Gestão de mudança para sair melhor da crise
Ronaldo Ferreira Junior, da agência um.a, fala sobre a importância das mudanças nas empresas
Tudo muda o tempo todo e parece que a cada dia as coisas mudam mais rápido. Prova disso é que somente 3 entre as 10 maiores empresas de 2010, continuam liderando o ranking 500 Global Brand Finance de 2020. Muitas perderam lugar e outras deixaram de existir porque não se adaptaram às mudanças. E por que isso acontece? Porque toda e qualquer mudança causa desconforto.
Mas, se existe certeza de que as mudanças são tão determinantes para o futuro, por que resistir tanto a mudar?
Mudar não é um processo natural para as empresas, e claro que também não é para seres humanos que tomam todas as decisões em nome delas. Estão configurados naturalmente para viver em zonas de conforto, economizando energia cerebral, seguindo padrões que poupam esforços para processar novas informações, como mostra, por exemplo, o livro O poder do hábito, de Charles Duhigg, entre tantos outros estudos.
Quando provocados a mudar, inicia-se um conflito interno entre a parte consciente da necessidade de mudança e a que quer evitar esforços extras, necessários ao processo de descoberta de algo novo. São programados para gostar dos caminhos mais curtos, dos trabalhos mais fáceis e das soluções mais rápidas.
A questão é que, independentemente da escolha, as mudanças acontecem. As pessoas estão presenciando modificações culturais, políticas, tecnológicas e organizacionais o tempo todo. E no mundo corporativo as mudanças seguem ditando as transformações, resultando em diferentes demandas, exigências profissionais e novas posições de trabalho. As pessoas proativas e mais preparadas para lidar com as mudanças saberão se encaixar. Já as mais acomodadas permanecerão agarradas aos atuais desafios, cargos e funções, que podem não existir mais a partir de amanhã.
E como pode promover essas mudanças? É preciso começar realinhando a organização e planejamento. É necessário aprender a pensar para onde está indo e como será o futuro que quer para se ter a visão e entender o que vale a pena mudar. Não se está falando de mudança caótica, aquele tipo que é obrigado a processar para sobreviver ao caos, mas fala-se de mudança planejada, daquele tipo que conversa com o desejo de sair da crise em uma condição melhor.
Quando se pensa no ambiente de trabalho, para se manter abertos às mudanças, é preciso entender que tem-se de reeducar o cérebro para que ele possa aproveitar outras capacidades, como a curiosidade e o ímpeto por novas descobertas. Talvez venha daí a criatividade humana. Por isso buscar tanto criar coisas que facilitam a vida, que reduzem o esforço de trabalho e possibilitam criar um ambiente melhor, onde pode usar o tempo para atividades prazerosas ou que permitam ampliar os conhecimentos e interações humanas.
Nas organizações, por exemplo, a mudança não é necessariamente o problema. O maior desafio é a dor que sente quando não consegue entender os motivos das mudanças que afetam, as finalidades, os impactos e principalmente o papel no processo. São invadidos por uma sensação de "perda do controle" que causa medo, insegurança e gera um senso defensivo, levando inclusive ao "boicote" de ações para que nada mude.
Ante o cenário dinâmico em que vive-se, se deseja inovar, é preciso se esforçar mais para enxergar oportunidades nas mudanças. E se pode fazer isso traçando relações de custo-benefício favorável e mensurando o esforço que vai empregar versus a tranquilidade e os ganhos que pode-se ter no futuro pessoal e profissional.
Se quiser ampliar a visão de oportunidades, é preciso antes se transformar em agente de mudança. Para isso é importante entender todo o processo percorrido para encurtar as distâncias e fazer a transição entre a mudança que acontece fora da gente, e como responde internamente a ela. Assim pode-se aproveitar o sentimento de insatisfação com o status quo e mudar as coisas a partir do papel na sociedade ou do próprio crescimento individual. Para quem tem o desejo de crescer, a mudança sempre traz oportunidades, pois gera reestruturação.
Todos passam por esse caminho, pois estão em curva de mudança o tempo todo. Mudança sempre é processo. Nunca deve ser encarada como um ponto de chegada estático e imutável. Portanto, se estiver predispostos às mudanças, há técnicas para avançar com menos desgaste. Exercitar a habilidade da empatia, bem como desenvolver ações voltadas à diversidade e inclusão das diferenças, são exemplos que garantem mudanças cotidianas, pois ocorrem através das pessoas e com foco nelas.
Outra dica importante além da disposição para mudar é ficar longe das pessoas resistentes e reacionárias. Quando a mudança ocorre, acontece uma exposição maior das pessoas acomodadas, que passam a ficar incomodas e, por isso, fazem críticas ativas ao processo. Isso contamina o ânimo das demais pessoas, as convidando a abandonar o novo e voltar ao conhecido, o que torna fundamental que o processo seja mapeado e devidamente acompanhado. Criar ações de sensibilização com grupos de pessoas com mais afinidade e abertura para os novos objetivos pode ser um bom passo para reduzir ou impedir ações contrárias às propostas de mudança.
Para terminar, mapear essa gestão revela que o medo é o estado emocional mais presente quando enfrentar uma situação de mudança; por este motivo, se quer facilitar a transformação, não deve-se gerar mais medo no processo. É preciso de ações que promovam um ambiente seguro, minimizando desconfianças e insatisfações por meio de diálogos e dados transparentes.
Assim, o papel da liderança inclusiva no processo de mudança mostra-se essencial. Um líder que dá voz aos liderados, cria times coesos e por isso encontra aliados em todos os níveis da organização. No mundo corporativo as mudanças ocorrem mais facilmente quando começam de cima para baixo e se realizam com sucesso quando são reforçadas por agentes de mudança que promovem a sustentação de baixo para cima.
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