Perdas e ganhos no mercado de seguros de Pernambuco
O mercado de seguros oscila entre o negativo e o positivo durante a pandemia do coronavírus. Por ser um setor facilmente adaptável ao trabalho remoto para manter os negócios funcionando, não sofreu com a mudança nas estruturas operacionais de um dia para o outro exigidas em tempos de isolamento social. Além disso, viu a demanda por seguros de vida e de saúde, por exemplo, aumentar rapidamente. Porém, em contrapartida, tem sentido os impactos na queda das vendas de veículos e, consequentemente, da procura por seguros de automóveis, onde se concentra o setor em Pernambuco. Os reflexos, nesta balança, tendem a ser negativos e projeções dão conta de uma queda entre 10% e 12% no setor de uma forma geral.
Segundo Ronaldo Dalcin, presidente do Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste (Sindsegnne), o cenário pernambucano hoje tem uma produção focada nos seguros veiculares. “Antes da pandemia, as vendas eram de três mil carros por mês e, em março, houve uma redução para 700. Isso afeta a indústria de seguros, um impacto a partir das vendas menores de carros”, explica. Porém, em contrapartida, por conta da instabilidade da situação atual, a procura por seguros de vida cresceu bastante. “Em abril deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2019, o ganho é de mais de 100% em algumas corretoras”, acrescenta. Outros dois tipos de proteção também tiveram um aumento na demanda. “Os seguros de saúde, por razões naturais, e o de cyber, que se tornou um amparo na ampliação substancial desse trânsito de situações via internet, aplicativos e do regime home office, tudo que aumenta o risco digital”.
Carlos Valle, da Valle Corretora de Seguros, afirma que os negócios da empresa conseguiram se manter, mesmo nos tempos de pandemia, principalmente por conta de renovações de contratos e da busca maior por produtos específicos. “Sentimos uma queda nos seguros de automóveis, mas as algumas seguradoras ampliaram o prazo para renovação mantendo o bônus. E vimos um aumento na demanda por seguro de vida e uma procura também pelo de saúde, mas mais discreta”, detalha, ressaltando a importância de estar assegurado mesmo em tempos de pandemia. “É importante manter alguns seguros, como o do automóvel. O carro fica parado por muito tempo e pode precisar de algum atendimento, além disso vai chegar o período de chuva e também, quem precisa sair de casa, está sujeito a acidentes. E muitos deles garantem assistência residencial. O seguro residencial também é importante em um momento que o uso da casa está mais intenso com a família nela”, reforça.
Coberturas
A pandemia do coronavírus também fez com que as seguradoras mudassem as coberturas dos contratos em alguns casos. “No caso dos seguros de vida, 24 companhias seguradoras deram cobertura para a pandemia para quem tinha contrato anterior à decretação dela, mesmo que o contrato excluísse a pandemia da cobertura. Mas, para quem vier a contratar novas apólices, todas têm carência, que variam de 30 a 90 dias. No caso dos planos de saúde, as duas maiores operadoras do mercado estão com carências normais, não houve alteração contratual com o advento da pandemia”, pontua Ronaldo Dalcin.
Por existir uma infinidade de coberturas e de os contratos variarem de acordo com cada seguradora, o papel do corretor é fundamental para encontrar uma proteção que se adeque ao desejo do cliente. “Cada seguradora tem uma carência e o corretor pode dar todas as características de cada uma. Conhecendo as necessidades e os limites de cada cliente, seja de custos, idade, moradia, dá para entender o que é melhor e que adeque melhor a ele”, conclui Carlos Valle.
Cinco pontos para ajudar na retomada de forma mais consistente
Mesmo que ainda não haja previsão de quando começará a haver uma flexibilização em relação às medidas restritivas impostas pela pandemia do coronavírus, as companhias seguradoras devem determinar os impactos provocados nos médio e longo prazos e pensar nas estratégias para o futuro para manter a competitividade no mercado. Levantamento da PwC revelou cinco pontos prioritários para a retomada e para ajudar o setor de seguros a sair da crise de forma mais consistente, independentemente da linha de negócios oferecida aos clientes.
O primeiro deles diz respeito ao realinhamento da estrutura de custos e o foco na produtividade, já que a maioria das seguradoras foi atrás de reduzir os custos desde a crise global de 2008, medidas que nem sempre trouxeram resultados positivos, segundo a PwC. A questão é certificar que economias de curto prazo não prejudiquem a capacidade de operar no futuro. Além disso, o segundo ponto mostra que o momento pede uma transformação digital e, apesar de a maioria das seguradoras já terem iniciado esse processo, a implantação de uma agenda digital vai tornar a empresa mais ágil.
Outra forma de se manter competitivo no pós-pandemia é criar novos fluxos de receita para crescer, já que a tendência é de um cenário de competição por uma parcela maior em um mercado eventualmente reduzido, assim como carteiras menores de clientes. O quarto ponto, segundo o levantamento, é preparar a força de trabalho para novas formas de processos e de trabalho., com funcionários com habilidades para a mudança digital, além de permitir um ambiente de aprendizagem constante. Por último, é importante reforçar a eficiência do capital e da marca.
Segundo Carlos Matta, sócio da PwC Brasil e líder do setor de seguros, com as perspectivas de uma recessão global, a possível recuperação da economia se torna mais difícil e as perspectivas de crescimento são menores. “É essencial atuar de forma rápida, correta e humanitária, demonstrando agilidade, empatia e habilidade em resolver as questões se colocando no lugar do outro, a fim de atrair novos clientes e fidelizar os antigos. Nesse novo mundo, um serviço lento, burocrático e impessoal não terá lugar”, ressalta.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>