o risco e explorar o risco.
Depois do que foi observado e decidido sobre a intenção da estratégia, são definidas as ações para que a empresa esteja preparada para agir em tempo hábil quando se defrontar com a ocorrência.
MONITORAMENTO DE RISCOS
No gerenciamento de riscos é indispensável o monitoramento tanto dos possíveis eventos, como também das ocorrências já finalizadas. O acompanhamento é importante para que as providências necessárias sejam realizadas e para evitar a repetição do episódio, além de garantir que todos os fatores de riscos estejam identificados e que terão a tratativa correta.
O monitoramento refere-se ao acompanhamento do risco, reconhecendo o momento correto para colocar em prática as ações planejadas. Também define se o retorno aos riscos está sendo satisfatório, se os riscos continuam da mesma forma ou até mesmo se surgiram novos. Além disso, verifica se os processos de gerenciamento de riscos foram cumpridos e se é necessário outras intervenções e estratégias.
O gerenciamento de riscos precisa ser uma medida estratégica adotada por todas as organizações que se preocupam com um ambiente de trabalho ético, íntegro, produtivo, seguro e cumpridor das práticas de boa conduta. Ele promove a satisfação e confiança de todos os profissionais e garante seguridade ao patrimônio. Para que seja efetivo e eficaz, empresas especializadas asseguram técnicas excelentes para o melhor resultado das organizações.
* Sócio da S2 Consultoria, empresa especializada em prevenir e tratar atos de fraude e assédio nas empresas, e diretor do IPRC Brasil (Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental).
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