FinTech Trends. Insurtech: a disrupção do negócio dos seguros
O setor segurador é dos que mais tem resistido à vaga de inovações tecnológicas que está a transformar a generalidade das atividades económicas. Temos assistido à modernização tecnológica dos serviços financeiros (“Fintech”), da agricultura (“Agrotech”), da saúde (“Healthtech”), da educação (“Edtech”) e de tantas outras indústrias e negócios. Mas não dos seguros (“Insurtech”). São escassas as iniciativas que impactam estruturalmente os alicerces deste negócio, tal como o conhecemos desde há algumas décadas.
Para a maioria dos clientes, as experiências que lhes são proporcionadas, desde a pré-compra, à forma como adquirem e pagam os seguros, como participam os seus sinistros, e ao serviço pós-venda, poucas alterações têm registado nos últimos anos.
Várias razões explicam a aparente lentidão com que os seguros estão a lidar com a sua modernização tecnológica.
Desde logo, os bons resultados que as seguradoras têm alcançado ao longo de muitos anos de atividade. A prioridade tem sido garantir a estabilidade dos cash-flows gerados pelos atuais modelos de negócio. A alternativa de apostar nas Insurtech surge, assim, como uma opção menos atrativa. Apesar de o retorno esperado destes projetos ser muito significativo, este é incerto e de longo prazo. Com a agravante de poder desestabilizar os equilíbrios entre os vários intervenientes na indústria.
A natureza fiduciária do negócio, que se reflete na cultura conservadora das próprias companhias, é outro constrangimento à inovação tecnológica. A reputação de solidez, segurança, estabilidade e previsibilidade das seguradoras é um fator crítico de sucesso. Mas é também um fator inibidor da tolerância aos erros. E os erros, com as aprendizagens daí resultantes, são imprescindíveis para os processos de inovação.
Este conjunto de circunstâncias, que tem justificado a reduzida prioridade atribuída à modernização tecnológica nos seguros está, rapidamente, a perder a sua racionalidade económica e social.
Estimam-se em mais de US$ 3 mil milhões os montantes investidos anualmente em iniciativas de Insurtech cujo objetivo é a transformação, mais ou menos disruptiva, do negócio. Mesmo que apenas uma parte destes investimentos venha a gerar empresas prósperas e competitivas, estas serão as suficientes para atrair os clientes que, reconhecendo a importância dos seguros, exigem um padrão de qualidade de serviço alinhado com o que outras empresas lhes proporcionam. Os ‘gigantes tecnológicos’, com quem os consumidores interagem várias vezes por dia, demonstram que é possível melhorar significativamente a qualidade das experiências dos clientes.
Importa clarificar que os seguros não são um negócio de venda de apólices ou de regularização de sinistros, mas de criação de “paz de espírito” aos clientes, em todos os momentos das suas vidas. E esta função, nobre e imprescindível, não está a ser integralmente desempenhada pela generalidade das seguradoras, apesar de já estarem disponíveis os meios e as ferramentas para o fazerem.
Um outro fator que irá muito rapidamente impulsionar o desenvolvimento tecnológico nos seguros é a ‘economia da partilha’. Trata-se da criação de soluções de negócio que respondem à crescente preferência dos clientes pela utilização dos bens, quando deles necessitam, sem terem que os possuir. Da parte da indústria seguradora, a resposta a este novo padrão comportamental tem sido bastante relativizada. As soluções de seguros atualmente disponíveis não são adequadas para uma eficaz salvaguarda dos riscos destes clientes. Assim, a inexistência de seguros desenhados para estas novas atividades pode tornar-se num fator de estrangulamento ao seu desenvolvimento. Razão por que várias Insurtech estão já a especializar-se na criação de soluções inovadoras para estes segmentos de mercado.
Por fim, existe ainda a pressão competitiva exercida pelas seguradoras que, isoladamente ou através de parcerias, apostaram nas Insurtech. Os ganhos de eficiência, flexibilidade, rapidez e rigor, gerados pelas novas tecnologias, são muito significativos.
Para não perderem a sua capacidade competitiva, não resta alternativa, a todas as seguradoras, a introduzirem a inteligência artificial, a internet das coisas, os processos analíticos e o blockchain nos seus processos e nas suas operações
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